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17/12/2002 - 06h22

"Buena onda" latina revisita telas de São Paulo

SYLVIA COLOMBO
editora-adjunta da Ilustrada

Juntos, eles integram o que a crítica internacional se acostumou a chamar de "buena onda" ("boa onda", ou, numa linguagem mais coloquial, algo como "alto astral"). São os novos cineastas latino-americanos, sensação dos festivais e recordistas de bilheteria no Velho Mundo, nos EUA e aqui.

Até 22 de dezembro, o Centro Cultural Banco do Brasil reúne alguns representantes dessa geração. Ao lado dos brasileiros "Lavoura Arcaica" e "O Invasor", a mostra reexibe os mexicanos "Amores Brutos" e "E Sua Mãe Também" e os argentinos "Plata Quemada" e "Nove Rainhas".

"Queria que a produção do Brasil fosse compreendida como parte de um contexto", disse à Folha o curador Mauro Baptista, professor de cinema da PUC-SP.

O bom momento mexicano corresponde, politicamente, à saída do PRI (Partido Revolucionário Institucional) do poder depois de 71 anos, à eleição, em 2000, de Vicente Fox e à entrada do país no Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte). Embora não diretamente, os três eventos ajudaram a modernizar a indústria do cinema, pois desapareceu parte da burocracia estatal a que esta se encontrava vinculada e foram abertas mais possibilidades de participação do setor privado.

O novo cinema mexicano segue tendo fortes ligações com sua produção mais tradicional, mas a influência norte-americana tem sido também bastante marcante.

É o que se pode ver no "road movie" "E Sua Mãe Também", em que dois adolescentes viajam de carro pelo país com uma mulher mais velha, a quem tentam seduzir. O diretor, Alfonso Cuarón, tem carreira hollywoodiana e conduzirá a próxima adaptação de Harry Potter para as telas.

Já "Amores Brutos" (Alejandro Gonzáles Iñarritu), premiado em Cannes, foi comparado a filmes de Quentin Tarantino e tem como temas a violência urbana e a crítica aos padrões de consumo e beleza da sociedade capitalista.

Já na Argentina, a nova produção parece ter como tema obrigatório a crise política pela qual passa o país, agravada desde a queda do governo De la Rúa, em dezembro passado, e pelo fim da dolarização da economia.

"Nove Rainhas" (Fabián Bielinsky) traz dois gatunos que tentam roubar uma coleção rara de selos. Seu roteiro inteligente apóia-se na teia de ciladas que um arma para envolver o outro.

Já "Plata Quemada" (Marcelo Piñeyro) leva às telas um assalto a um carro-forte ocorrido nos anos 60, crime que inspirou romance de Ricardo Piglia. A cena em que o dinheiro é queimado por não servir mais aos ladrões acuados em sua fuga é uma metáfora da Argentina de hoje.

Os filmes da mostra, porém, já deixaram de ser o assunto do momento em seus países. É de lamentar que produções mexicanas e argentinas demorem tanto a chegar aqui. O México, por exemplo, discute a polêmica adaptação da obra de Eça de Queiroz, "O Crime do Padre Amaro", enquanto a Argentina vive o sucesso de "Kamchatka", sobre o regime militar, que é o indicado deste país ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

MOSTRA PANORAMA DO NOVO CINEMA LATINO-AMERICANO
Onde:
Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3651)
Quando: de hoje a 22/12
Quanto: R$ 8
 

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