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18/01/2003
-
04h02
da Folha de S.Paulo
O "Prêt-à-Porter 5", que estréia hoje para convidados, na opinião de seus criadores, aprofunda temas e até dá novas direções ao trabalho que o Centro de Pesquisa Teatral (CPT) de Antunes Filho vem desenvolvendo desde a primeira montagem do tipo, em 98.
"Até o último, falávamos muito da solidão, da falta de comunicação. Isso não deixou de acontecer, mas as personagens agora buscam a interação e, a partir da relação com o outro, a sua salvação", afirma o ator Emerson Danesi, 31.
Juliana Galdino, 28, protagonista das duas "Medéias" antunianas, também parece identificar uma guinada na procura da alteridade. "Acho que a coisa está mais otimista. Antes nos chamavam de pessimistas, negativos, que gostávamos de sofrer, que ninguém se comunicava. Agora tentamos integrar as relações."
Surgida como esteio para a sistematização do método de ator desenvolvido por Antunes Filho e sua "nova teatralidade", a série traz quadros -ou movimentos, como são chamados- inteiramente concebidos e dirigidos pelos intérpretes, sem maiores aparatos cenográficos. Compõem a encenação da vez "Uma Fábula", "Mulher de Olhos Fechados" e "O Poente do Sol Nascente".
Suzan Damasceno, 28, e Arieta Corrêa, 25, apresentam o primeiro, que mostra o encontro de duas mulheres numa festa à fantasia.
"A cena remete à fábula do Lobo e da Chapeuzinho Vermelho. Nela, há a busca por identidade, a partir do outro", diz Damasceno.
Em "Mulher de Olhos Fechados", com Galdino e Corrêa, uma jovem escultora que vive numa casa isolada se surpreende com a visita de uma mulher mais velha.
"Tem inspiração em Camille Claudel (1864-1943) [escultora francesa"", conta Arieta Corrêa sobre a sua personagem.
Danesi contracena com Damasceno em "O Poente do Sol Nascente". No quadro, uma prostituta tenta se comunicar com um cliente entediado. O debate final entre atores e público continua.
Livro
Para Antunes Filho, 72, coordenador dos "atores-criadores" em suas investigações, houve um amadurecimento do seu núcleo de artistas. Sem propriamente vincular o novo "Prêt-à-Porter" a reviravoltas positivas ou negativas nos tratamentos dramatúrgicos dos movimentos, o encenador sublinha a solidão e a incomunicabilidade presentes como motores que estimulam a pesquisa. "O homem está perdendo a relação cutânea com o outro homem, faz tudo pela internet, pelo telefone."
À exceção do projeto a estrear, todo o produto das sondagens humanísticas do CPT renderá um livro de 300 páginas, com lançamento programado para este semestre, pela editora Senac. Trata-se de "Prêt-à-Porter 1, 2, 3 e 4", organizado por Ricardo Muniz Fernandes. Terá fotografias, ensaios, depoimentos dos atores e textos das cenas dos quatro trabalhos.
PRÊT-À-PORTER 5
Coordenação: Antunes Filho
Com: CPT do Sesc-SP
Onde: Sesc Consolação - hall de convivência (r. Dr. Vila Nova, 245, SP, tel. 0/xx/11/ 3234-3009)
Quando: estréia hoje, às 22h; sáb., às 22h
Quanto: R$ 10
"Prêt-à-Porter 5" aprofunda busca do grupo de Antunes Filho
PEDRO IVO DUBRAda Folha de S.Paulo
O "Prêt-à-Porter 5", que estréia hoje para convidados, na opinião de seus criadores, aprofunda temas e até dá novas direções ao trabalho que o Centro de Pesquisa Teatral (CPT) de Antunes Filho vem desenvolvendo desde a primeira montagem do tipo, em 98.
"Até o último, falávamos muito da solidão, da falta de comunicação. Isso não deixou de acontecer, mas as personagens agora buscam a interação e, a partir da relação com o outro, a sua salvação", afirma o ator Emerson Danesi, 31.
Juliana Galdino, 28, protagonista das duas "Medéias" antunianas, também parece identificar uma guinada na procura da alteridade. "Acho que a coisa está mais otimista. Antes nos chamavam de pessimistas, negativos, que gostávamos de sofrer, que ninguém se comunicava. Agora tentamos integrar as relações."
Surgida como esteio para a sistematização do método de ator desenvolvido por Antunes Filho e sua "nova teatralidade", a série traz quadros -ou movimentos, como são chamados- inteiramente concebidos e dirigidos pelos intérpretes, sem maiores aparatos cenográficos. Compõem a encenação da vez "Uma Fábula", "Mulher de Olhos Fechados" e "O Poente do Sol Nascente".
Suzan Damasceno, 28, e Arieta Corrêa, 25, apresentam o primeiro, que mostra o encontro de duas mulheres numa festa à fantasia.
"A cena remete à fábula do Lobo e da Chapeuzinho Vermelho. Nela, há a busca por identidade, a partir do outro", diz Damasceno.
Em "Mulher de Olhos Fechados", com Galdino e Corrêa, uma jovem escultora que vive numa casa isolada se surpreende com a visita de uma mulher mais velha.
"Tem inspiração em Camille Claudel (1864-1943) [escultora francesa"", conta Arieta Corrêa sobre a sua personagem.
Danesi contracena com Damasceno em "O Poente do Sol Nascente". No quadro, uma prostituta tenta se comunicar com um cliente entediado. O debate final entre atores e público continua.
Livro
Para Antunes Filho, 72, coordenador dos "atores-criadores" em suas investigações, houve um amadurecimento do seu núcleo de artistas. Sem propriamente vincular o novo "Prêt-à-Porter" a reviravoltas positivas ou negativas nos tratamentos dramatúrgicos dos movimentos, o encenador sublinha a solidão e a incomunicabilidade presentes como motores que estimulam a pesquisa. "O homem está perdendo a relação cutânea com o outro homem, faz tudo pela internet, pelo telefone."
À exceção do projeto a estrear, todo o produto das sondagens humanísticas do CPT renderá um livro de 300 páginas, com lançamento programado para este semestre, pela editora Senac. Trata-se de "Prêt-à-Porter 1, 2, 3 e 4", organizado por Ricardo Muniz Fernandes. Terá fotografias, ensaios, depoimentos dos atores e textos das cenas dos quatro trabalhos.
PRÊT-À-PORTER 5
Coordenação: Antunes Filho
Com: CPT do Sesc-SP
Onde: Sesc Consolação - hall de convivência (r. Dr. Vila Nova, 245, SP, tel. 0/xx/11/ 3234-3009)
Quando: estréia hoje, às 22h; sáb., às 22h
Quanto: R$ 10
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