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26/03/2003 - 05h30

Rappers se encontram com emissário de Gilberto Gil

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S. Paulo

Enquanto nos Estados Unidos o rap ganha Oscar, a cultura hip hop paulistana encontrou um veio de diálogo com o governo federal. E já vai direto ao assunto. "Pedi logo uma concessão de rádio ao ministério", relata à Folha KL Jay, o DJ dos Racionais MC's.

Ele fez essa reivindicação ao antropólogo Hermano Vianna, emissário informal do ministro da Cultura, Gilberto Gil, a um encontro com representantes da cultura hip hop de São Paulo, como os Racionais KL Jay e Eddy Rock, Thaíde, Xis e outros.

"KL Jay fez essa reivindicação, mas não sei se vai se tornar uma proposta deles. Se apresentarem, o ministério vai analisar e ver o que é possível fazer", diz Vianna.

O encontro aconteceu no Ponto Chic do largo do Paissandu, no centro antigo de São Paulo. Foi intermediado pelo coordenador de Juventude da Prefeitura, Alexandre Youssef, que mantém proximidade com os rappers locais.

O rapper Xis e o cineasta Jefferson De, também ligado ao movimento, defenderam a necessidade de um subsídio estatal que faça essa cultura crescer _uma "cota hip hop", segundo termo deles.

Xis também defende a idéia de uma "rádio rap". "A gente tinha que ter uma rádio para tocar música negra do Brasil: Djavan, Berimbrown, Racionais, Xis", diz.

Vianna destaca que o contato foi apenas inicial e informal e que não chegou ao grupo com proposta prévia. Diz que sua intenção foi demonstrar que o MinC está aberto ao diálogo. Os rappers ficaram de formalizar um documento a ser enviado ao ministério.

Na reunião, KL Jay questionou a necessidade, apontada por vários participantes, de que o movimento hip hop passe por uma massificação nacional, agora com apoio oficial. "Coloquei que o hip hop é um movimento de contracultura. A gente nunca teve apoio, tudo que conseguimos foi à margem."

Sua preocupação é sobre se uma possível massificação seria feita de forma "positiva" ou "negativa". O DJ diz que é preciso que o hip hop cresça sem se dissolver ou perder raiz, como ele afirma que já aconteceu no passado com samba e música sertaneja.

Vianna aponta o ineditismo do encontro (o que é confirmado pelos rappers). Diz que costuma ser a primeira pessoa ligada a um governo federal com quem eles têm oportunidade de conversar.

O primeiro foco de aproximação se deu no Rio, via MV Bill, de que Hermano e o ministro são mais próximos. Isso teria causado desconforto no meio paulistano, que costuma se ver como locomotiva do hip hop nacional.

Os rappers evitam o assunto, mas acabam abordando-o indiretamente. Segundo Xis, o rap do Brasil se equivocou anteriormente, passando a imagem de que é "música de preto contra branco, de bandido, de morro e tráfico" _e isso deveria ser evitado.

KL Jay chama Bill de "irmão de fé" e coloca panos quentes na suposta rivalidade: "Temos que eliminar a vaidade. Somos uma família só. É a contracultura".

 

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