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22/03/2003
-
17h58
Um dos 18 espetáculos da Mostra Oficial do 12º Festival de Teatro de Curitiba se passa numa "fazenda" desconhecida do público. Os espectadores de "Belarmino e o Guardador de Ossos", que estréia neste domingo, são embarcados em um ônibus com janelas vedadas e transportados até o local da apresentação.
Em 1999, o grupo Os Satyros procedeu de forma semelhante na peça "Os Cantos de Maldoror", atração do Fringe que se passava numa área distante do centro da cidade.
A presença de "Berlamino" na grade oficial do 12º Festival de Teatro de Curitiba também tem lá seu grau de incógnita. A Cia. D'Artes do Brasil e seu diretor, Amauri Tangará, vêm da Chamada dos Guimarães (MT).
Não são conhecidos no eixo teatral formado por Rio e São Paulo. Na verdade, trata-se da primeira turnê pelo Sul do país.
Tangará, 50, atua ainda no circuito de cinemas, assinando curtas ou longa-metragens como "Figueira Mãe", adaptação do romance "Madona dos Páramos" (1981), do mato-grossense Ricardo Guilherme Dicke, 66.
O mesmo autor está na base de "Belarmino, o Guardador de Ossos". Tangará concebeu o texto da peça a partir do conto "Banzo", que Dicke lhe escreveu.
"Dicke é um dos grandes escritores do Mato Grosso. Ele foi descoberto por Guimarães Rosa. Glauber Rocha e Jorge Amado estão entre os seus admiradores, mas ele viveu à margem, na condição de maldito", afirma Tangará, que o conhece há 20 anos.
Porém, Dicke nunca deixou de publicar seus livros em produção independente. O diretor classifica a literatura de Dicke como cruel, poética, profundamente vinculada com a cultura autóctone, mítica da região pantaneira e do vizinho altiplano boliviano, "aquela terra onde Deus não vai", como brinca Tangará.
É de lá que o autor extrai seus personagens, suas histórias "dignas de um Gabriel García Marquez", afirma o encenador.
A idéia de transferir o enredo de "Banzo" para o habitat natural da histórica levou Tangará a optar por uma fazenda com lago e muitas plantas e árvores. Foi assim na temporada realizada no serrado da Chapada dos Guimarães. É assim agora em Curitiba.
Os atores Romeu Benedicto, Renan Dimuriez e Tati Mendes protagonizam a história de um caçador de jacarés, o "coureiro" Belarmino.
Certo dia, ele tem a visão da deusa das águas, Orejona, apaixona-se por ela, transforma-se em jacaré e torna-se, a partir de então, um comedor de caçadores.
"O público é deslocado, em todos os sentidos, para embarcar na aventura", afirma Tangará.
"Belarmino e o Guardador de Ossos", um drama, tem sessões de domingo até o último dia do festiva, 30/3.
Especial
Confira o que acontece no Festival de Teatro de Curitiba
Público vai de ônibus a uma "fazenda" para ver "Belarmino"
da Folha de S.Paulo, em CuritibaUm dos 18 espetáculos da Mostra Oficial do 12º Festival de Teatro de Curitiba se passa numa "fazenda" desconhecida do público. Os espectadores de "Belarmino e o Guardador de Ossos", que estréia neste domingo, são embarcados em um ônibus com janelas vedadas e transportados até o local da apresentação.
Em 1999, o grupo Os Satyros procedeu de forma semelhante na peça "Os Cantos de Maldoror", atração do Fringe que se passava numa área distante do centro da cidade.
A presença de "Berlamino" na grade oficial do 12º Festival de Teatro de Curitiba também tem lá seu grau de incógnita. A Cia. D'Artes do Brasil e seu diretor, Amauri Tangará, vêm da Chamada dos Guimarães (MT).
Não são conhecidos no eixo teatral formado por Rio e São Paulo. Na verdade, trata-se da primeira turnê pelo Sul do país.
Tangará, 50, atua ainda no circuito de cinemas, assinando curtas ou longa-metragens como "Figueira Mãe", adaptação do romance "Madona dos Páramos" (1981), do mato-grossense Ricardo Guilherme Dicke, 66.
O mesmo autor está na base de "Belarmino, o Guardador de Ossos". Tangará concebeu o texto da peça a partir do conto "Banzo", que Dicke lhe escreveu.
"Dicke é um dos grandes escritores do Mato Grosso. Ele foi descoberto por Guimarães Rosa. Glauber Rocha e Jorge Amado estão entre os seus admiradores, mas ele viveu à margem, na condição de maldito", afirma Tangará, que o conhece há 20 anos.
Porém, Dicke nunca deixou de publicar seus livros em produção independente. O diretor classifica a literatura de Dicke como cruel, poética, profundamente vinculada com a cultura autóctone, mítica da região pantaneira e do vizinho altiplano boliviano, "aquela terra onde Deus não vai", como brinca Tangará.
É de lá que o autor extrai seus personagens, suas histórias "dignas de um Gabriel García Marquez", afirma o encenador.
A idéia de transferir o enredo de "Banzo" para o habitat natural da histórica levou Tangará a optar por uma fazenda com lago e muitas plantas e árvores. Foi assim na temporada realizada no serrado da Chapada dos Guimarães. É assim agora em Curitiba.
Os atores Romeu Benedicto, Renan Dimuriez e Tati Mendes protagonizam a história de um caçador de jacarés, o "coureiro" Belarmino.
Certo dia, ele tem a visão da deusa das águas, Orejona, apaixona-se por ela, transforma-se em jacaré e torna-se, a partir de então, um comedor de caçadores.
"O público é deslocado, em todos os sentidos, para embarcar na aventura", afirma Tangará.
"Belarmino e o Guardador de Ossos", um drama, tem sessões de domingo até o último dia do festiva, 30/3.
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