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13/11/2002
-
02h37
Para Bia Lessa, "Claro Explícito" é a continuidade em sua trajetória no teatro; isso porque não consegue mais definir o que seja o teatro. "A exposição também é um ato teatral", diz ela. "Eu talvez possa chamar isso de teatro, muito mais do que meu último espetáculo, "Casa de Boneca". Não sei mais o que é teatro."
E há também outras definições agora impossíveis para ela: "Hoje em dia, essas relações, que foram criadas para nos servir, não servem mais. A obra não precisa mais de palco. Não sei mais qual é minha profissão".
Por isso, ela experimenta e, nesse mais novo trabalho, divide. Para conceber a instalação, Lessa contou com uma equipe de consultores (entre eles o músico Jorge Mautner, o escritor Sérgio Sant'Anna e o arquiteto Paulo Mendes da Rocha) que, explica, foram decisivos para a realização da obra, fazendo com que defina a si mesma, em relação ao que o público poderá ver no Itaú Cultural, apenas como uma realizadora.
Assim, ela fala dessa experiência como algo decisivo, de tudo o que aprendeu na feitura de "Claro Explícito"; o mesmo conhecimento que pretende levar ao público. Coisas "espantosamente simples", ela diz muitas vezes.
"Talvez tenha sido, dos trabalhos que fiz na minha vida, o que mais mexeu comigo", diz Lessa. Ela fala dos problemas relacionados à distribuição de renda e de uma certa inércia em assumir questões como essas no cotidiano, nos dias de intensa rotina. Ela pensa sobre as dominantes regras de mercado.
"A regra do mercado é a regra do mundo. Não interessa mais o seu conhecimento, ele não vale nada porque o que interessa é o quanto ele vale no mercado", diz. "Isso é algo muito assustador. Quando você vê que uma moeda de um centavo custa nove para ser feita, começa a perceber que algo aconteceu, perdemos o contato com a realidade."
Essa situação faz de sua instalação um objeto criado em torno de um crescente pessimismo? A resposta é negativa, porque parece não haver muita opção.
"É um trabalho otimista; acho que o pior é ser pessimista. Não há saída. Entre um e outro, quero que a humanidade continue."
"Não sei mais o que é teatro", diz Bia Lessa
da Folha de S. PauloPara Bia Lessa, "Claro Explícito" é a continuidade em sua trajetória no teatro; isso porque não consegue mais definir o que seja o teatro. "A exposição também é um ato teatral", diz ela. "Eu talvez possa chamar isso de teatro, muito mais do que meu último espetáculo, "Casa de Boneca". Não sei mais o que é teatro."
E há também outras definições agora impossíveis para ela: "Hoje em dia, essas relações, que foram criadas para nos servir, não servem mais. A obra não precisa mais de palco. Não sei mais qual é minha profissão".
Por isso, ela experimenta e, nesse mais novo trabalho, divide. Para conceber a instalação, Lessa contou com uma equipe de consultores (entre eles o músico Jorge Mautner, o escritor Sérgio Sant'Anna e o arquiteto Paulo Mendes da Rocha) que, explica, foram decisivos para a realização da obra, fazendo com que defina a si mesma, em relação ao que o público poderá ver no Itaú Cultural, apenas como uma realizadora.
Assim, ela fala dessa experiência como algo decisivo, de tudo o que aprendeu na feitura de "Claro Explícito"; o mesmo conhecimento que pretende levar ao público. Coisas "espantosamente simples", ela diz muitas vezes.
"Talvez tenha sido, dos trabalhos que fiz na minha vida, o que mais mexeu comigo", diz Lessa. Ela fala dos problemas relacionados à distribuição de renda e de uma certa inércia em assumir questões como essas no cotidiano, nos dias de intensa rotina. Ela pensa sobre as dominantes regras de mercado.
"A regra do mercado é a regra do mundo. Não interessa mais o seu conhecimento, ele não vale nada porque o que interessa é o quanto ele vale no mercado", diz. "Isso é algo muito assustador. Quando você vê que uma moeda de um centavo custa nove para ser feita, começa a perceber que algo aconteceu, perdemos o contato com a realidade."
Essa situação faz de sua instalação um objeto criado em torno de um crescente pessimismo? A resposta é negativa, porque parece não haver muita opção.
"É um trabalho otimista; acho que o pior é ser pessimista. Não há saída. Entre um e outro, quero que a humanidade continue."
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