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25/03/2003 - 05h00

Cinesesc elege melhores filmes de 2002

JOSÉ GERALDO COUTO
colunista da Folha de S. Paulo

Chegou a hora de ver ou rever o que os cinemas brasileiros exibiram de melhor em 2003.

Começa hoje, com a exibição para convidados do longa-metragem inédito "Rua Seis sem Número", de João Batista de Andrade, o Festival Sesc dos Melhores Filmes do Ano, promovido desde 1974 pelo Cinesesc.

Até o dia 6 de abril serão exibidos 30 longas-metragens nacionais e estrangeiros, escolhidos por 41 críticos e 620 espectadores que depositaram seus votos na urna do Cinesesc.

Este ano, coroando uma tendência de aproximação observada nos últimos tempos, houve pela primeira vez uma coincidência entre as escolhas da crítica e do público em todas as categorias em disputa: filme, diretor, ator e atriz, tanto na produção estrangeira como na nacional.

O filme brasileiro mais votado foi "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles (eleito melhor diretor); o estrangeiro, "Fale com Ela", de Pedro Almodóvar (também eleito como melhor diretor).

Lázaro Ramos ("Madame Satã") e Sabrina Greve ("Uma Vida em Segredo") foram os melhores atores brasileiros lembrados na mostra.

Os atores estrangeiros mais votados foram o argentino Ricardo Darín ("O Filho da Noiva") e a francesa Isabelle Huppert ("A Professora de Piano").

Pode-se discordar de um ou de outro escolhido, mas não há como contestar a legitimidade e a importância da eleição, a mais representativa do gênero no país, deixando muito para trás a da Associação Paulista dos Críticos de Arte (realizada em reunião com poucos votantes) e a da pomposa Academia Brasileira de Cinema, que só computa os votos dos críticos associados (leia-se pagantes).

Boa safra nacional

A mostra deste ano do Cinesesc é uma boa oportunidade para passar em revista uma safra excepcionalmente forte do cinema brasileiro.

Além de "Cidade de Deus", despontaram os ótimos "O Invasor", de Beto Brant; "Madame Satã", de Karim Ainouz; "O Príncipe", de Ugo Giorgetti; e os extraordinários documentários "Ônibus 174", de José Padilha, e "Edifício Master", de Eduardo Coutinho.

Do cinema radicalmente autoral de Júlio Bressane (com "Dias de Nietszche em Turim") ao entretenimento inteligente de Jorge Furtado (com "Houve uma Vez Dois Verões"), a cinematografia brasileira amadureceu e floresceu em várias frentes em 2002.

Já a produção internacional, no mesmo período, mostrou uma grande irregularidade.

Há uma distância abissal entre os melhores títulos _os autorais "Cidade dos Sonhos", de David Lynch; "Elogio ao Amor", de Jean-Luc Godard; "Água Quente sob uma Ponte Vermelha", de Shohei Imamura; além do citado "Fale com Ela"_ e o grosso da produção comercial.

Há muito tempo a chamada produção média de Hollywood e de seus sucedâneos europeus parece ter sido colocada no piloto automático.

Mesmo autores obviamente relevantes, como Robert Altman e Woody Allen, compareceram nas telas com obras menores, quase dispensáveis: "Assassinato em Gosford Park" e "Trapaceiros", respectivamente.

Um dado animador, por outro lado, é a presença do argentino "O Filho da Noiva" na votação e na mostra, sinal de que se começa a superar o histórico bloqueio de preconceito e ignorância diante do cinema latino-americano.


 

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