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09/08/2000
-
04h07
ESTHER HAMBURGER, da Folha de S.Paulo
A MTV exportou mais uma apresentadora. Desta vez, para a TV Cultura. Soninha estreou anteontem o "RG, um Programa de Identidade" na emissora pública paulista. A apresentadora larga o "Barraco", onde há algum tempo ninguém ouvia ninguém, para exercer seu talento inteligente com mais intensidade em um programa de auditório diário. O desafio não é pequeno.
Tadeu Jungle, Serginho Groisman, Marcelo Rubens Paiva, a Turma da Cultura, a lista de realizações da emissora é comprida, o formato foi ficando estagnado. Auditório de arena, moçada sentada ao redor do palco, formulando perguntas para o músico que vem participar ao vivo, para o profissional locutor que faz um pouco de orientação vocacional.
A galera discute também um tema proposto pelo programa. O assunto de estréia -namoro entre pessoas de idades diferentes- trouxe uma pitada de Silvia Poppovic com reforço de novela das oito ao estúdio da Cultura. A gincana de adivinhação dos nomes de casais famosos com diferença de idade não ilumina.
Soninha tem pique e qualificação para segurar o programa. Sua intervenção decidida não permite que o ritmo caia. Formada na linguagem irreverente da MTV, a apresentadora intervém com habilidade. Mas o programa não subsiste só de apresentadora. Os assuntos levantados têm de provocar mais do que clichês do tipo: "se houver amor, a diferença de idade não é relevante" ou "o que importa é escolher uma profissão de que se goste".
Programas que promovem a participação do público no auditório ou em casa, por meio de e-mail, telefone ou fax, não são novidade. Fascinados com a possibilidade de opinar e estar presente, telespectadores comparecem. Mas, em seu exercício, tendem a repetir as perguntas de sempre.
Assuntos intrigantes -como as estatísticas que mostram que mais brasileiros possuem televisores que geladeiras, abordado no programa de segunda-feira- pedem mais dos participantes. Temas assim, retirados de notícias de jornal, também podem render mais se tratados com menos pressa, mais detalhe e ilustração.
A MTV vem formando apresentadores que transitam em registros que o preconceito classifica como incompatíveis, como o entretenimento, a educação, a ecologia, a comunidade. O sucesso do estilo, marcado por uma linguagem própria e uma pretensão cultural diversificada, resulta na circulação de profissionais convidados a exercerem seu talento em emissoras de sinal aberto. Fora de seu hábitat original, esses profissionais rendem menos, muitas vezes reduzidos ao papel de estrela.
Entre as migrações recentes, Soninha talvez tenha mais liberdade de ação. Resta ver como essa energia evolui.
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Soninha segura programa, mas não impede clichê
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A MTV exportou mais uma apresentadora. Desta vez, para a TV Cultura. Soninha estreou anteontem o "RG, um Programa de Identidade" na emissora pública paulista. A apresentadora larga o "Barraco", onde há algum tempo ninguém ouvia ninguém, para exercer seu talento inteligente com mais intensidade em um programa de auditório diário. O desafio não é pequeno.
Tadeu Jungle, Serginho Groisman, Marcelo Rubens Paiva, a Turma da Cultura, a lista de realizações da emissora é comprida, o formato foi ficando estagnado. Auditório de arena, moçada sentada ao redor do palco, formulando perguntas para o músico que vem participar ao vivo, para o profissional locutor que faz um pouco de orientação vocacional.
A galera discute também um tema proposto pelo programa. O assunto de estréia -namoro entre pessoas de idades diferentes- trouxe uma pitada de Silvia Poppovic com reforço de novela das oito ao estúdio da Cultura. A gincana de adivinhação dos nomes de casais famosos com diferença de idade não ilumina.
Soninha tem pique e qualificação para segurar o programa. Sua intervenção decidida não permite que o ritmo caia. Formada na linguagem irreverente da MTV, a apresentadora intervém com habilidade. Mas o programa não subsiste só de apresentadora. Os assuntos levantados têm de provocar mais do que clichês do tipo: "se houver amor, a diferença de idade não é relevante" ou "o que importa é escolher uma profissão de que se goste".
Programas que promovem a participação do público no auditório ou em casa, por meio de e-mail, telefone ou fax, não são novidade. Fascinados com a possibilidade de opinar e estar presente, telespectadores comparecem. Mas, em seu exercício, tendem a repetir as perguntas de sempre.
Assuntos intrigantes -como as estatísticas que mostram que mais brasileiros possuem televisores que geladeiras, abordado no programa de segunda-feira- pedem mais dos participantes. Temas assim, retirados de notícias de jornal, também podem render mais se tratados com menos pressa, mais detalhe e ilustração.
A MTV vem formando apresentadores que transitam em registros que o preconceito classifica como incompatíveis, como o entretenimento, a educação, a ecologia, a comunidade. O sucesso do estilo, marcado por uma linguagem própria e uma pretensão cultural diversificada, resulta na circulação de profissionais convidados a exercerem seu talento em emissoras de sinal aberto. Fora de seu hábitat original, esses profissionais rendem menos, muitas vezes reduzidos ao papel de estrela.
Entre as migrações recentes, Soninha talvez tenha mais liberdade de ação. Resta ver como essa energia evolui.
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