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09/08/2000
-
04h00
VALMIR SANTOS, da Folha de S.Paulo
Dulcinéia, a musa que o anti-herói dom Quixote persegue desesperadamente em suas aventuras, sem sucesso, torna-se o centro das atenções em "Farsa Quixotesca", projeto que une o grupo Pia Fraus e o ator, diretor e
dramaturgo Hugo Possolo (Parlapatões, Patifes e Paspalhões).
A adaptação de Possolo se passa em um manicômio. O objeto de amor na fantasia do cavaleiro andante surge "em carne e osso" para provar sua existência (a dela).
Com produção do Teatro Popular do Sesi, em São Paulo, o espetáculo estréia no próximo dia 17 e marca a temporada incidental de releituras quixotescas na cidade.
O romance do espanhol Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616) -"O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha"- também ganha atenção do ator Carlos Moreno, que realiza hoje, no Sesc Consolação, uma leitura dramática do monólogo "Dom Quixote" -estréia no final de setembro. No Centro Cultural SP, entrou em cartaz a peça "Quixotinadas - Cruzaventuras Sertanholas", que promove o encontro do personagem de Cervantes com Lampião (leia texto abaixo).
O grupo Pia Fraus tinha uma convicção: adaptar o romance de cavalaria com três Quixotes, número proporcional aos atores que compõem o seu núcleo: Beto Lima, 43, Beto Andretta e Domingos Montagner, ambos de 38.
Em "Navegadores" (99), o Pia Fraus já fazia menção a dom Quixote e seu escudeiro Sancho Pança. Contratado pelo Teatro Popular do Sesi para uma longa temporada, de agosto a dezembro, o grupo convidou Possolo para adaptar o texto. Não demorou muito e o comediante assinava também a direção.
"A subjetividade em Quixote é bastante feminina. Como ele é um personagem sonhador, que traça metas que dificilmente consegue cumprir, há um contraponto com a objetividade masculina", diz Possolo.
A ótica feminina decorre do próprio Cervantes. "Ele fazia uma metáfora de si. Viveu boa parte das coisas que acontecem em "Dom Quixote" e ainda sintetizou a cultura e a língua espanhola em seu tempo tanto quanto Shakespeare e Molière na Inglaterra e na França, respectivamente", diz.
"Farsa Quixotesca" privilegia o espaço da loucura, com influência aberta do teórico francês Antonin Artaud. "A história se desenrola em sequências aparentemente ilógicas, mas que se encaixam ao final por causa da loucura de Dulcinéia", diz o parlapatão.
Dulcinéia é interpretada por Barbara Paz. Os três Quixotes da peça são identificados como: o Quixote dos Espelhos (Andretta), o dos Leões (Lima) e o da Triste Figura (Montagner).
Para cada um, há o respectivo Sancho: Alberto Medina, Marcelo Castro e Fernando Sampaio. O sexteto vive ainda outros personagens, boa parte deles caracterizada por máscaras.
Dono de linguagem cênica acurada em 16 anos de trabalho, com técnicas de teatro, circo, dança e manipulação de bonecos, entre outras, o Pia Fraus aposta na simbiose da sua plasticidade com a comicidade de Possolo.
"Temos um canal de comunicação parecido com o tipo de dramaturgia que os Parlapatões concebem: o anseio de estabelecer uma comunicação mais ágil com a platéia", diz Andretta.
É a primeira vez que o Teatro Popular do Sesi abriga o chamado teatro de grupo (de pesquisa, aqui voltado para o público adulto), praia do Pia Fraus e Parlapatões.
Até o início dos anos 90, o espaço mantinha sua própria companhia, dirigida por Osmar Rodrigues Cruz. Depois, priorizou "grandes diretores" (Gabriel Villela, Ulysses Cruz, Bia Lessa etc).
Desde o ano passado, o teatro investe em projetos
experimentais. "Queremos que o público que não tem acesso ao teatro comercial também conheça as novas propostas cênicas", afirma Sílvio Anaz, 34, coordenador do Centro Cultural Fiesp, onde está o Teatro Popular do Sesi.
O Pia Fraus recebeu R$ 240 mil para a produção. O teatro oferece toda a infra-estrutura para a montagem e a manutenção da temporada por quatro meses.
Peça: Farsa Quixotesca
Texto: Hugo Possolo, adaptação de "O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha", de Cervantes
Com: grupo Pia Fraus
Quando: estréia dia 17/8, às 21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às 17h
Onde: Teatro Popular do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 0/xx/11/284-2268)
Quanto: entrada franca
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Teatro: Quixote une Pia Fraus e Hugo Possolo
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Dulcinéia, a musa que o anti-herói dom Quixote persegue desesperadamente em suas aventuras, sem sucesso, torna-se o centro das atenções em "Farsa Quixotesca", projeto que une o grupo Pia Fraus e o ator, diretor e
dramaturgo Hugo Possolo (Parlapatões, Patifes e Paspalhões).
A adaptação de Possolo se passa em um manicômio. O objeto de amor na fantasia do cavaleiro andante surge "em carne e osso" para provar sua existência (a dela).
Com produção do Teatro Popular do Sesi, em São Paulo, o espetáculo estréia no próximo dia 17 e marca a temporada incidental de releituras quixotescas na cidade.
O romance do espanhol Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616) -"O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha"- também ganha atenção do ator Carlos Moreno, que realiza hoje, no Sesc Consolação, uma leitura dramática do monólogo "Dom Quixote" -estréia no final de setembro. No Centro Cultural SP, entrou em cartaz a peça "Quixotinadas - Cruzaventuras Sertanholas", que promove o encontro do personagem de Cervantes com Lampião (leia texto abaixo).
O grupo Pia Fraus tinha uma convicção: adaptar o romance de cavalaria com três Quixotes, número proporcional aos atores que compõem o seu núcleo: Beto Lima, 43, Beto Andretta e Domingos Montagner, ambos de 38.
Em "Navegadores" (99), o Pia Fraus já fazia menção a dom Quixote e seu escudeiro Sancho Pança. Contratado pelo Teatro Popular do Sesi para uma longa temporada, de agosto a dezembro, o grupo convidou Possolo para adaptar o texto. Não demorou muito e o comediante assinava também a direção.
"A subjetividade em Quixote é bastante feminina. Como ele é um personagem sonhador, que traça metas que dificilmente consegue cumprir, há um contraponto com a objetividade masculina", diz Possolo.
A ótica feminina decorre do próprio Cervantes. "Ele fazia uma metáfora de si. Viveu boa parte das coisas que acontecem em "Dom Quixote" e ainda sintetizou a cultura e a língua espanhola em seu tempo tanto quanto Shakespeare e Molière na Inglaterra e na França, respectivamente", diz.
"Farsa Quixotesca" privilegia o espaço da loucura, com influência aberta do teórico francês Antonin Artaud. "A história se desenrola em sequências aparentemente ilógicas, mas que se encaixam ao final por causa da loucura de Dulcinéia", diz o parlapatão.
Dulcinéia é interpretada por Barbara Paz. Os três Quixotes da peça são identificados como: o Quixote dos Espelhos (Andretta), o dos Leões (Lima) e o da Triste Figura (Montagner).
Para cada um, há o respectivo Sancho: Alberto Medina, Marcelo Castro e Fernando Sampaio. O sexteto vive ainda outros personagens, boa parte deles caracterizada por máscaras.
Dono de linguagem cênica acurada em 16 anos de trabalho, com técnicas de teatro, circo, dança e manipulação de bonecos, entre outras, o Pia Fraus aposta na simbiose da sua plasticidade com a comicidade de Possolo.
"Temos um canal de comunicação parecido com o tipo de dramaturgia que os Parlapatões concebem: o anseio de estabelecer uma comunicação mais ágil com a platéia", diz Andretta.
É a primeira vez que o Teatro Popular do Sesi abriga o chamado teatro de grupo (de pesquisa, aqui voltado para o público adulto), praia do Pia Fraus e Parlapatões.
Até o início dos anos 90, o espaço mantinha sua própria companhia, dirigida por Osmar Rodrigues Cruz. Depois, priorizou "grandes diretores" (Gabriel Villela, Ulysses Cruz, Bia Lessa etc).
Desde o ano passado, o teatro investe em projetos
experimentais. "Queremos que o público que não tem acesso ao teatro comercial também conheça as novas propostas cênicas", afirma Sílvio Anaz, 34, coordenador do Centro Cultural Fiesp, onde está o Teatro Popular do Sesi.
O Pia Fraus recebeu R$ 240 mil para a produção. O teatro oferece toda a infra-estrutura para a montagem e a manutenção da temporada por quatro meses.
Peça: Farsa Quixotesca
Texto: Hugo Possolo, adaptação de "O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha", de Cervantes
Com: grupo Pia Fraus
Quando: estréia dia 17/8, às 21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às 17h
Onde: Teatro Popular do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 0/xx/11/284-2268)
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