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14/01/2003 - 16h25

Indicado ao Grammy, o carioca Duduka começou a tocar aos 13 anos

AUGUSTO PINHEIRO
da Folha Online

Indicado ao Grammy na categoria "melhor álbum de jazz latino", o baterista e percussionista carioca Duduka da Fonseca, 51, começou a "batucar" no dia do golpe militar de 1964, 31 de março, data do seu aniversário. "Estava fazendo 13 anos e ganhei uma caixa [instrumento de percussão] de presente. Toquei a noite toda", lembra.

Divulgação
O baterista Duduka da Fonseca, brasileiro indicado ao Grammy
Como a casa do general Castelo Branco, que assumiria a presidência, ficava em frente à sua, em Ipanema, os guardas que cercavam o local acharam que ele estava tocando em comemoração do golpe. "Estavam completamente enganados", diz.

Desse início inusitado até a indicação ao Grammy pelo seu primeiro CD-solo, "Samba Jazz Fantasia", Duduka trilhou um longo caminho, de participações em programas de TV com um trio instrumental, ainda adolescente, a gravações e shows com artistas como John Scofield, Herbie Mann e Tom Jobim.

"Em 1975, resolvi ir para Nova York para misturar a música brasileira com o jazz", diz o baterista. Desde que chegou aos EUA, Duduka já gravou cerca de 200 CDs com músicos importantes, como Gerry Mulligan, Phil Woods, Joe Henderson e Joe Lovano. Ele também formou vários grupos brasileiros de jazz, como Brazilian Express e The New York Samba Band.

Em 1992, ele criou o Trio da Paz, junto com os brasileiros Romero Lubambo (guitarra) e Nilson Matta (baixo). Com o grupo, Duduka já lançou quatro CDs. O último, "Café", ganhou um prêmio da Associação de Jornalistas de Jazz, dos EUA. "Tenho o troféu lá em casa", diz.

O músico também já foi festejado por publicações especializadas, como "Downbeat", "Jazziz" e "Modern Drummer".

"Surpresa enorme"

Duduka estava no Brasil quando soube da indicação ao Grammy. "Um jornalista telefonou para me entrevistar sobre a indicação, e eu não sabia de nada", conta, rindo. "Foi uma surpresa enorme."

Sobre o CD, "Samba Jazz Fantasia" (lançado nos EUA pelo selo Malandro Records), Duduka diz que o processo, da escolha das músicas até a gravação, levou um ano . "Convidei músicos, americanos e brasileiros, que conheci nesses quase 30 anos que moro em Nova York, pessoas com quem já gravei ou toquei. Eles apenas perguntaram 'quando e onde'. Fiz muitas amizades aqui, e as pessoas respeitam meu trabalho", conta.

Entre esses músicos, estão John Scofield, o pianista brasileiro Dom Salvador (com quem já gravou um CD), Joe Lovano, Tom Harrell e os dois parceiros do Trio da Paz. Alguns também contribuíram com composições.

O CD, que faz fusão entre samba e jazz, conta com três músicas de Duduka: "Partido Out", "Dona Maria", em homenagem à avó, e "Manhattan Style", composição dos anos 80. Entre as 12 faixas, há também canções dos cunhados do baterista Mário e Chico Adnet, de Tom Jobim ("Fotografia"), João Bosco e Aldir Blanc ("Bala com Bala") e Dori Caymmi ("Saveiros"), a única cantada do CD, pela mulher de Duduka, a cantora Maucha Adnet. A filha Alana da Fonseca, que estuda produção musical nos EUA, faz "backing vocals".

A pintura da capa de "Samba Jazz Fantasia" é de autoria de Elizabeth Jobim, filha de Tom.

Ainda aproveitando as férias no Rio, com muito frescobol na praia, Duduka veio ao país, na verdade, para participar do projeto "Jobim Sinfônico", com obras do compositor pouco conhecidas no Brasil. "São as obras sinfônicas, como 'Sinfonia de Brasília'", diz o baterista.

Ele participou da gravação, com a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), na Sala São Paulo, que vai virar CD e DVD. "Agora, quero lançar muito o meu disco no Brasil", diz, mandando um recado para as gravadoras.
 

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