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09/08/2000 - 03h58

"Crazy Horse": Morfologicamente equilibradas revelam arte do cabaré

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MARCELO RUBENS PAIVA, da Folha de S.Paulo

No negócio do espetáculo, cabe de tudo. São Paulo tem a força ("for$$a") de acolher peças de Gerald Thomas, Marisa Monte, musicais da Broadway -"Les Misérables" estréia em outubro-, um sem-número de concertos, mostras de cinema etc.

Havia um gênero ignorado, mas tudo mudou. Aquele espetáculo em que umas minas seminuas dão chutes ao ar, inspirado no cancã, estréia hoje, no Tom Brasil.

O cancã começou a ficar popular na França, em 1840. O nome é derivado de "cancan", escândalo.

"Crazy Horse" é o cabaré que vem de Paris trazendo garotas que, apesar de multiétnicas, há russas, francesas e uma africana, têm medidas iguais e usam perucas que as dissimulam num só patrimônio genético.

Não se trata só do velho striptease. Os produtores o chamam de "l'art du nu" (a arte do nu). Os corpos esculturais das 14 dançarinas, de codinomes dados pela direção, como Pussy Duty Free e Loulou Looping dividem o palco, por quase duas horas, com um mágico e dois comediantes.

Dividem, vírgula. Eles entram por um lado, elas, por outro. Mal se cruzam no palco ou fora dele. Uma vigilância intensa resguarda a moral e os bons costumes. Seu nome: Polly, uma ex-dançarina que as vigia de perto, fala por elas e coloca em prática a dura rotina.

Não tem moleza. Elas têm de medir entre 1,65 m e 1,74 m. Têm de dançar bem, ter uma "bonita postura" e adquirir técnicas do balé clássico. Ao todo, são 30 dançarinas que se revezam entre o espetáculo diário de Paris e a turnê. A idade varia entre 20 e 25 anos.

Um contrato estabelece o corte, a cor do cabelo e o peso. Dois quilos mais gorda ou mais magra, a mina vai para a geladeira.

Todos os domingos, é feita a checagem. Atenção, brasileiras: o silicone é proibido. "Elas precisam ser morfologicamente equilibradas", definiu Polly, em entrevista realizada em São Paulo.

Um ensaio semanal é obrigatório. Em Paris, há espetáculos duas vezes ao dia -aos sábados são três. Elas estão proibidas de posar para revistas masculinas e, atenção, brasileiros, não têm a permissão de estabelecer um contato tête-à-tête com espectadores. Elas vão do palco para o ônibus, do ônibus para o hotel, sob o comando da SS, digo, da veterana Polly.

Fundado em 1951 por Alain Bernardin, o espetáculo já foi visto por mais de 5 milhões de pessoas.

"Não é nosso objetivo arrecadar mulheres de diversos países ou raças. Elas são, sim, mulheres-objeto, em um espetáculo que quer mostrar qualidade e apelar para a imaginação", defendeu Polly.

"As feministas não chiaram?", perguntei. "Não pensamos em política, religião", disse Polly.

"A música é original, tocada em playback. Tem até um número em que só
aparecem nossas pernas. Vocês vão esquecer que estamos nuas, por causa da luz", disse a dançarina City, 27, a única que fala do grupo, sob risos da platéia de jornalistas. Sei...

Espetáculo: Crazy Horse
Quando: estréia hoje, às 23h15; de qui. a sáb., às 23h15; dom. às 22h15
Quanto: de R$ 40 a R$ 120
Onde: Tom Brasil (r. Olimpíadas, 66, tel. 0/xx/11/3842-7257)

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