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04/03/2003 - 14h51

MV Bill critica mídia, situação social e política em show no Rec-Beat

ISRAEL DO VALE
enviado especial ao Recife

O rapper MV Bill inflamou a platéia do Rec-Beat na noite de ontem, tanto com a música como com críticas à mídia, à situação social e à política de segurança do país. "Não adianta levar o [Fernandinho] Beira-Mar para outro lugar; enquanto tiver fome, falta de informação e de oportunidade, vai vir outro e outro e outro", disse durante um dos shows mais concorridos do festival de rock encravado no Carnaval pernambucano.

"É preciso parar de lutar contra o tráfico e lutar a favor da vida", disse, antes de cantar (em uníssono com o público) a polêmica "Soldado do Morro", cujo clipe o levou a acusações de apologia ao tráfico -a música inspirou o documentário "Falcão", que Bill está dirigindo, sobre garotos envolvidos com o tráfico de drogas. "O único tráfico inteligente que existe é o de informação", diria depois do show, no camarim, evocando o título de seu primeiro CD.

Bill fez críticas à cobertura do universo jovem feita pela TV. "A televisão só retrata os branquinhos de classe média; tem uma juventude perdida por aí, formada por seres invisíveis, transparentes, porque nunca aparecem na televisão."

Foi a primeira apresentação de Bill no Recife. "Eu não tava ligado que tinha uma rapaziada que curtia hip hop aqui", disse ao público. Após o show, reconheceu que teve certo temor pela idéia de se apresentar no meio do Carnaval.

O alvoroço de fãs em busca de um autógrafo do rapper gerou preocupações com a segurança, que precisou ser reforçada na entrada do backstage para contornar o empurra-empurra. Foi o único show até agora que exigiu isso, no dia de maior público -havia até gente encarapitada nos parapeitos de antigos casarões abandonados, numa das laterais do palco.

No encerramento da noite, o Cordel do Fogo Encantado assegurou o outro pico de empolgação do público deste terceiro dia do festival, com seu delirante e hipnótico sarau poético-percussivo.

A programação de ontem teve ainda os pernambucanos do Samba de Coco Raízes de Arcoverde (a atração "roots" do dia, com 13 pessoas de três diferentes gerações tirando faísca do palco com percussão, voz e "sapateado agreste", sustentado por homens e mulheres de tamancos), os recifenses do Etnia (contemporâneos de Chico Science em tentativa ainda frágil de sustentar o hardcore temperado de maracatu da primeira geração do mangue beat), os paulistas do Barbatuques (que enfrentaram sua maior provação, num ambiente pouco favorável às sutilezas de seu trabalho de percussão corporal) e os cariocas do Kau (trio eletrônico peso-pesado com percussão, que teve ajuda da chuva para transformar a Rua da Moeda em rave).

O Rec-Beat se encerra hoje com Percumirim + Rec-Lixon (PE), Maracatu Estrela Brilhante de Nazaré da Mata (PE), Flávio Guimarães (RJ) em dobradinha com Tavares da Gaita (PE), Eddie (PE), Mestres da Guitarrada (PA), Seu Jorge (RJ) e Lenine (PE).

O jornalista Israel do Vale viajou a convite da organização do Rec-Beat
 

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