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08/08/2000 - 02h57

Crítica: Disco é Racionais MCs cantado pelo Beavis

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LÚCIO RIBEIRO, da Folha de S.Paulo

É bom você saber, chegou às lojas de disco em versão nacional o recém-lançado CD do sujeito que é a encarnação mais bem acabada de Beavis ou Butt-Head ou Cartman South Park.

Só que, diferentemente dos cartoons, Eminem tem muito pouco de engraçado, desbocado, bem-humorado, como se presume ouvindo apenas a faixa "The Real Slim Shady", o hit do novo álbum.

Ou mesmo como deu pinta seu segundo, "The Slim Shady LP" (99), o primeiro por uma major, quando Eminem era considerado um "Vanilla Ice com qualidade".

Rapper branco na vizinhança negra do rap americano, Eminem é o cara mais quente do rap desde "The Slim Shady LP", com o qual chegou ao mainstream dizendo: "Oi, meu nome é Eminem".

Mas, a julgar pela presença deste "The Marshall Mathers LP" na "Billboard", paradas inglesas, revistas de música, MTV e as "últimas notícias" da Internet, Eminem (ou Slim Shady ou Marshall Mathers) é o sujeito mais quente da música pop neste ano.

Ao levar "The Marshall Mathers LP" para casa, além de carregar o disco de hip hop que vendeu mais cópias em pouco tempo na história, você estará de posse do caldo mais saboroso a sair do ensopado de estilos que
é a música negra americana produzida nas ruas.

"The Marshall Mathers LP" emana por quase todas as suas 18 faixas um hip hop, rap, funk, trip hop, soul etc. de extrema qualidade, digna de sua tradição de herdeiro de Notorious B.I.G. e de afilhado de Dr. Dre, seu "descobridor" e produtor do disco.

O negócio é que esse som de primeira serve para embalar contos de ódio e violência contra sua mãe, sua mulher, seus amigos, homossexualismo, rap, pop, rádios, governo, Deus, ele mesmo.

A precisão rítmica de sua poesia das ruas faz de Eminem um parente bastardo de Mano Brown. O "clima" por trás da música lembra o mítico "Sobrevivendo no Inferno", dos Racionais MCs. Sim, Detroit parece por uma hora, um bairro da periferia de SP.

Eminem é vida real. A polícia de Detroit tem em seus registros uma briga do rapper com sua mulher, Kim, após tê-la encontrado aos beijos com outro cara.

Seu CD apresenta "Kim", um trip hop com refrão e tudo sobre a briga. Na canção, ele tortura e depois assassina a mulher.

Corte para a realidade. No mês passado, Kim deu entrada em um hospital, decorrência de uma suposta tentativa de suicídio (cortou os pulsos). Amigas teriam ouvido ela dizer que estaria fazendo isso antes de o marido fazê-lo.

Talvez a melhor canção do álbum seja "Stan", um belo soul que mixa o rap de Eminem com o belo vocal de uma convidada, a cantora Dido. É a mais leve (mais ou menos) história cantada por Eminem no disco, uma das inúmeras cartas que ele escreve para um amigo que não responde.

Para quem é brasileiro e aprecia bom discos de rap, "The Marshall Mathers LP" leva uma vantagem sobre "Sobrevivendo no Inferno". Em muitos casos, dá para ouvir alto, em casa, sem escandalizar mãe e pai, já que suas histórias não estão em português, claro.

CD:The Marshall Mathers LP
Artista: Eminem
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 20, em média

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