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28/02/2003
-
03h58
da Folha de S.Paulo, em Los Angeles
Na segunda adaptação para cinema do livro "O Americano Tranquilo" -clássico do escritor e critico inglês Graham Greene e que chega hoje ao Brasil-, Michael Caine vive um jornalista inglês que cobre a luta de liberação dos vietnamitas do exército da França colonial, na Saigon de 1952. Thomas Fowler, correspondente do "The Times", de Londres, fica amigo de um americano idealista (Brendan Fraser), e ambos amam a mesma mulher, a vietnamita Phuong (Hai Yen).
De 1946 a 1954 desenvolveu-se a Guerra da Indochina, onde os norte-vietnamitas, com o apoio da China, derrotaram os franceses, dividindo a região em quatro Estados independentes. A obra foi escrita por Greene em 1955 e o fez ser visto como anti-americano. O autor era também filiado ao Partido Comunista, "por diversão", como escreve em suas autobiografias, desde a época em que estudava história moderna em Oxford, "período em que passava os dias bêbado", conta Greene.
A primeira exibição oficial de "O Americano Tranquilo", dirigido pelo neozelandês Philip Noyce, foi em 10 de setembro de 2001. Na manhã seguinte, quando dos atentados terroristas nos EUA, a Miramax decidiu "aposentar" o filme, temendo que o pano de fundo político da história e o anti-americanismo de Greene fossem motivo de polêmica.
Caine iniciou então uma cruzada para levar o filme aos cinemas, lançando-o finalmente em novembro. O esforço valeu a pena. Ele conseguiu sua sexta indicação para o Oscar, como melhor ator, a única do filme, e pode ganhar a sua terceira estatueta.
Folha - Como você descreve seu trabalho com Philip Noyce, um diretor tido como perfeccionista?
Michael Caine - Ambos somos perfeccionistas, mas Philip é obsessivo, coisa que não sou. Mas acabei me tornando obsessivo com esse personagem, pois era um projeto que Philip tentava fazer há nove anos.
Folha - Explique sua preparação para o personagem.
Caine - Thomas Fawler é um personagem parcialmente autobiográfico, pois Greene foi correspondente do "Times", em Saigon. Tinha uma amante e bebia e fumava ópio como o personagem. Como havia a similaridade, a primeira coisa que fiz foi copiar o sotaque e o maneirismo dele.
Folha - Após o 11 de setembro, a Miramax pensou em não lançar o filme. Como você os convenceu?
Caine - Por alguns meses, não ouvimos nada de ninguém no estúdio, até dizerem que o filme seria lançado em janeiro de 2002, o que era como dizer, "Ei, vamos jogar seu filme na lata do lixo". Liguei pessoalmente para Harvey Weinstein [presidente da Miramax] e disse que ele tinha que nos dar uma chance, pois o filme não era ruim e nem explosivamente político. Disse que deveríamos mostrá-lo no Festival de Toronto. Se a reação fosse negativa, traria uma pá e o ajudava a enterrar o filme. Se fosse positiva, ele prometeria lançar o filme na temporada de Natal. E cumpriu a promessa.
"O Americano Tranquilo" quase foi aposentado pela Miramax
PAOULA ABOU-JAOUDEda Folha de S.Paulo, em Los Angeles
Na segunda adaptação para cinema do livro "O Americano Tranquilo" -clássico do escritor e critico inglês Graham Greene e que chega hoje ao Brasil-, Michael Caine vive um jornalista inglês que cobre a luta de liberação dos vietnamitas do exército da França colonial, na Saigon de 1952. Thomas Fowler, correspondente do "The Times", de Londres, fica amigo de um americano idealista (Brendan Fraser), e ambos amam a mesma mulher, a vietnamita Phuong (Hai Yen).
De 1946 a 1954 desenvolveu-se a Guerra da Indochina, onde os norte-vietnamitas, com o apoio da China, derrotaram os franceses, dividindo a região em quatro Estados independentes. A obra foi escrita por Greene em 1955 e o fez ser visto como anti-americano. O autor era também filiado ao Partido Comunista, "por diversão", como escreve em suas autobiografias, desde a época em que estudava história moderna em Oxford, "período em que passava os dias bêbado", conta Greene.
A primeira exibição oficial de "O Americano Tranquilo", dirigido pelo neozelandês Philip Noyce, foi em 10 de setembro de 2001. Na manhã seguinte, quando dos atentados terroristas nos EUA, a Miramax decidiu "aposentar" o filme, temendo que o pano de fundo político da história e o anti-americanismo de Greene fossem motivo de polêmica.
Caine iniciou então uma cruzada para levar o filme aos cinemas, lançando-o finalmente em novembro. O esforço valeu a pena. Ele conseguiu sua sexta indicação para o Oscar, como melhor ator, a única do filme, e pode ganhar a sua terceira estatueta.
Folha - Como você descreve seu trabalho com Philip Noyce, um diretor tido como perfeccionista?
Michael Caine - Ambos somos perfeccionistas, mas Philip é obsessivo, coisa que não sou. Mas acabei me tornando obsessivo com esse personagem, pois era um projeto que Philip tentava fazer há nove anos.
Folha - Explique sua preparação para o personagem.
Caine - Thomas Fawler é um personagem parcialmente autobiográfico, pois Greene foi correspondente do "Times", em Saigon. Tinha uma amante e bebia e fumava ópio como o personagem. Como havia a similaridade, a primeira coisa que fiz foi copiar o sotaque e o maneirismo dele.
Folha - Após o 11 de setembro, a Miramax pensou em não lançar o filme. Como você os convenceu?
Caine - Por alguns meses, não ouvimos nada de ninguém no estúdio, até dizerem que o filme seria lançado em janeiro de 2002, o que era como dizer, "Ei, vamos jogar seu filme na lata do lixo". Liguei pessoalmente para Harvey Weinstein [presidente da Miramax] e disse que ele tinha que nos dar uma chance, pois o filme não era ruim e nem explosivamente político. Disse que deveríamos mostrá-lo no Festival de Toronto. Se a reação fosse negativa, traria uma pá e o ajudava a enterrar o filme. Se fosse positiva, ele prometeria lançar o filme na temporada de Natal. E cumpriu a promessa.
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