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18/11/2002
-
04h59
Há alguma herança positiva do regime militar na cinematografia brasileira? Qual é a relação dele com o antigo estigma "filme brasileiro é ruim"? A mostra "Cinema de Repressão", que começa hoje no Canal Brasil, traz uma série de filmes que retratam o período e um "Em Foco" especial.
O programa, que é exibido hoje às 20h, traz depoimentos de cineastas como Carlos Diegues, Roberto Farias, Sylvio Back e a pesquisadora Leonor Souza Pinto, que falam sobre as dificuldades (e quase eliminação) da criação de um projeto de cinema brasileiro no período que vai de 1964 a 1988.
"A ditadura frustrou os artistas da minha geração e liquidou a geração seguinte", resume Carlos Diegues no especial.
Seu filme "Quando o Carnaval Chegar" (1972), por exemplo, demorou para ser liberado pela censura porque trazia nomes como Chico Buarque, Nara Leão e Maria Bethânia no elenco. "Os censores sabiam que eles tinham uma postura contrária à ditadura."
Diegues aponta o período como responsável pela criação de uma nova forma de expressão. "Ou íamos presos ou íamos para o exterior ou usávamos metáforas. Transformamos a opressão em uma forma de linguagem."
É a partir desse momento que o cinema nacional muda de rota e adota linguagens mais rebuscadas. "Macunaíma" (69) é exemplar dessa estética. "Até que ponto isso afastou o público do cinema?", questiona Sylvio Back.
O cinema engajado (e perseguido) dos anos da censura perdia espaço para pornochanchadas e a invasão dos filmes americanos.
O cineasta Roberto Faria relembra a mobilização da mídia, na época, causada pelo seu filme "Pra Frente Brasil" (1983), exibido hoje no canal após o especial. "Senti na pele o que é fazer um filme contra a ditadura em plena ditadura", diz. A produção foi, então, colocada na "geladeira".
Faria conta que, liberado, "Pra Frente Brasil" teve cerca de 1 milhão de espectadores. "Era uma vontade de respirar fundo." No ciclo ainda estão "O Desafio", "Terra em Transe", "O País dos Tenentes", "Alma Corsária", "Lamarca" e "O que É Isso Companheiro?".
EM FOCO: CINEMA DE REPRESSÃO Quando: hoje, às 20h no Canal Brasil.
Mostra na TV retrata produção no regime militar
da Folha de S. PauloHá alguma herança positiva do regime militar na cinematografia brasileira? Qual é a relação dele com o antigo estigma "filme brasileiro é ruim"? A mostra "Cinema de Repressão", que começa hoje no Canal Brasil, traz uma série de filmes que retratam o período e um "Em Foco" especial.
O programa, que é exibido hoje às 20h, traz depoimentos de cineastas como Carlos Diegues, Roberto Farias, Sylvio Back e a pesquisadora Leonor Souza Pinto, que falam sobre as dificuldades (e quase eliminação) da criação de um projeto de cinema brasileiro no período que vai de 1964 a 1988.
"A ditadura frustrou os artistas da minha geração e liquidou a geração seguinte", resume Carlos Diegues no especial.
Seu filme "Quando o Carnaval Chegar" (1972), por exemplo, demorou para ser liberado pela censura porque trazia nomes como Chico Buarque, Nara Leão e Maria Bethânia no elenco. "Os censores sabiam que eles tinham uma postura contrária à ditadura."
Diegues aponta o período como responsável pela criação de uma nova forma de expressão. "Ou íamos presos ou íamos para o exterior ou usávamos metáforas. Transformamos a opressão em uma forma de linguagem."
É a partir desse momento que o cinema nacional muda de rota e adota linguagens mais rebuscadas. "Macunaíma" (69) é exemplar dessa estética. "Até que ponto isso afastou o público do cinema?", questiona Sylvio Back.
O cinema engajado (e perseguido) dos anos da censura perdia espaço para pornochanchadas e a invasão dos filmes americanos.
O cineasta Roberto Faria relembra a mobilização da mídia, na época, causada pelo seu filme "Pra Frente Brasil" (1983), exibido hoje no canal após o especial. "Senti na pele o que é fazer um filme contra a ditadura em plena ditadura", diz. A produção foi, então, colocada na "geladeira".
Faria conta que, liberado, "Pra Frente Brasil" teve cerca de 1 milhão de espectadores. "Era uma vontade de respirar fundo." No ciclo ainda estão "O Desafio", "Terra em Transe", "O País dos Tenentes", "Alma Corsária", "Lamarca" e "O que É Isso Companheiro?".
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