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08/11/2002 - 04h47

"Lara" aborda atriz-fetiche dos anos 60

SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

"Um filme para decifrar Odete, a atriz brasileira e me decifrar" é como a atriz Ana Maria Magalhães, 52, define "Lara", primeiro longa que dirige e que estréia hoje.

A cinebiografia de Odete Lara, 73, atriz-fetiche do cinema nacional nos anos 60, é baseada no livro de memórias "Eu Nua", publicado em 1975 e relançado este ano pela editora Rosa dos Tempos, na carona da conclusão do longa.

Odete Lara não quis participar da preparação do roteiro do filme. "Escrevi sobre essa parte da minha vida como uma catarse. É um período que já não me motiva mais a falar nele. Estou empenhada em outras fases. Essa é uma página virada. Expliquei isso a Ana, e ela compreendeu", disse Lara à Folha, por telefone, de seu sítio em Nova Friburgo (RJ).

Livro e filme relatam (com as distinções próprias de seus formatos) recordações de infância da atriz -como a do suicídio da mãe; sua adolescência em São Paulo; o suicídio do pai; os primeiros amantes; a mudança para o Rio e o início da carreira artística, na TV e no teatro.

O roteiro (de Magalhães e Rita Buzzar) condensou diversos personagens num só, suprimiu situações, fez um salto temporal e descreveu com uma alegoria o momento em que a atriz abraça o zen-budismo -experiência posterior a "Eu Nua" e motivo de outras publicações da autora.

"Sacrifiquei o zen-budismo, porque acho muito difícil filmar a epifania", diz Magalhães. A diretora conta que, durante muito tempo, "não tinha um final convincente para o filme". A solução encontrada, na já citada alegoria, tem a participação do diretor José Celso Martinez Corrêa, como "um homem simples e de muita compaixão", segundo Magalhães.

As adaptações do roteiro não incomodaram a biografada. "Como profissional de cinema, sei que, se dez diretores filmarem o mesmo livro, serão dez filmes diferentes. Um filme tem de ser estruturado de outra forma, exige mudanças na história. Não pode ser totalmente fiel ao livro", diz.

Quando "Lara" ficou pronto, Odete Lara pediu para assisti-lo numa sessão em que tivesse só a companhia da cineasta. "Achava que aquilo podia mobilizar muitas emoções em mim", conta a atriz. Não foi o que aconteceu.

"Eu me desidentifiquei do personagem. Não fiquei comovida e isso me deixou contente. Significa que os velhos fantasmas não têm mais poder. Foi um alívio. Torço para que Ana tenha sucesso, porque ela é uma guerreira como eu."

"Lara" envolve atualmente uma disputa na Justiça. A atriz Christine Fernandes, uma das intérpretes da protagonista, conseguiu impedir que Magalhães escalasse outra atriz para dublar sua voz em português, como pretendia a cineasta, que está recorrendo da decisão.
 

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