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22/11/2002 - 04h13

Melhores da noite paulistana são premiados no Teatro Municipal

MARCELO RUBENS PAIVA
articulista da Folha

O engenheiro Francisco de Paula Ramos de Azevedo, que planejou e construiu o Theatro Municipal, entre 1904 e 1911, não estranharia, se estivesse vivo.

O evento, que comemorou os dez anos da "Noite Ilustrada" anteontem, premiou os melhores da noite paulistana e teve os contornos de uma ópera bufa. A diferença foi que muitos personagens não se restringiram ao palco, mas, como nos sonhos de Brecht, espalharam-se pela platéia.
Esse é o tom dos que fazem da noite um acontecimento: o público se cansou de ser platéia. Todos, agora, podem ser artistas. No hall do Municipal, ao lado da escultura "Diana", de Victor Brecheret, uma enorme drag queen careca tinha escrito na nuca: "My ass!".

Uma drag prateada desceu as escadas do teatro ao som de uma vaquejada. Apitos anunciaram o começo da festa. Quatro drags iradas do clube Level abriram a premiação sobre uma passarela flutuante, dublando, dançando.

O prêmio vai para profissionais da noite, da moda e da cultura eletrônica. Cansados de serem chamados de colonizados, a grande atração da noite anunciou que se busca a antropofagia: Noite Ilustrada, 74, sambista das antigas, numa elegância de causar inveja, cantou "Volta por Cima", um ícone dos anos de chumbo, acompanhado pelo DJ Mau Mau.

A festa antropofágica parecia uma extensão dos conclames da Semana de 22: a vanguarda assimilada pelo simplismo brasileiro. O mago Alexandre Herchcovitch apresentou um desfile preto no branco, com peças iguais às do início da sua carreira.

Numa frisa, o DJ Jackson Araújo pontuou a cerimônia. Elza Soares apareceu para entregar um prêmio e se lembrar de Zumbi.

A drag Bianca Exótica não deixou por menos: "Vim aqui diretamente do Jockey". Oswald de Andrade teria adorado este comentário. E Tarsila do Amaral teria associado: "Bem que minha Abaporu tem a pose de uma drag nua?".

A coluna "Noite Ilustrada", de Erika Palomino, começou polêmica. Havia muito desdém contra uma cultura club importada de Londres. O mundinho, que nasceu underground, no Madame Satã, atravessou o Nation e chacoalhou o Massivo, logo virou um mundão.


 

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