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07/08/2000 - 11h43

Crítica: "No Limite" equivale a três dias no inferno

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TELMO MARTINO
da Folha de S.Paulo

Dois grupos de pessoas sofrem o sol numa quantidade de areia suficiente para ganhar o nome de deserto. Logo depois, essa gente grita o prazer ou o medo de tanta água. Tudo para acampar morto de fome, com alguma fruta para comer.

Que gente é essa? Sabe-se logo que o Brancaleone desse despautério é um rapaz chamado Zeca Camargo, de aparência certamente mais cuidada do que a dos homens e mulheres que reuniu para essa olimpíada dos miseráveis espiritualizados. Um grupo é do Sol. O outro é da Lua. Disputam uma mandala. E os cinco anos de admiração dos fãs do "Sai de Baixo" ganharam essa espera assim, sem mais nem menos?

Isso porque o programa invadiu o domingo da TV Globo, logo depois da maratona do "Fantástico", agora com assombrações ocasionais e sorridentes do Cid Moreira. Ele tem do que rir. Esse "No Limite" da força, fome, exaustão ou miséria só pode ser implicância com aqueles que vivem uma semana de televisão.

Depois de tantas novelas e também sofridas reportagens, um desfilar dominical de homens sem camisa e mulheres de short, com ou sem alguma coisa para mostrar. Alguns homens são sarados e se divertem com as várias idades e cinturas das mulheres que sonham em conquistar os quatro elementos da tal mandala.

É mais divertido quando a prova é uma duna gigante para escalar. Mas agora a prova é acender tochas como se uma loura estivesse dando festa em sua cobertura tropical. A equipe Lua ganhou as provas. A equipe Sol choraminga, negando a derrota. Já estamos no limite? Mais ou menos. Cada um escreve num pedaço de papel o nome daquele que deve ser eliminado. Entramos em clima de Agatha Christie. De repente não sobrará ninguém. Só o assassino. Perdão, o Zeca Camargo.

Muito cruel, a eliminação é na praia dos Anjos. Gordinha como um anjo pra lá de barroco, a eliminada é vista nos melhores e mais desastrosos momentos de sua atuação. No programa seguinte já estão todos sofrendo a prova da canoa maldita. Esse programa só pensa no limite dos outros. Nunca nas suas limitações. Uns nadam, outros remam. Tudo em direção a uma canoa furada. O grande trunfo é uma lata que recolherá a água invasora. Parece sermão daquele padre do James Joyce. Quando o pássaro puser a última pedra na montanha que construiu com o bico, terá passado um dia no inferno.

Troca o passarinho pela lata. Quando o barco estiver seco, terá acabado o programa "No Limite". Antes fosse. "No Limite" equivale a dois ou três dias no inferno. Já está na hora de escolher o expulso do dia. Por enquanto, discutem se leite é melhor do que coco na alimentação. Ao mesmo tempo, lêem-se as tiras de papel com o nome do expulso do novo domingo da praia dos Anjos. É o simpático preto Amendoim. Acordem o Afonso Arinos. No limite, todos vão dormir.

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