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31/03/2003 - 12h09

Festival de Teatro de Curitiba: Imagens predominam sobre o texto

SERGIO SALVIA COELHO
crítico da Folha de S.Paulo
BETO LANZA
Especial para a Folha de S.Paulo

O 12º Festival de Teatro de Curitiba não foi marcado nem por uma grande criação na Mostra Contemporânea, nem por uma grande revelação no Fringe. Tanto grupos consagrados (Parlapatões, de São Paulo, Armazém, do Rio de Janeiro), como grupos que se destacaram em anos anteriores no Fringe e agora surgem "oficializados", como a Cia. Senhas de Curitiba, trouxeram resultados representativos de sua linha de pesquisa, mas não surpreenderam na dimensão que prometia o marketing do festival.

Talvez a maior façanha da Mostra Contemporânea tenha sido o espetáculo "Os Sete Afluentes do Rio Ota" ter mantido um público absorto e emocionado ao longo das cinco horas de apresentação. Porém isto é mais devido a uma produção cuidada e atuações memoráveis do que a uma inovação de linguagem, já que a montagem se apóia em uma criação de Robert Lepage de dez anos atrás.

Foram destaques no Fringe montagens que apresentaram uma linha clara de pesquisa. "Volta ao Dia...", de Márcio Abreu, subverte a lógica do cotidiano com um delicado poema cênico, permeado de pequenas humanidades e brilhantemente interpretado.

"Presépio de Hilariedades Humanas", do Brasil no Palco, de Brasília, parte da peça "A Pena e a Lei" de Ariano Suassuna para contagiar a platéia com a energia intensa do teatro popular.

"Vereda da Salvação" retoma o difícil texto de Jorge Andrade para uma releitura sensível e bem embasada, apesar da juventude do elenco.

"Vermelho Sangue Amarelo Surdo", do grupo Delírio, de Curitiba, expõe com uma plasticidade comovente as convicções artísticas de Van Gogh.

"F.", do grupo Persona de Florianópolis, apesar de uma interpretação irregular e de um roteiro limitado, usa com segurança a linguagem expressionista para sugerir o sufocante universo de Franz Kafka.

Tendências

Seja em grandes montagens ou em montagens mais despojadas houve um predomínio da imagem sobre o texto. Textos novos, como "Afeto" de Mônica Prinzac, da nova dramaturgia carioca, assim como a sensível "Mire e Veja" da Cia. do Feijão de São Paulo, se limitaram a ser fragmentos direcionados para a encenação, quando não inteiramente frutos de "dramaturgia participativa", como o importante "O Homem que não dava Seta" de Luís Alberto de Abreu e Chico Pelúcio, de declarada influência cinematográfica.

O futuro do Festival estaria no Fringe? Talvez. Mas, para que isso ocorra, seria necessário pensar um critério de seleção.

A inscrição livre, se por um lado democratiza o acesso e dá visibilidade a pequenas companhias, por outro acaba promovendo uma tendência à autopromoção a todo custo, não raro pelo bizarro.

Difícil distinguir um norte em meio a essa luta pelo lugar ao sol. Tendências podem ser criadas por pesquisas isoladas, mas seria indispensável haver um maior espaço para encontros e debates entre grupos.

Especial
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