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14/01/2003
-
04h39
da Folha de S.Paulo
Era uma vez um Monstro do Pântano. Criado em 1972 por Len Wein e Berni Wrightson, o personagem de horror da americana DC Comics teria se afogado em sua própria lama não fosse uma intervenção cirúrgica do roteirista inglês Alan Moore em 1984.
Mal das pernas, mesmo depois de um desastroso filme do então desconhecido Wes Craven, o asqueroso alter ego de Alec Holland, um biólogo assassinado num pântano da Louisiana, ganhou novo -e abençoado- oxigênio com a entrada de Moore no título, período parcialmente coberto pelos dois volumes de "Monstro do Pântano", álbuns de luxo que a editora Brainstore entrega aos leitores brasileiros neste ano (o primeiro deles já à venda).
De 1987 em diante, o personagem cairia nas mãos habilidosas de Jamie Delano, Grant Morrison, Paul Jenkins, Garth Ennis, Warren Ellis e de toda uma geração que deve pagar merecido tributo ao "bruxo" que os antecedeu.
Já publicadas por aqui nos 80, as histórias da chamada "Era Alan Moore" do Monstro do Pântano pegaram leitores -e a própria editora americana, então descrente com as vendas do título- de surpresa: mais do que assustar, o monstrengo passou a intrigar, comover e divertir seus interlocutores. Em suma: tudo o que uma publicação em crise precisa.
Sem muito a perder, Moore (conhecido pelas premiadas "graphic novels" "V de Vingança" e "Watchmen") literalmente disseca o personagem em "Lição de Anatomia", história que marca a sua estréia e republicada neste "Monstro do Pântano, Volume 1" juntamente com as suas outras seis primeiras.
Na pena, acompanharam Moore nesta fase outros dois talentos, Steve Bissette e John Totleben. Mesmo sem abandonar o estilo dos quadrinhos de horror da DC, a dupla inovou bastante no traço do personagem e especialmente no aproveitamento das páginas, alternando na medida certa os momentos de terror propriamente ditos com os de dramaticidade e -outro ponto para Moore- paixão que o novo Monstro passara a exigir.
Este "Monstro do Pântano, Volume 1", da editora Brainstore, é em preto-e-branco, característica que se por um lado pode acrescentar charme ao trabalho, por outro perde muito dos detalhes em algumas páginas em que a diferenciação de tons e de sombreamento se faz mais necessária.
O preço, também pouco convidativo (embora coerente com o formato grande e a capa dura e maravilhosamente ilustrada por Michael Zulli), e algumas já conhecidas falhas de revisão também podem contribuir para afastar outro tanto de leitores.
Enfim, uma coisa é indiscutível: comprada, emprestada ou garimpada em um sebo qualquer, a passagem de Alan Moore pelo pântano da DC Comics é parada obrigatória para qualquer um que se interesse pela arte, madura, das histórias em quadrinhos.
MONSTRO DO PÂNTANO, VOLUME 1
Roteiro: Alan Moore
Desenhos: Steve Bissette e John Totleben
Tradução: Jotapê Martins
Editora: Brainstore
Quanto: R$ 38 (168 págs, P&B)
Personagem de Alan Moore ganha compilação em edições de luxo
DIEGO ASSISda Folha de S.Paulo
Era uma vez um Monstro do Pântano. Criado em 1972 por Len Wein e Berni Wrightson, o personagem de horror da americana DC Comics teria se afogado em sua própria lama não fosse uma intervenção cirúrgica do roteirista inglês Alan Moore em 1984.
Mal das pernas, mesmo depois de um desastroso filme do então desconhecido Wes Craven, o asqueroso alter ego de Alec Holland, um biólogo assassinado num pântano da Louisiana, ganhou novo -e abençoado- oxigênio com a entrada de Moore no título, período parcialmente coberto pelos dois volumes de "Monstro do Pântano", álbuns de luxo que a editora Brainstore entrega aos leitores brasileiros neste ano (o primeiro deles já à venda).
De 1987 em diante, o personagem cairia nas mãos habilidosas de Jamie Delano, Grant Morrison, Paul Jenkins, Garth Ennis, Warren Ellis e de toda uma geração que deve pagar merecido tributo ao "bruxo" que os antecedeu.
Já publicadas por aqui nos 80, as histórias da chamada "Era Alan Moore" do Monstro do Pântano pegaram leitores -e a própria editora americana, então descrente com as vendas do título- de surpresa: mais do que assustar, o monstrengo passou a intrigar, comover e divertir seus interlocutores. Em suma: tudo o que uma publicação em crise precisa.
Sem muito a perder, Moore (conhecido pelas premiadas "graphic novels" "V de Vingança" e "Watchmen") literalmente disseca o personagem em "Lição de Anatomia", história que marca a sua estréia e republicada neste "Monstro do Pântano, Volume 1" juntamente com as suas outras seis primeiras.
Na pena, acompanharam Moore nesta fase outros dois talentos, Steve Bissette e John Totleben. Mesmo sem abandonar o estilo dos quadrinhos de horror da DC, a dupla inovou bastante no traço do personagem e especialmente no aproveitamento das páginas, alternando na medida certa os momentos de terror propriamente ditos com os de dramaticidade e -outro ponto para Moore- paixão que o novo Monstro passara a exigir.
Este "Monstro do Pântano, Volume 1", da editora Brainstore, é em preto-e-branco, característica que se por um lado pode acrescentar charme ao trabalho, por outro perde muito dos detalhes em algumas páginas em que a diferenciação de tons e de sombreamento se faz mais necessária.
O preço, também pouco convidativo (embora coerente com o formato grande e a capa dura e maravilhosamente ilustrada por Michael Zulli), e algumas já conhecidas falhas de revisão também podem contribuir para afastar outro tanto de leitores.
Enfim, uma coisa é indiscutível: comprada, emprestada ou garimpada em um sebo qualquer, a passagem de Alan Moore pelo pântano da DC Comics é parada obrigatória para qualquer um que se interesse pela arte, madura, das histórias em quadrinhos.
MONSTRO DO PÂNTANO, VOLUME 1
Roteiro: Alan Moore
Desenhos: Steve Bissette e John Totleben
Tradução: Jotapê Martins
Editora: Brainstore
Quanto: R$ 38 (168 págs, P&B)
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