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06/01/2003 - 04h01

Brasileiros 'rejeitam' MPB e compram pagode e samba

THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

A sede por relançamentos e coletâneas que determinou o caminho das gravadoras em 2002 refletiu em cheio no desejo do consumidor brasileiro por esse tipo de produto.

No ano passado, em São Paulo, apenas três dos dez discos mais vendidos na capital continham composições/interpretações que podem ser consideradas inéditas. No Rio, um pouco mais: quatro.

E mais: em São Paulo, entre os dez mais vendidos, três foram lançados em 2001. No Rio, a situação não é muito diferente. Quatro dos mais populares álbuns chegaram às lojas naquele ano.

As informações são do Nopem (Nelson Oliveira Pesquisa e Estudo de Mercado), empresa privada que afere a vendagem de discos nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro desde 1964.

A pesquisa é feita por oito pessoas (quatro em cada cidade), que visitam semanalmente 50 lojas (25 em cada capital) e entrevistam seus vendedores. Essas visitas são feitas sem aviso prévio aos estabelecimentos.

Revelação

A música nacional dominou a vendagem de discos no país. A participação estrangeira entre os mais vendidos ficou restrita à trilha internacional da novela "O Clone" (3º em SP e 5º no RJ) e a "Sandy & Junior Internacional", da dupla pop Sandy & Junior (7º em SP e 6º no RJ).

Segundo a pesquisa, os CDs mais vendidos tanto em São Paulo como no Rio, em primeiro e segundo lugares respectivamente, foram "Revelação ao Vivo", do grupo Revelação, e "Deixa a Vida me Levar", de Zeca Pagodinho.

Ao olhar a lista dos dez mais, percebe-se que a tradicional MPB não está, há tempos, se fazendo presente no gosto musical do consumidor brasileiro.

Reportagem publicada na capa da Ilustrada há cinco anos, também com informações do Nopem, já registrava que, em 1997, apenas um entre os 50 discos mais vendidos daquele ano em São Paulo poderia ser encaixado dentro do filão MPB: era o "Acústico" de Gal Costa.

Em 2002, a situação é semelhante. Na lista relativa à capital paulista, apenas o romântico "Acústico MTV", de Roberto Carlos, em oitavo lugar, pode ser colocado naquele rótulo entre os dez mais. Atrás, aparecem Cássia Eller e seu "Acústico" (12º lugar), "Elo", de Jorge Vercilo (19º), e... só. Pagodeiros, sambistas, sertanejos e os românticos pop dominaram as paradas paulistas.

O Rio se mostra um pouco mais apegado à MPB do que São Paulo. Entre seus 50 mais vendidos, aparecem Jorge Vercilo (3º), Cássia Eller (10º), Roberto Carlos (22º), Caetano Veloso (23º), Cássia Eller de novo (27º), Jorge Benjor (43º), Tribalistas (44º) e Rita Lee (50º).

(Outro dado: em 97, o Brasil era o sexto maior mercado de CDs do mundo; em 2002, com a invasão dos piratas _e também devido ao encarecimento do produto original_, caiu para 12º.)

São Paulo, por outro lado, parece mais "jovem". Comprou bastante Racionais (24º), Capital Inicial (26º) e Supla (27º), que não aparecem na lista carioca.

No levantamento relacionado à capital paulista, o artista internacional mais bem colocado em vendas é a banda/cartoon Gorillaz, em 13º. Depois, vêm o veteraníssimo brega Bee Gees (18º), a loira Britney Spears (40º) e a baba pop britânica The Calling (49º). No Rio, os estrangeiros que ficaram entre os 50 primeiros foram o grupo Aerosmith (30º) e Gorillaz (34º).

Culpados à parte, a MPB não é mais popular. Faz tempo.
 

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