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10/02/2003 - 06h48

Fim de "Esperança" pode ser final da crise das novelas da Globo

LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Nos EUA já é um fato: os "reality shows" estão concentrando os investimentos das TVs -e a teledramaturgia entra em crise.

Em tempos de recursos escassos e necessidade de lucro rápido, redes norte-americanas têm preferido pôr dinheiro nas "novelas" de anônimos (fenômenos de ibope com custo mais baixo de produção) a pagar salários milionários a astros de séries (que só costumam sair do prejuízo depois de muita reprise). Seriados já tradicionais, como "Dawson's Creek", estão tendo o fim anunciado.

Entre executivos e anunciantes, parece não haver dúvida: a febre dos "realities", que começou com "Survivor" (2000), se não veio para virar um gênero da TV, pelo menos não será tão passageira.

E esse novo rumo do mercado televisivo dos EUA se dá justamente na hora em que, aqui, as três novelas da Globo estão com audiência abaixo do esperado. E, por outro lado, "Big Brother", mesmo em sua terceira edição, continua bem de ibope (na estréia, deu mais audiência do que a novela das oito) e patrocínio.

A direção da Globo acredita que o fato de as três tramas terem problemas ao mesmo tempo é uma coincidência, nada a ver com crise da teledramaturgia. Espera que o fim de "Esperança" (nesta semana), um dos piores desempenhos de todas as novelas das oito, seja o capítulo final dessa fase.

A emissora tem pressa para virar o jogo. Não cedeu aos inúmeros pedidos de Manoel Carlos para adiar a estréia de "Mulheres Apaixonadas", substituta de "Esperança".

Medo

Profissionais da teledramaturgia entrevistados pela Folha se mostram preocupados com a baixa audiência das novelas e o sucesso dos "reality shows". Dizem, porém, ter esperança de que seja uma crise passageira. "O "reality show", com custo mais baixo, agora ocupa um espaço que deveria ser da teledramaturgia. "A Casa das Sete Mulheres" poderia começar mais cedo e o lugar para minisséries na programação poderia ser permanente. Mas essa crise é passageira. A teledramaturgia brasileira é a espinha dorsal da Globo e vai superar as dificuldades", diz Lauro César Muniz, autor da Globo e presidente da Associação dos Roteiristas de TV.

Ana Maria Moretzsohn, autora de "Sabor da Paixão", atual novela das seis, diz que os "reality shows" não vão acabar tão cedo. "No Brasil ainda é novidade, mas deixará de ser. As novelas têm audiência cativa, mesmo que os números variem. Mas, independente do gênero, se o produto for bom, o público irá assisti-lo e não acredito em preferências por parte dos programadores. Isso seria uma burrice."

Autora da minissérie "A Casa das Sete Mulheres" (com bons resultados no Ibope), Maria Adelaide Amaral também é otimista: "A crise é cíclica. Já houve outros momentos em que a teledramaturgia esteve em baixa e ressurgiu das cinzas. O "Clone" provou que a teledramaturgia ainda é mais poderosa que a indigente realidade dos habitantes do "Big Brother'".
 

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