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18/11/2002 - 04h02

Rush cumpre promessa e aporta no país com turnê de "Vapor Trails"

SHIN OLIVA SUZUKI
da Folha de S. Paulo

"Eu já ouvi tudo isso antes/ Mostre-me, não fale." Assim era invocado pelos fãs do trio canadense Rush o refrão da música "Show Don't Tell" a cada promessa de apresentação no Brasil vinda de um de seus integrantes.

Mas a banda, na ativa há quase 35 anos, resolveu enfim atender aos clamores de seu público e toca nesta quarta em Porto Alegre, sexta em São Paulo e sábado no Rio.

Mesmo nos primeiros lugares de pesquisas sobre os shows mais desejados no país, o fato é que o grupo de Geddy Lee (baixo/vocais/teclados), Alex Lifeson (guitarra) e Neil Peart (bateria) é, em geral, julgado por opiniões extremadas. Uns os têm como máximos instrumentistas do rock, outros, como espécime de dinossauro intragável e pretensioso do gênero. Os menos engajados reconhecem o Rush com um "não são os que tocam a música do MacGyver?", tateando a canção "Tom Sawyer" como tema do seriado oitentista "Profissão: Perigo".

"Acho que nós somos amados e odiados. Mexemos com emoções de todas as pessoas. [O Rush é" bom, ruim e diferente", resume Geddy Lee, 49, dono da voz que logo distingue as composições do trio, em entrevista à Folha.

Os três chegam ao país durante a turnê de "Vapor Trails", álbum que finalizou um período forçado de hibernação dos canadenses. "É um disco sobre voltar à vida", afirma o vocalista. Lee se refere a acontecimentos recentes da vida pessoal do colega Neil Peart. Em 1997, o baterista e letrista do trio perdeu a filha Selena em um acidente de carro. Dez meses depois, ainda se recuperando do baque, Peart vê a mulher, Jackie, morrer em decorrência de um câncer.

Peart buscou a estrada como alento e percorreu 90 mil quilômetros nos 14 meses seguintes viajando em uma moto BMW. Foi de Québec ao Alasca, passando pela Costa Oeste americana, México e Belize. A experiência inspirou o livro "Ghost Rider -°Travels on the Healing Road" e várias das letras do recente disco.

O calvário de Peart, um dos bateristas mais respeitados do mundo, colocou em dúvida o futuro do Rush. "Cheguei a achar que seria bem possível que ele não tivesse mais forças para tocar novamente", afirmou o vocalista.

Passado o período de turbulência, os temores não se confirmaram e logo o grupo voltaria não só às turnês, como passaria por lugares nunca visitados no passado.

Lee ainda não sabe o que esperar do Brasil. Leu as notícias sobre a vitória de um presidente de esquerda nas últimas eleições. "Parece ser um momento muito excitante para o país."

Afirmação que aparentemente não combina com uma banda que nos anos 70 tinha como símbolo um homem lutando contra uma estrela vermelha e era influenciada pelas idéias da escritora anticomunista Ayn Rand (1905-82), expostas em canções como "Anthem", do disco "Fly by Night" (75). "Não somos de direita, mas também não somos de esquerda. Nossas idéias estão mais relacionadas a temas filosóficos do que à política", explica Lee.

De qualquer forma, as apresentações brasileiras não devem servir de palco para tonalidades políticas, e sim para os clássicos desovados pelos canadenses em 21 discos e respondidos por mais de 35 milhões de cópias vendidas durante toda a carreira. "O set list que temos tocado na turnê vai mudar um pouquinho. Vamos tocar um longo show, cerca de três horas com músicas de todas as fases da banda. Eu acredito que todos ficarão satisfeitos com ao que vão assistir."

Se bem que "todos" ainda é uma palavra estranha ao vocabulário do Rush. Mas um dissenso quanto ao show provavelmente não abalaria a confiança dos três músicos. "Nós podemos viver com isso", diz Lee em relação à condição ame-ou-odeie da banda.

  • RUSH. Apresentações no Brasil em Porto Alegre, estádio Olímpico (quarta); São Paulo, estádio do Morumbi (sexta); Rio, estádio do Maracanã (sábado). Inform. sobre ingressos: São Paulo, 0/xx/11/ 6846-6000; Rio e Porto Alegre, 0300-789-6846. www.ticketmaster.com.br.

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