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30/01/2003
-
03h00
Dois homens apaixonados pela mesma mulher. Um deles a conquista, o outro sucumbe. Você já viu-ouviu essa história, mas ela ganha novos desdobramentos em "Senhor das Flores".
A peça de Vinicius Márquez, dramaturgo do Rio, é dirigida por Marco Ricca ("Shopping and Fucking", 99) e faz estréia nacional hoje no teatro Cultura Inglesa, em São Paulo.
É o próprio Ricca, 40, quem vislumbra as perspectivas éticas e poéticas nos laços de amor e amizade vividas pela bela Júlia, oculta na cena, e por aqueles que a amam, Oto (Elias Andreato), um professor universitário quarentão, e Julian (Caco Ciocler), um jovem yuppie.
"A primeira coisa que me tocou no texto foi a discussão ética das relações pessoais, a forma como lida com duas gerações, duas formas de pensar o mundo, que se encontram por causa do mesmo objeto de interesse, no caso Júlia, que vai gerar a perda em um e o roubar no outro", diz Ricca.
O que em princípio se anuncia com a inconformidade do personagem Oto diante do abandono, a violência extravasada contra o "inimigo", o outro, porém jamais levada à cabo, muda completamente de eixo quando, seis anos depois, os dois choram a mesma morte.
Estética
As discussões são lançadas na forma de um espiral, no qual os personagens transitam por máscaras e tempos variados, inclusive com apoio de uma fábula que justifica o título. É aí que entra a estética, segundo o diretor. Há o recurso da metalinguagem.
Na primeira parte da peça, os dois homens se encontram num teatro. Oto se traveste para acossar Julian.
Ricca diz que precisava de atores com potência para conduzir o jogo do espetáculo, a "vertigem a que chegam em suas perturbações", até a transformação de ambos ao final.
Esse "respiro de humanidade" na dramaturgia de Márquez, que "enxerga luz no final do túnel", continua Ricca, configura também uma ode à mulher. "É a partitura emocional de dois indivíduos contando a mesma história de dor e crescimento pessoal", afirma o diretor.
O exercício da conquista de confiança pelos personagens funcionou também para os intérpretes, concordam Andreato, 47, que completa 25 anos de carreira, e Ciocler, 31, indicado o Prêmio Shell de melhor ator, no Rio, pela montagem "Os Sete Afluentes do Rio Ota".
"O teatro é um material imponderável, a gente nunca sabe o que vai acontecer", afirma Andreato, sobre o resultado do trabalho. "É como a paixão que move os personagens e as pessoas na vida real."
Serviço
Senhor das Flores
Autor:Vinicius Márquez
Direção: Marco Ricca
Com:Elias Andreato e Caco Ciocler
Onde:teatro Cultura Inglesa (r. Deputado Lacerda Franco, 333, Pinheiros, SP, tel. 0/xx/11/ 3039-0553)
Quando:estréia hoje, às 21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às 20h
Quanto:R$ 25 e R$ 30 (sáb.)
Patrocinadores:BrasilTelecom e Petrobras
Peça "Senhor das Flores" questiona ética nas relações
da Folha de S. PauloDois homens apaixonados pela mesma mulher. Um deles a conquista, o outro sucumbe. Você já viu-ouviu essa história, mas ela ganha novos desdobramentos em "Senhor das Flores".
A peça de Vinicius Márquez, dramaturgo do Rio, é dirigida por Marco Ricca ("Shopping and Fucking", 99) e faz estréia nacional hoje no teatro Cultura Inglesa, em São Paulo.
É o próprio Ricca, 40, quem vislumbra as perspectivas éticas e poéticas nos laços de amor e amizade vividas pela bela Júlia, oculta na cena, e por aqueles que a amam, Oto (Elias Andreato), um professor universitário quarentão, e Julian (Caco Ciocler), um jovem yuppie.
"A primeira coisa que me tocou no texto foi a discussão ética das relações pessoais, a forma como lida com duas gerações, duas formas de pensar o mundo, que se encontram por causa do mesmo objeto de interesse, no caso Júlia, que vai gerar a perda em um e o roubar no outro", diz Ricca.
O que em princípio se anuncia com a inconformidade do personagem Oto diante do abandono, a violência extravasada contra o "inimigo", o outro, porém jamais levada à cabo, muda completamente de eixo quando, seis anos depois, os dois choram a mesma morte.
Estética
As discussões são lançadas na forma de um espiral, no qual os personagens transitam por máscaras e tempos variados, inclusive com apoio de uma fábula que justifica o título. É aí que entra a estética, segundo o diretor. Há o recurso da metalinguagem.
Na primeira parte da peça, os dois homens se encontram num teatro. Oto se traveste para acossar Julian.
Ricca diz que precisava de atores com potência para conduzir o jogo do espetáculo, a "vertigem a que chegam em suas perturbações", até a transformação de ambos ao final.
Esse "respiro de humanidade" na dramaturgia de Márquez, que "enxerga luz no final do túnel", continua Ricca, configura também uma ode à mulher. "É a partitura emocional de dois indivíduos contando a mesma história de dor e crescimento pessoal", afirma o diretor.
O exercício da conquista de confiança pelos personagens funcionou também para os intérpretes, concordam Andreato, 47, que completa 25 anos de carreira, e Ciocler, 31, indicado o Prêmio Shell de melhor ator, no Rio, pela montagem "Os Sete Afluentes do Rio Ota".
"O teatro é um material imponderável, a gente nunca sabe o que vai acontecer", afirma Andreato, sobre o resultado do trabalho. "É como a paixão que move os personagens e as pessoas na vida real."
Serviço
Senhor das Flores
Autor:Vinicius Márquez
Direção: Marco Ricca
Com:Elias Andreato e Caco Ciocler
Onde:teatro Cultura Inglesa (r. Deputado Lacerda Franco, 333, Pinheiros, SP, tel. 0/xx/11/ 3039-0553)
Quando:estréia hoje, às 21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às 20h
Quanto:R$ 25 e R$ 30 (sáb.)
Patrocinadores:BrasilTelecom e Petrobras
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