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15/11/2002
-
17h54
SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online
Além da beleza, o que há em comum entre a modelo brasileira Gisele Bündchen e ícones hollywoodianos como Elizabeth Taylor, Bette Davis, Audrey Hepburn, Judy Garland, Marlene Dietrich e Barbra Streisand?
Resposta: todas emprestaram sua imagem de glamour e modernidade para vender um casaco preto de pele "mink" (marta em português, mamífero do gênero Mustela, semelhante a uma lontra), da marca Blackglama. Por ano, só nos EUA, quase 3 milhões de minks são abatidos.
Na quinta-feira, enquanto desfilava para a marca de lingerie "Victoria's Secret", Gisele foi surpreendida por manifestantes que subiram na passarela com cartazes dizendo "Gisele: fur scum" [em português, algo como "Gisele, escória coberta de pele"].
O protesto não tinha a ver com a lingerie que a modelo vestia, mas com o mercado de peles ["fur", em inglês], alvo dos protestos promovidos pela Peta, uma ONG de defesa dos direitos dos animais. Um casaco mink chega a custar até US$ 250 mil.
Depois da modelo canadense Linda Evangelista, que se aposentou devido a um tumor no seio, Gisele foi a escolhida para a nova coleção da marca de casacos negros de mink Blackglama. Recebeu US$ 500 mil e mais dois casacos. Os executivos viram na brasileira os conceitos de "riqueza, luxúria e sofisticação dark" que as amantes de um vison dizem apreciar.
A marca pertence à American Legend, uma rede de criadores de mink, sediada em Seattle, com representantes em dez cidades pelo mundo, como Londres, Moscou, Tóquio, Milão e Amsterdã. A cooperativa existe há mais de 100 anos. Nasceu em 1898, aproveitando a necessidade de casacos contra o frio por aventureiros na corrida do ouro rumo ao Alasca. Hoje é dona de marcas como Lutetia e Lunaraine.
A exemplo da indústria de cigarros, o casaco de peles de uma animal em extinção é alvo constante de ataques pela ala politicamente correta.
Hoje a produção americana de peles de mink está em crise. O volume de abates cai 4% por ano. Movimenta cerca de US$ 90 milhões por ano, isto é, quase a metade do que ocorria no início dos anos 80.
O número de fazendas de mink também se reduziu. Em 2001, eram cerca de 320, a maioria localizada nos Estados de Wisconsin, Utah e Minnesota. No início dos anos 80, eram mais de 1.100 fazendas.
Na Europa, esse mercado também sofre restrições. Em 99, o governo do Reino Unido baixou uma lei banindo as criações de mink. Por ano, mais de 100 mil minks eram abatidos.
Nem todas as beldades do mundo se deixam seduzir pelos dólares do mercado de peles. Há os exemplos de Brigitte Bardot, Christy Turlington, Naomi Campbell e Kim Basinger, que se engajam em campanhas contra o uso de peles.
No Brasil, o Rio Grande do Sul, terra de Gisele, concentra metade da produção brasileira de peles para casacos. Mas por aqui, sai o mink e entra a chinchila, um pequeno roedor da região dos Andes.
Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Chinchila Lanígera, há cerca de 650 criadores em todo o país. Por ano só os gaúchos exportam mais de 10 mil unidades, algo em torno de US$ 350 mil. Canadá e EUA são os principais compradores. As peles são usadas em punhos, golas e barras de vestidos e casacos.
Veja fotos do desfile em NY
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Além da beleza, o que há em comum entre a modelo brasileira Gisele Bündchen e ícones hollywoodianos como Elizabeth Taylor, Bette Davis, Audrey Hepburn, Judy Garland, Marlene Dietrich e Barbra Streisand?
Resposta: todas emprestaram sua imagem de glamour e modernidade para vender um casaco preto de pele "mink" (marta em português, mamífero do gênero Mustela, semelhante a uma lontra), da marca Blackglama. Por ano, só nos EUA, quase 3 milhões de minks são abatidos.
Nhptv.org |
EUA matam 3 milhões de minks para fazer casaco |
Na quinta-feira, enquanto desfilava para a marca de lingerie "Victoria's Secret", Gisele foi surpreendida por manifestantes que subiram na passarela com cartazes dizendo "Gisele: fur scum" [em português, algo como "Gisele, escória coberta de pele"].
O protesto não tinha a ver com a lingerie que a modelo vestia, mas com o mercado de peles ["fur", em inglês], alvo dos protestos promovidos pela Peta, uma ONG de defesa dos direitos dos animais. Um casaco mink chega a custar até US$ 250 mil.
Depois da modelo canadense Linda Evangelista, que se aposentou devido a um tumor no seio, Gisele foi a escolhida para a nova coleção da marca de casacos negros de mink Blackglama. Recebeu US$ 500 mil e mais dois casacos. Os executivos viram na brasileira os conceitos de "riqueza, luxúria e sofisticação dark" que as amantes de um vison dizem apreciar.
Divulgação |
Gisele "vende" Blackglama |
A marca pertence à American Legend, uma rede de criadores de mink, sediada em Seattle, com representantes em dez cidades pelo mundo, como Londres, Moscou, Tóquio, Milão e Amsterdã. A cooperativa existe há mais de 100 anos. Nasceu em 1898, aproveitando a necessidade de casacos contra o frio por aventureiros na corrida do ouro rumo ao Alasca. Hoje é dona de marcas como Lutetia e Lunaraine.
A exemplo da indústria de cigarros, o casaco de peles de uma animal em extinção é alvo constante de ataques pela ala politicamente correta.
Hoje a produção americana de peles de mink está em crise. O volume de abates cai 4% por ano. Movimenta cerca de US$ 90 milhões por ano, isto é, quase a metade do que ocorria no início dos anos 80.
O número de fazendas de mink também se reduziu. Em 2001, eram cerca de 320, a maioria localizada nos Estados de Wisconsin, Utah e Minnesota. No início dos anos 80, eram mais de 1.100 fazendas.
Na Europa, esse mercado também sofre restrições. Em 99, o governo do Reino Unido baixou uma lei banindo as criações de mink. Por ano, mais de 100 mil minks eram abatidos.
Nem todas as beldades do mundo se deixam seduzir pelos dólares do mercado de peles. Há os exemplos de Brigitte Bardot, Christy Turlington, Naomi Campbell e Kim Basinger, que se engajam em campanhas contra o uso de peles.
No Brasil, o Rio Grande do Sul, terra de Gisele, concentra metade da produção brasileira de peles para casacos. Mas por aqui, sai o mink e entra a chinchila, um pequeno roedor da região dos Andes.
Greg Salibian/Folha Imagem |
Brasil abate chinchila e exporta pele |
Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Chinchila Lanígera, há cerca de 650 criadores em todo o país. Por ano só os gaúchos exportam mais de 10 mil unidades, algo em torno de US$ 350 mil. Canadá e EUA são os principais compradores. As peles são usadas em punhos, golas e barras de vestidos e casacos.
Veja fotos do desfile em NY
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