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03/01/2003 - 05h54

Crise do Cine Belas Artes levanta discussão sobre "cinema de rua"

SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

O cine Belas Artes -tradicional endereço do circuito exibidor de São Paulo, fundado há 30 anos- sobreviveu a 2002, mas talvez não por muito tempo.

O conjunto de seis salas pode fechar ainda neste mês se seus proprietários não conseguirem reverter o balanço das contas, negativo nos últimos 12 meses.

"Vai ser muito difícil mantê-lo aberto", afirma Antônio Roberto Godoy, da empresa Alvorada, que administra o Belas Artes em sociedade com o Grupo Estação.

Os sócios se concentram numa negociação para diminuir o valor do aluguel do prédio, estabelecido em atuais R$ 58 mil mensais. Propuseram ao proprietário, Alberto Maluf, a redução para R$ 31 mil. "É inaceitável", diz o advogado de Maluf, Fabio Lucchersi Filho.

Além da elevada despesa fixa, a renda do Belas Artes é comprometida atualmente pela escassez de público.

"Ninguém sai de casa especificamente para ir a um cinema de rua, um lugar sem estacionamento e com a calçada cheia de camelôs", diz Godoy.

Desvantagens

O conjunto de desvantagens do cine Belas Artes, que se enquadra na categoria dos "cinemas de rua", dissuadiu o Sesc de se envolver no projeto de sua salvação.

"Tudo que diz respeito à cultura em São Paulo nos interessa. Fomos observar o Belas Artes para ver a possibilidade de usá-lo como um Cinesesc 2", diz Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc em São Paulo.

"Mas verificamos que a situação é muito complexa. Há graves inadequações de padrões de escadas e fluxos de entrada e saída", afirma Santos de Miranda.

Embora seja o mais destacado, o Belas Artes não é o único exemplo do ocaso dos cinemas de rua. O grupo Alvorada possui também o cine Ipiranga, um dos quatro que sobrevivem no centro de São Paulo com programação distante do reduto erótico.

Rumores sobre o fechamento do Ipiranga circularam durante todo o ano de 2002. "Estudamos a possibilidade de reformá-lo para fazer mais salas", diz Godoy.

Reforma

Entre as outras três salas do centro de São Paulo está o maior cinema da cidade, o Marabá, com 1.665 lugares. Por falta de público, há muito tempo o andar superior está desativado. A lotação fica restrita aos 600 lugares disponíveis no térreo.

Este ano, o Marabá deve ser fechado para uma completa reforma, que o transformará num conjunto de cinco salas. "Estamos tentando obter incentivos municipais do programa de revitalização do centro. É preciso demolir e fazer de novo", diz Otelo Coltro, vice-presidente da Playarte, proprietária do Marabá.

Também na região central de São Paulo o cine Paissandu vem sendo mantido em funcionamento pela rede Haway "como se fosse um ícone", como afirma o diretor comercial da empresa, Renato Baptista. Ele diz que a rede, fundada há 53 anos, já foi a segunda maior do país, com 140 salas.
Hoje, a empresa possui 40 salas e conduz um processo de modernização. "A grande saída é o cinema de shopping, que oferece segurança, estacionamento fácil e se configura como uma central de entretenimento", afirma Baptista.

Promoção

O quadrilátero de cinemas no centro paulistano é completado pelo cine Paris, uma das quatro salas pertencentes a Ocymar Santos. As outras três se dedicam a programação erótica.

"O Paris não chega a ser lucrativo nem deficitário", diz Santos, que pretende manter o cinema este ano dando sequência à política de preços promocionais e à presença de seguranças na sala.

"Cobramos R$ 3 pela inteira de segunda a quinta e R$ 4 de sexta a domingo", afirma. Num cinema de shopping, o valor do ingresso gira em torno de R$ 12.
 

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