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14/11/2002 - 02h33

Álbum de estréia do Audioslave conserva o peso do RATM

DIEGO ASSIS
da Folha de S.Paulo

Acabou a espera. Desde que o ex-Soundgarden Chris Cornell anunciou, há dois anos, que iria substituir o vocalista Zack de la Rocha no Rage Against the Machine, a pergunta que não quer calar tem sido: onde é que isso vai dar? Mais rock e menos política.

Previsto para a próxima segunda-feira no Brasil, via Sony, o disco homônimo do Audioslave deve agradar aos fãs de RATM e Soundgarden e, de quebra, limpar o ouvido da geração de roqueiros que não teve o privilégio de acompanhar duas das mais respeitáveis bandas da década de 90.

"Minhas duas paixões são tocar guitarra e lutar por justiça social. No Audioslave eu só posso tocar guitarra, mas faço isso até o meu limite", falou à Folha, de Los Angeles, o guitarrista Tom Morello.

Folha - Black Sabbath e Led Zeppelin sempre foram referências para o Rage e para o Soundgarden. A parceria com Chris Cornell parece ter provado isso de vez...
Tom Morello -
Acho que o que o Audioslave tem em comum com o Led e o Sabbath são os riffs poderosos e os vocais melódicos, mas é aí também que a comparação acaba. As influências passam por Chemical Brothers, Portishead e Bob Dylan... com uma base massiva de guitarra, baixo e bateria para a gente se sentir em casa.

Folha - Em compensação não há nenhum indício de rap no Audioslave. Cansou?
Morello -
Não. Estou superantenado com o hip hop, mas esta é uma banda diferente. As pessoas têm que se acostumar com a idéia de que o Audioslave não é o Soundgarden nem o RATM.

Folha - Quando vocês conheceram o Chris Cornell?
Morello -
Foi no Lollapalooza de 1996. Soundgarden foi muito importante para mim. Junto com o Jane's Addiction e o Living Colour, mostrou que o hard rock poderia ser inteligente e ter a mesma integridade que o underground.

Folha - Houve rumores de que Cornell havia deixado a banda, que ainda se chamava Civillian, pouco antes do Ozzfest deste ano...
Morello -
Vou esclarecer vários rumores. Primeiro, a banda nunca se chamou Civillian, esse era um entre os vários nomes que estávamos considerando. E, sim, houve um período curto em que Chris deixou a banda, mas decidimos não tocar no Ozzfest porque não estávamos prontos e nossos empresários não se davam bem.

Folha - Então Cornell não saiu?
Morello -
Não, não. Nós temos um ensaio dentro de uma hora (risos). Somos uma banda, é real, vamos lançar outros álbuns, fazer turnê na América do Sul...

Folha - Passam pelo Brasil?
Morello -
Definitivamente. Esse é um dos meus maiores arrependimentos em toda a história do RATM, nunca fizemos turnê na América do Sul. E isso nós vamos corrigir com o Audioslave.

Folha - Qual sua opinião sobre a possibilidade de uma guerra dos EUA contra o Iraque?
Morello -
Nunca deixamos de estar em guerra com o Iraque. Os Estados Unidos bombardeiam regularmente as zonas de exclusão aérea e impõem um embargo econômico que causou a morte de pelo menos 1 milhão de civis nos últimos 11 anos. A guerra continua. Mas a idéia de que possa se intensificar no futuro próximo é imoral e desonesta. Bush tenta desviar a atenção das pessoas sobre o fato de que a nossa economia está indo privada abaixo. É um desafio à razão dizer que dominando economicamente e militarmente o Oriente Médio estaremos a salvo do terrorismo.

Folha - As letras agora têm menos política que as do Rage...
Morello -
Quisemos trabalhar com o Chris pois ele, além de um grande cantor, é um grande letrista. E a combinação de suas letras sombrias com a nossa música é uma das engrenagens do Audioslave. Politicamente, dedico-me a uma recém-formada ONG com Serj Tankian, do System of a Down, chamada Axis of Justice. A idéia é criar um espaço nos locais de shows para ajudar os jovens a se organizar por justiça social.
 

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