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29/03/2003
-
06h00
crítico da Folha de S. Paulo
Há de tudo que o cinema pode oferecer nestes dois filmes que o Telecine Classic exibe no fim de semana, "O Tigre de Bengala" (hoje, 22h) e "O Sepulcro Indiano" (amanhã, 22h).
Há amor e ódio, grandes castelos, homens perversos, elefantes, sensualidade, destino, símbolos, perigo, maus atores, bons atores, um quê cafona e outro sublime. É como se Fritz Lang (1890-1976), terminado seu exílio de mais de 20 anos nos EUA, quisesse retomar as coisas no ponto em que havia deixado.
Nos EUA, Lang nunca teve à disposição os recursos de seu início de carreira. Virava-se com orçamentos visivelmente apertados. Talvez por isso, em seu painel indiano, ele volta a um argumento escrito décadas atrás por Thea von Harbou (sua ex-mulher, que se converteu ao nazismo e permaneceu na Alemanha quando Lang deu no pé) sobre um arquiteto alemão que se apaixona por uma dançarina, por azar a mesma mulher por quem está apaixonado o príncipe para quem ele trabalha.
A dançarina descobre, em sua companhia, que é mestiça: metade indiana, metade européia. Quem quiser, pode ver aí psicanálise de quinta categoria. Pode ser. O fato é que por aí Lang coloca o problema central do filme: a que mundo pertence essa mulher?
Louis Skorecki, grande crítico francês, notou que a distância entre Lang e Alfred Hitchcock (1899-1980) é que, para o inglês, o homem é sempre inocente, enquanto para Lang ele existe sempre em estado de danação.
Na mesma linha, pode-se dizer que Hitchcock tinha em mente, sempre, Deus e a alma, enquanto Lang descreve, neste par de preciosos filmes, um mundo tomado de religiosidade para melhor afirmar não a supremacia ocidental, e sim o lado laico do mundo.
Problema: hoje também, com horário superposto, passa "Macunaíma" (23h, Canal Brasil), um dos grandes filmes de Joaquim Pedro de Andrade.
Fritz Lang afirma o lado laico do mundo
INÁCIO ARAUJOcrítico da Folha de S. Paulo
Há de tudo que o cinema pode oferecer nestes dois filmes que o Telecine Classic exibe no fim de semana, "O Tigre de Bengala" (hoje, 22h) e "O Sepulcro Indiano" (amanhã, 22h).
Há amor e ódio, grandes castelos, homens perversos, elefantes, sensualidade, destino, símbolos, perigo, maus atores, bons atores, um quê cafona e outro sublime. É como se Fritz Lang (1890-1976), terminado seu exílio de mais de 20 anos nos EUA, quisesse retomar as coisas no ponto em que havia deixado.
Nos EUA, Lang nunca teve à disposição os recursos de seu início de carreira. Virava-se com orçamentos visivelmente apertados. Talvez por isso, em seu painel indiano, ele volta a um argumento escrito décadas atrás por Thea von Harbou (sua ex-mulher, que se converteu ao nazismo e permaneceu na Alemanha quando Lang deu no pé) sobre um arquiteto alemão que se apaixona por uma dançarina, por azar a mesma mulher por quem está apaixonado o príncipe para quem ele trabalha.
A dançarina descobre, em sua companhia, que é mestiça: metade indiana, metade européia. Quem quiser, pode ver aí psicanálise de quinta categoria. Pode ser. O fato é que por aí Lang coloca o problema central do filme: a que mundo pertence essa mulher?
Louis Skorecki, grande crítico francês, notou que a distância entre Lang e Alfred Hitchcock (1899-1980) é que, para o inglês, o homem é sempre inocente, enquanto para Lang ele existe sempre em estado de danação.
Na mesma linha, pode-se dizer que Hitchcock tinha em mente, sempre, Deus e a alma, enquanto Lang descreve, neste par de preciosos filmes, um mundo tomado de religiosidade para melhor afirmar não a supremacia ocidental, e sim o lado laico do mundo.
Problema: hoje também, com horário superposto, passa "Macunaíma" (23h, Canal Brasil), um dos grandes filmes de Joaquim Pedro de Andrade.
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