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21/03/2003
-
07h00
da Folha de S. Paulo
Mesmo sem o tapete vermelho para servir como palco de opiniões e com os agradecimentos limitados a 45 segundos, o tema da ação militar norte-americana no Iraque deve marcar presença no Oscar, previsto para o próximo domingo, em Los Angeles.
Entretanto, em uma época em que expressões ideológicas têm reflexo instantâneo no faturamento, Hollywood deve se manifestar com cautela. Críticas devem vir mais de não-americanos (Bono, Stephen Daldry, Daniel Day-Lewis) e ativistas veteranos (Susan Sarandon, Richard Gere) do que de grandes nomes como Harrison Ford ou Martin Scorsese.
A Academia não fez nenhum pedido oficial para que o assunto fique de fora da cerimônia, e com a eliminação das entrevistas na entrada do Kodak Theater, anunciada anteontem, os discursos de agradecimento serão a única via para transmitir mensagens.
O problema é que nos últimos dias ficou clara a resistência dos defensores de Bush. Martin Sheen, que falou contra a guerra no Iraque e faz o papel do presidente americano no seriado "The West Wing", da NBC, vê a audiência de seu programa cair, enquanto a emissora recebe críticas e ameaças. O trio texano Dixie Chicks, que proclamou ter vergonha de ser do mesmo Estado de George W. Bush, sofre boicotes nas rádios e vê seus CDs serem queimados.
As críticas vêm também da imprensa. O "New York Post" publicou esta semana uma lista para "facilitar o boicote" do público. Entre os "admiradores de Saddam", de acordo com o jornal, estão Sean Penn, Sheryl Crow, Danny Glover e Martin Sheen.
O grupo antiguerra é grande. Assinaram petições Salma Hayek, George Clooney, Barbra Streisand, Angelina Jolie e Beastie Boys. Estes, ao lado do grupo System of a Down, transformaram o protesto em música. Uma presença curiosa na lista é Oprah Winfrey, fã do diretor Michael Moore ("Jogando Boliche por Columbine"), que vem questionando a guerra em seus programas.
Do outro lado, estão nomes como o do ex-senador e ator Fred Thompson (da série "Lei e Ordem"), Bruce Willis (que teria telefonado para oferecer apoio a Bush), o comediante Dennis Miller e o músico Kid Rock.
Vários astros têm feito questão de não se associar com nenhum dos lados. Tom Cruise e Steven Spielberg voltaram atrás em comentários polêmicos, enquanto Harrison Ford afirmou ser "a favor de mudanças nos regimes dos dois lados". Madonna, que critica o consumismo americano na música "American Life", disse, em comunicado, não ser anti-Bush ou pró-Iraque. "Sou pró-paz."
Os momentos mais inflamados devem ser as possíveis vitórias de Michael Moore (melhor documentário, por "Columbine") e Bono (o U2 concorre por "The Hands that Built America" como melhor canção). O inglês Stephen Daldry, diretor de "As Horas" promete críticas: "Seria impossível não mencionar nada". Quem não deve decepcionar os ativistas é Susan Sarandon, que usou o Oscar de 93 para protestar contra a situação dos refugiados haitianos.
Especial
Fique por dentro da 75ª edição do Oscar
Oscar deve virar palco para mensagens pró e contra a guerra
GUTO BARRAda Folha de S. Paulo
Mesmo sem o tapete vermelho para servir como palco de opiniões e com os agradecimentos limitados a 45 segundos, o tema da ação militar norte-americana no Iraque deve marcar presença no Oscar, previsto para o próximo domingo, em Los Angeles.
Entretanto, em uma época em que expressões ideológicas têm reflexo instantâneo no faturamento, Hollywood deve se manifestar com cautela. Críticas devem vir mais de não-americanos (Bono, Stephen Daldry, Daniel Day-Lewis) e ativistas veteranos (Susan Sarandon, Richard Gere) do que de grandes nomes como Harrison Ford ou Martin Scorsese.
A Academia não fez nenhum pedido oficial para que o assunto fique de fora da cerimônia, e com a eliminação das entrevistas na entrada do Kodak Theater, anunciada anteontem, os discursos de agradecimento serão a única via para transmitir mensagens.
O problema é que nos últimos dias ficou clara a resistência dos defensores de Bush. Martin Sheen, que falou contra a guerra no Iraque e faz o papel do presidente americano no seriado "The West Wing", da NBC, vê a audiência de seu programa cair, enquanto a emissora recebe críticas e ameaças. O trio texano Dixie Chicks, que proclamou ter vergonha de ser do mesmo Estado de George W. Bush, sofre boicotes nas rádios e vê seus CDs serem queimados.
As críticas vêm também da imprensa. O "New York Post" publicou esta semana uma lista para "facilitar o boicote" do público. Entre os "admiradores de Saddam", de acordo com o jornal, estão Sean Penn, Sheryl Crow, Danny Glover e Martin Sheen.
O grupo antiguerra é grande. Assinaram petições Salma Hayek, George Clooney, Barbra Streisand, Angelina Jolie e Beastie Boys. Estes, ao lado do grupo System of a Down, transformaram o protesto em música. Uma presença curiosa na lista é Oprah Winfrey, fã do diretor Michael Moore ("Jogando Boliche por Columbine"), que vem questionando a guerra em seus programas.
Do outro lado, estão nomes como o do ex-senador e ator Fred Thompson (da série "Lei e Ordem"), Bruce Willis (que teria telefonado para oferecer apoio a Bush), o comediante Dennis Miller e o músico Kid Rock.
Vários astros têm feito questão de não se associar com nenhum dos lados. Tom Cruise e Steven Spielberg voltaram atrás em comentários polêmicos, enquanto Harrison Ford afirmou ser "a favor de mudanças nos regimes dos dois lados". Madonna, que critica o consumismo americano na música "American Life", disse, em comunicado, não ser anti-Bush ou pró-Iraque. "Sou pró-paz."
Os momentos mais inflamados devem ser as possíveis vitórias de Michael Moore (melhor documentário, por "Columbine") e Bono (o U2 concorre por "The Hands that Built America" como melhor canção). O inglês Stephen Daldry, diretor de "As Horas" promete críticas: "Seria impossível não mencionar nada". Quem não deve decepcionar os ativistas é Susan Sarandon, que usou o Oscar de 93 para protestar contra a situação dos refugiados haitianos.
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