Publicidade
Publicidade
13/11/2002
-
05h19
da Folha de S. Paulo
No começo dos anos 20, vagava pelo hospício São João de Deus, em Salvador, uma mulher que dizia ser "a noiva de Castro Alves". A Leonídia Fraga, a alegada prometida do grande poeta baiano, morto 50 anos antes, olhavam como mais uma das Napoleão Bonapartes do recinto.
Décadas depois, alguns biógrafos do autor de "Navio Negreiro", como Pedro Calmon, começaram a dar algum crédito à sertaneja, que morrera em 1927, após 15 anos de manicômio. Mas Leonídia continuava nos cantos.
Até que a poeta, romancista e diretora da Fundação Casa de Jorge Amado, Myriam Fraga, fazendo uma pesquisa sobre Castro Alves, encontrou com o óbvio ululante. Havia algo grandioso nesse pedaço esquecido de história.
E é nessa toada que vai o livro "Leonídia, a Musa Infeliz do Poeta Castro Alves", que a pesquisadora está lançando.
Não é uma biografia, não é um romance, não é um ensaio. Fraga, sem parentescos com a personagem que abraça carinhosamente, toma o enredo para fazer o que chama, com propriedade, de "roteiro biográfico-sentimental".
O holofote não fica apenas em Leonídia. "Trabalho a tragédia romântica que existiu nessa breve relação, que tem todos ingredientes necessários para refazer o roteiro da volta de Castro Alves à Bahia para morrer", conta ela.
Fraga se refere aos dramáticos momentos finais do poeta. Com 22 anos, precocemente consagrado, ele interrompe dois anos pelo Rio de Janeiro e São Paulo e volta para a Bahia. Tuberculoso, com o pé amputado depois de acidente com espingarda e deprimido pelo abandono que sofrera da atriz portuguesa Eugênia Câmara (musa mais famosa), ele procura amparo na região de Curralinho, onde vivia sua família materna.
Nessa cidade, hoje chamada de Castro Alves, o poeta (1847-1871) encontra sua amiga de infância Leonídia. Mesmo com a pesquisa exaustiva que fez -e a fartura de documentações sobre o poeta e sua musa fugaz é atração do livro-, Myriam Fraga não encontrou sinais concretos de uma grande relação amorosa. Mas esse envolvimento dos dois gera ao menos poemas como "Os Perfumes", que Castro Alves dedica para a sertaneja, e um bom livro: "Leonídia, a Musa Infeliz do Poeta Castro Alves".
LEONÍDIA, A MUSA INFELIZ DO POETA CASTRO ALVES
Autora: Myriam Fraga
Editora: Casa de Palavras (274 págs., R$ 20, tel. 0/xx/71/321-0070)
Livro tira da sombra musa de Castro Alves
CASSIANO ELEK MACHADOda Folha de S. Paulo
No começo dos anos 20, vagava pelo hospício São João de Deus, em Salvador, uma mulher que dizia ser "a noiva de Castro Alves". A Leonídia Fraga, a alegada prometida do grande poeta baiano, morto 50 anos antes, olhavam como mais uma das Napoleão Bonapartes do recinto.
Décadas depois, alguns biógrafos do autor de "Navio Negreiro", como Pedro Calmon, começaram a dar algum crédito à sertaneja, que morrera em 1927, após 15 anos de manicômio. Mas Leonídia continuava nos cantos.
Até que a poeta, romancista e diretora da Fundação Casa de Jorge Amado, Myriam Fraga, fazendo uma pesquisa sobre Castro Alves, encontrou com o óbvio ululante. Havia algo grandioso nesse pedaço esquecido de história.
E é nessa toada que vai o livro "Leonídia, a Musa Infeliz do Poeta Castro Alves", que a pesquisadora está lançando.
Não é uma biografia, não é um romance, não é um ensaio. Fraga, sem parentescos com a personagem que abraça carinhosamente, toma o enredo para fazer o que chama, com propriedade, de "roteiro biográfico-sentimental".
O holofote não fica apenas em Leonídia. "Trabalho a tragédia romântica que existiu nessa breve relação, que tem todos ingredientes necessários para refazer o roteiro da volta de Castro Alves à Bahia para morrer", conta ela.
Fraga se refere aos dramáticos momentos finais do poeta. Com 22 anos, precocemente consagrado, ele interrompe dois anos pelo Rio de Janeiro e São Paulo e volta para a Bahia. Tuberculoso, com o pé amputado depois de acidente com espingarda e deprimido pelo abandono que sofrera da atriz portuguesa Eugênia Câmara (musa mais famosa), ele procura amparo na região de Curralinho, onde vivia sua família materna.
Nessa cidade, hoje chamada de Castro Alves, o poeta (1847-1871) encontra sua amiga de infância Leonídia. Mesmo com a pesquisa exaustiva que fez -e a fartura de documentações sobre o poeta e sua musa fugaz é atração do livro-, Myriam Fraga não encontrou sinais concretos de uma grande relação amorosa. Mas esse envolvimento dos dois gera ao menos poemas como "Os Perfumes", que Castro Alves dedica para a sertaneja, e um bom livro: "Leonídia, a Musa Infeliz do Poeta Castro Alves".
LEONÍDIA, A MUSA INFELIZ DO POETA CASTRO ALVES
Autora: Myriam Fraga
Editora: Casa de Palavras (274 págs., R$ 20, tel. 0/xx/71/321-0070)
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice