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07/01/2003
-
04h24
da Folha de S.Paulo
Novo secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, o cineasta Orlando Senna ("Gitirana"), 62, assume um cargo esvaziado, com a disposição de lutar pelo território perdido.
No ano passado, a Secretaria do Audiovisual teve suas mais importantes funções transferidas para a Ancine (Agência Nacional do Cinema), que pertencia à Casa Civil e deveria ser entregue ao Ministério da Indústria e Comércio, pelos planos do governo FHC.
Sobrou para a Secretaria do MinC o que se chamou de "cinema cultural" -documentários e curtas-metragens.
"O grande tema nesses primeiros meses de governo será a redistribuição de atribuições da Ancine e da Secretaria do Audiovisual", afirma o secretário.
De fato, em sua primeira semana no poder, o governo Lula trouxe de volta a Ancine do Ministério da Indústria e Comércio para a Casa Civil, para rediscutir qual será o seu papel.
Baiano, ex-colega de ginásio do ministro Gilberto Gil, e mais recentemente próximo do grupo petista da cultura e da equipe de transição (com a qual colaborou na elaboração de propostas), Senna afirma que "o audiovisual não é apenas cultura. É um elemento decisivo de economia e de soberania para os próximos anos".
Trata-se de um recado às TVs. "Audiovisual não é só cinema: é cinema e televisão", afirma. A seguir, trechos da entrevista que o novo secretário deu à Folha.
Folha - A definição do segundo escalão do Ministério da Cultura está sendo tensa, em razão da resistência ao nome do ministro Gilberto Gil pelos setores do PT que se sentiram preteridos. Qual é sua expectativa para o trabalho ao lado do ministro?
Orlando Senna - Parece que isso ficou superado. O entendimento que o Gil teve com o staff cultural do PT -Antonio Grassi [designado para a Funarte", Hamilton Pereira [ainda sem cargo", Márcio Meira [designado para a Secretaria de Patrimônio", Sérgio Mamberti [designado para a Secretaria de Música e Artes Cênicas"- deixou tudo acertado. Todo mundo ficou satisfeito, é o que me parece.
Quanto a trabalhar com Gil, se ele realmente me convida, seria ótimo [o ministro anunciou a escolha para a imprensa no fim de semana e falaria com Senna oficialmente ontem].
Gosto muito dele. Fomos colegas de ginásio no colégio Maristas, em Salvador. Depois, tivemos vários outros contatos durante nossas longas vidas.
Folha - Com a criação da Agência Nacional do Cinema, a Secretaria do Audiovisual foi esvaziada, sendo responsável só por curtas-metragens e festivais nacionais...
Senna - (Interrompendo) Os curtas-metragens, os festivais nacionais, a promoção do cinema brasileiro, as escolas de cinema, a memória, a preservação, as cinematecas. É um monte de coisas.
Folha - O sr. considera que é o bastante?
Senna - Não digo com certeza, mas há uma tendência de que o governo fará uma revisão na distribuição de atribuições da Ancine, do Conselho Superior de Cinema e da Secretaria do Audiovisual. O cinema tem de funcionar nesse tripé.
É apressado dizer qualquer coisa, mas eu e muita gente achamos que houve certa pressa no governo passado de passar atribuições à Ancine que, na verdade, não têm muito a ver com a agência.
Folha - O sr. tem alguma indicação de que a Ancine será transferida da Casa Civil para o MinC?
Senna - Não. O que sei é que o governo decidiu que a Ancine ficará na Casa Civil para refletir sobre isso e fazer uma distribuição mais adequada para o tripé de onde se regerá o audiovisual.
Audiovisual não é só cinema. É cinema e televisão. A TV é uma questão bastante forte.
Folha - Tão forte que conseguiu se excluir das contribuições previstas para ela no fomento ao cinema nacional, durante as discussões que findaram na criação da Ancine.
Senna - Quem leu o relatório do Seminário Nacional do Audiovisual, que coordenei aqui no Rio, a pedido da equipe de transição, vê que isso está muito claro. Pede-se ao governo uma reformatação da Ancine, na direção de sua idéia original, em que ela não era Agência Nacional do Cinema e, sim, Agência Nacional do Audiovisual.
"Audiovisual não é só cinema", diz novo secretário
SILVANA ARANTESda Folha de S.Paulo
Novo secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, o cineasta Orlando Senna ("Gitirana"), 62, assume um cargo esvaziado, com a disposição de lutar pelo território perdido.
No ano passado, a Secretaria do Audiovisual teve suas mais importantes funções transferidas para a Ancine (Agência Nacional do Cinema), que pertencia à Casa Civil e deveria ser entregue ao Ministério da Indústria e Comércio, pelos planos do governo FHC.
Sobrou para a Secretaria do MinC o que se chamou de "cinema cultural" -documentários e curtas-metragens.
"O grande tema nesses primeiros meses de governo será a redistribuição de atribuições da Ancine e da Secretaria do Audiovisual", afirma o secretário.
De fato, em sua primeira semana no poder, o governo Lula trouxe de volta a Ancine do Ministério da Indústria e Comércio para a Casa Civil, para rediscutir qual será o seu papel.
Baiano, ex-colega de ginásio do ministro Gilberto Gil, e mais recentemente próximo do grupo petista da cultura e da equipe de transição (com a qual colaborou na elaboração de propostas), Senna afirma que "o audiovisual não é apenas cultura. É um elemento decisivo de economia e de soberania para os próximos anos".
Trata-se de um recado às TVs. "Audiovisual não é só cinema: é cinema e televisão", afirma. A seguir, trechos da entrevista que o novo secretário deu à Folha.
Folha - A definição do segundo escalão do Ministério da Cultura está sendo tensa, em razão da resistência ao nome do ministro Gilberto Gil pelos setores do PT que se sentiram preteridos. Qual é sua expectativa para o trabalho ao lado do ministro?
Orlando Senna - Parece que isso ficou superado. O entendimento que o Gil teve com o staff cultural do PT -Antonio Grassi [designado para a Funarte", Hamilton Pereira [ainda sem cargo", Márcio Meira [designado para a Secretaria de Patrimônio", Sérgio Mamberti [designado para a Secretaria de Música e Artes Cênicas"- deixou tudo acertado. Todo mundo ficou satisfeito, é o que me parece.
Quanto a trabalhar com Gil, se ele realmente me convida, seria ótimo [o ministro anunciou a escolha para a imprensa no fim de semana e falaria com Senna oficialmente ontem].
Gosto muito dele. Fomos colegas de ginásio no colégio Maristas, em Salvador. Depois, tivemos vários outros contatos durante nossas longas vidas.
Folha - Com a criação da Agência Nacional do Cinema, a Secretaria do Audiovisual foi esvaziada, sendo responsável só por curtas-metragens e festivais nacionais...
Senna - (Interrompendo) Os curtas-metragens, os festivais nacionais, a promoção do cinema brasileiro, as escolas de cinema, a memória, a preservação, as cinematecas. É um monte de coisas.
Folha - O sr. considera que é o bastante?
Senna - Não digo com certeza, mas há uma tendência de que o governo fará uma revisão na distribuição de atribuições da Ancine, do Conselho Superior de Cinema e da Secretaria do Audiovisual. O cinema tem de funcionar nesse tripé.
É apressado dizer qualquer coisa, mas eu e muita gente achamos que houve certa pressa no governo passado de passar atribuições à Ancine que, na verdade, não têm muito a ver com a agência.
Folha - O sr. tem alguma indicação de que a Ancine será transferida da Casa Civil para o MinC?
Senna - Não. O que sei é que o governo decidiu que a Ancine ficará na Casa Civil para refletir sobre isso e fazer uma distribuição mais adequada para o tripé de onde se regerá o audiovisual.
Audiovisual não é só cinema. É cinema e televisão. A TV é uma questão bastante forte.
Folha - Tão forte que conseguiu se excluir das contribuições previstas para ela no fomento ao cinema nacional, durante as discussões que findaram na criação da Ancine.
Senna - Quem leu o relatório do Seminário Nacional do Audiovisual, que coordenei aqui no Rio, a pedido da equipe de transição, vê que isso está muito claro. Pede-se ao governo uma reformatação da Ancine, na direção de sua idéia original, em que ela não era Agência Nacional do Cinema e, sim, Agência Nacional do Audiovisual.
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