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09/04/2003
-
02h44
da Folha de S.Paulo
Contra o desinteresse das grandes gravadoras, uma geração jovem de artistas ligados à música popular volta a adotar o velho lema "faça você mesmo" ensinado pelos punks e se fortifica adotando esquemas de produção coletiva e auto-suficiente.
Fenômeno já conhecido e ativo em capitais como Recife e Porto Alegre, os "coletivos" agora dominam o eixo Rio-São Paulo, cuidando da edição de discos no papel múltiplo de cantores, músicos, produtores, financiadores, artistas gráficos e selos lançadores.
Nesta semana, chega às lojas o primeiro produto do selo Ping Pong, dos cariocas Kassin e Berna Ceppas. É "Sincerely Hot", creditado a Domenico + 2, um desses "coletivos" instalados no Rio.
O trio, formado por Domenico Lancellotti, Moreno Veloso e o próprio Kassin, estreou há três anos, com o projeto Moreno + 2 -os integrantes se revezam, estabelecendo uma espécie de liderança itinerante que relativiza a autoria e conceitos antigos como o de "pop star".
Como do primeiro para o segundo projeto o selo indie que os bancava (Rockit!) fechou as portas, sobrou a Kassin, após tentativas em grandes gravadoras, fundar seu próprio selo, que será distribuído pela paulistana Trama.
A turvação da autoria se radicaliza no núcleo paulistano Instituto. Próximo do exemplo carioca pela gestão coletiva e pela distribuição da Trama, o Instituto borra ainda mais o projeto autoral: se algum dos quatro integrantes centrais trabalha mais intensamente numa produção, ainda assim a assinatura é coletiva, sem destacar esse ou aquele membro.
Ativos como produtores indie em São Paulo, os rapazes do Instituto já trabalharam com Racionais MC's, Otto, Sabotage, MV Bill, BNegão, Xis, Totonho e Os Cabra, Flu e vários outros.
Acabam de fazer seu primeiro trabalho para uma multinacional, remixando para a Sony uma faixa do novo CD do rapper carioca Marcelo D2. Só sairá em tiragem limitada em vinil, conservando assim a marginalidade do Instituto em relação à indústria do disco.
Do lado carioca, Kassin é o produtor mais assíduo do trio. Já produziu faixas esparsas em grandes gravadoras e é co-produtor do disco "Eu Não Peço Desculpa" (2002), de Caetano Veloso (pai de Moreno) e Jorge Mautner. Mas, fora do âmbito dessas relações familiares e de amizade, guarda em comum com o Instituto a distância das grandes gravadoras.
Em São Paulo, o Instituto leva adiante e aprofunda experiências já realizadas por "coletivos" locais como o Funk como le Gusta e o Mamelo Sound System, de Rodrigo Brandão, Daniel Pompeu e Alexandre Basa. Esse último grupo, que lançou em 2000 um álbum de esquema "faz-tudo", é tido pelo Instituto como fonte de inspiração técnica e conceitual.
No Rio, exemplo radical de "núcleo faz-tudo" é o niteroiense Quinto Andar, auto-identificado como uma "união de um monte de neguinho largado de toda parte do Brasil". Dedicado ao hip hop, o grupo se mantém na internet (www.quintoandar.cbj.net), onde faz circular música por download, e pela venda de CDRs em shows. Não tem álbuns "oficiais".
Grupos adotam modelo musical coletivo
PEDRO ALEXANDRE SANCHESda Folha de S.Paulo
Contra o desinteresse das grandes gravadoras, uma geração jovem de artistas ligados à música popular volta a adotar o velho lema "faça você mesmo" ensinado pelos punks e se fortifica adotando esquemas de produção coletiva e auto-suficiente.
Fenômeno já conhecido e ativo em capitais como Recife e Porto Alegre, os "coletivos" agora dominam o eixo Rio-São Paulo, cuidando da edição de discos no papel múltiplo de cantores, músicos, produtores, financiadores, artistas gráficos e selos lançadores.
Nesta semana, chega às lojas o primeiro produto do selo Ping Pong, dos cariocas Kassin e Berna Ceppas. É "Sincerely Hot", creditado a Domenico + 2, um desses "coletivos" instalados no Rio.
O trio, formado por Domenico Lancellotti, Moreno Veloso e o próprio Kassin, estreou há três anos, com o projeto Moreno + 2 -os integrantes se revezam, estabelecendo uma espécie de liderança itinerante que relativiza a autoria e conceitos antigos como o de "pop star".
Como do primeiro para o segundo projeto o selo indie que os bancava (Rockit!) fechou as portas, sobrou a Kassin, após tentativas em grandes gravadoras, fundar seu próprio selo, que será distribuído pela paulistana Trama.
A turvação da autoria se radicaliza no núcleo paulistano Instituto. Próximo do exemplo carioca pela gestão coletiva e pela distribuição da Trama, o Instituto borra ainda mais o projeto autoral: se algum dos quatro integrantes centrais trabalha mais intensamente numa produção, ainda assim a assinatura é coletiva, sem destacar esse ou aquele membro.
Ativos como produtores indie em São Paulo, os rapazes do Instituto já trabalharam com Racionais MC's, Otto, Sabotage, MV Bill, BNegão, Xis, Totonho e Os Cabra, Flu e vários outros.
Acabam de fazer seu primeiro trabalho para uma multinacional, remixando para a Sony uma faixa do novo CD do rapper carioca Marcelo D2. Só sairá em tiragem limitada em vinil, conservando assim a marginalidade do Instituto em relação à indústria do disco.
Do lado carioca, Kassin é o produtor mais assíduo do trio. Já produziu faixas esparsas em grandes gravadoras e é co-produtor do disco "Eu Não Peço Desculpa" (2002), de Caetano Veloso (pai de Moreno) e Jorge Mautner. Mas, fora do âmbito dessas relações familiares e de amizade, guarda em comum com o Instituto a distância das grandes gravadoras.
Em São Paulo, o Instituto leva adiante e aprofunda experiências já realizadas por "coletivos" locais como o Funk como le Gusta e o Mamelo Sound System, de Rodrigo Brandão, Daniel Pompeu e Alexandre Basa. Esse último grupo, que lançou em 2000 um álbum de esquema "faz-tudo", é tido pelo Instituto como fonte de inspiração técnica e conceitual.
No Rio, exemplo radical de "núcleo faz-tudo" é o niteroiense Quinto Andar, auto-identificado como uma "união de um monte de neguinho largado de toda parte do Brasil". Dedicado ao hip hop, o grupo se mantém na internet (www.quintoandar.cbj.net), onde faz circular música por download, e pela venda de CDRs em shows. Não tem álbuns "oficiais".
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