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22/11/2002 - 05h52

Recorde de público na Argentina, "O Filho da Noiva" estréia hoje

SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

No espaço de quase dois anos que separam a conclusão do longa-metragem argentino "O Filho da Noiva" e sua estréia, hoje, no Brasil, o título do cineasta Juan José Campanella fez uma extensa carreira.

Foi recorde de público em seu país, obteve uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro (que foi vencido pelo bósnio "Terra de Ninguém", de Danis Tanovic) e diversos prêmios internacionais (inclusive os de melhor filme no Festival de Gramado e melhor filme estrangeiro na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, sempre pela escolha popular).

"O tema que nos propusemos a encarar nesse filme foi o da permanência do amor e suas diferentes encarnações ao longo do tempo. E também a busca da família. Na verdade, quisemos mostrar nossos sonhos, desejos e obsessões de maneira original, elegante e honesta. Nunca pensamos que seria um filme tão emocionante", diz o diretor.

Campanella, 43, usa o plural quando fala sobre "O Filho da Noiva" porque divide seus méritos com uma equipe que tem, entre outros, o co-roteirista Fernando Castets e os atores Hector Alterio, Norma Aleandro e Ricardo Darín como a trinca de protagonistas.

Humor
Castets consegue inserir humor e evitar o tom piegas na história de um homem (Darín) que, às portas da meia-idade, é surpreendido por uma crise financeira e um infarto, revê seu modo de vida e decide ajudar o pai (Alterio) a realizar uma cerimônia religiosa de casamento com a própria mulher (Aleandro), que sofre de Alzheimer.

Campanella acha que, "num roteiro em que diálogos e algumas situações são potencialmente cômicos, a tentação a que os intérpretes devem resistir é justamente a de bancar o engraçado. É preciso atuar de acordo com a realidade da situação".

O desempenho de Darín, conhecido do público brasileiro como o bandido de "Nove Rainhas", fez dele uma celebridade na Argentina e um ator valorizado na Espanha.

Os veteranos Alterio e Aleandro reafirmaram o prestígio de expoentes nacionais.

Mesmo morando em Nova York, onde filma atualmente um episódio do seriado televisivo "Law and Order", o cineasta Campanella prefere dizer que vive na Argentina.

"Vou aonde o trabalho me leva, mas, se definimos nossa residência como o lugar em que estamos quando descansamos, então esse lugar, para mim, é Buenos Aires", afirma.

Mais precisamente, o boêmio bairro de San Telmo, onde o diretor comprou e reformou uma casa este ano.

"A cada dia que passa, amo mais a Argentina. E quanto mais problemas tem o país, mais me sinto enrabichado por ele."

Oásis
É em Buenos Aires que o cineasta pretende filmar, no ano que vem, seu próximo longa, "Lua de Avellaneda". "Trata da história de alguns personagens num clube social e esportivo de bairro."

Entusiasta do trabalho de novos diretores portenhos como Adrian Caetano ("Un Oso Rojo"), Pablo Trapero ("El Bonaerense") e Lucrecia Martel ("La Ciénaga"), Campanella diz esperar que a recente valorização da produção argentina não seja uma "moda".

"Prefiro achar que é uma efervescência causada pela qualidade. De qualquer maneira, enquanto não dermos o próximo passo, que é interessar ao público dos outros países, o que temos será simplesmente um oásis, um respiro, um recreio", afirma.

O cineasta acha que o fato de "O Filho da Noiva" ter sido indicado ao Oscar no ano passado "é completamente irrelevante" para o candidato apresentado pelo país este ano -"Kamchatka", de Marcelo Piñeyro, que traz novamente Hector Alterio e Ricardo Darín em papéis de pai e filho.
 

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