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10/04/2003 - 03h31

Camila Morgado rouba a cena em "Casa" e negocia com a Globo

DANIEL CASTRO
Colunista da Folha de S.Paulo

A atriz Camila Morgado, 27, jamais esquecerá esta data: 11 de setembro de 2002. Foi nesse dia que recebeu de Jayme Monjardim, diretor de telenovelas da TV Globo, a notícia de que seria a intérprete de Manuela de Paula Ferreira, na minissérie "A Casa das Sete Mulheres", encerrada anteontem, um dos maiores sucessos da emissora nos últimos anos.

Com dez anos de teatro, Morgado estreou na televisão já como protagonista, uma decisão ousada de Monjardim, após vê-la atuar em um teste. Sua personagem agradou. Manuela -que inicialmente teria bastante espaço apenas nos primeiros capítulos, seguindo como narradora da história inspirada em um romance ambientado na Guerra dos Farrapos (1835-1845)- cresceu e roubou a cena.

Os autores da minissérie atropelaram a obra original homônima e levaram Manuela (que jamais teria saído da fazenda onde vivia) para a guerra. A personagem passou a trafegar por todos os núcleos da trama. Essa possibilidade existia desde o começo, mas a decisão só foi tomada no 12º capítulo, quando Camila Morgado já era a grande revelação da TV em 2003.

"Ela é a atriz mais interessante que se viu nas últimas décadas. A última vez que vi um tal talento diante de mim foi no final dos anos 50, quando tive a oportunidade de assistir Cacilda Becker no teatro, fazendo "Pega Fogo'", exagera a "suspeita" Maria Adelaide Amaral, co-autora da minissérie.

Humilde, Morgado diz apenas que fez um bom trabalho, que se dedicou muito, mas divide o sucesso com o apelo da personagem que interpretou. "Ela [Manuela] é muito densa. Seu amor é muito genuíno", afirma.

A trajetória de Camila Morgado até "A Casa das Sete Mulheres" começou há dois anos. Uma produtora de elenco da Globo a viu em uma peça do diretor Gerald Thomas, a quem deve boa parte de sua formação teatral.

A produtora apresentou a atriz a Jayme Monjardim, que terminava de montar o elenco da novela "O Clone". "Ele disse: por que a gente não se conheceu antes?", lembra. "Prometeu me colocar na terceira fase da novela, mas não houve a terceira fase", conta.

Em setembro passado, Morgado foi contratada pela Globo para apenas um trabalho, o da minissérie. A emissora já negocia um novo contrato, agora de longa duração, privilégio hoje apenas das estrelas de primeira grandeza.

A televisão ainda assusta Morgado. "No teatro, o trabalho tem que estar na mão do ator. Na TV, isso é uma incógnita, é uma linguagem que ainda não domino. O ator é bom quando não domina nada. Tenho dez anos de teatro. É muito pouco. E meu objetivo nunca foi fazer TV", diz.

A atriz diz que recebeu muitas propostas de trabalho logo que estourou em "A Casa das Sete Mulheres". "Mas não vi nada, não consegui parar de trabalhar." Diz que "não dá para pegar nada agora", que quer "dar um tempo para o público se despedir de Manuela", mas não esconde que aceitaria proposta para ser protagonista de uma novela da Globo que estreasse daqui a seis meses.

Morgado afirma que nem sequer foi sondada para ser a protagonista do longa "Olga", projeto da Globo Filmes que pode ser dirigido por Jayme Monjardim. "Não sei de nada", despista. No cinema, já tem um compromisso, assumido antes da minissérie, de atuar em um filme sobre jovens que nasceram com o vírus HIV. O roteiro é de um amigo da atriz.

Nascida em Petrópolis, Camila Morgado foi para o Rio aos 17, estudar teatro. Foi dirigida por Gerald Thomas, com quem trabalharia em outras peças. Também estudou com Antunes Filho.
 

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