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11/04/2003 - 04h11

Fornada de CD de rap dos EUA mostra que gênero virou clichê

ANDRÉ BARCINSKI
free-lance para a Folha de S.Paulo

O rap norte-americano parece mesmo ter atingido uma fase de esgotamento criativo. Uma nova fornada de CDs do gênero, recém-lançados no Brasil, prova que os clichês, a mesmice e até o oportunismo parecem dar as cartas no mercado de rap dos EUA.

Os artistas são expressivos, gente como o finado Tupac Shakur, Xzibit, Busta Rhymes e o grupo Bone Thugs-n-Harmony, mas os discos, no geral, deixam muito a desejar. De repente, é 1993 de novo e está todo mundo fazendo cara de mau e cantando sobre armas, polícia e maconha.

O destaque da pacoteira é "Better Dayz", mais uma compilação de Tupac Shakur. O sujeito, aliás, está bem ativo para um rapper morto há seis anos: este é o sexto disco lançado depois de seu assassinato. Embora o adesivo na capa diga que o CD tem 20 faixas inéditas, algumas músicas já apareceram em compilações e discos de trilhas sonoras. O resto é material deixado na gaveta por Tupac e completado no estúdio com participações de Mya e NAS.

O resultado é mediano. A voz forte e os raps espertos de Tupac aparecem com destaque em faixas como "Still Ballin", mas não há nada que o rapper não tenha feito melhor anos atrás.

Se Tupac resolveu deixar algumas músicas guardadas, é porque havia uma razão boa para isso. Caso típico é a constrangedora "Never Call You Bitch Again", uma baladinha rap em que Tupac, exibindo seu romantismo "gangsta", pede desculpas à amada com a promessa: "nunca mais vou te chamar de vagabunda".

Outros dois lançamentos são obras menores de artistas que já deram o que falar. "Man Vs. Machine", do californiano Xzibit, é rap "high-tech" com produção de Dr. Dre, participações de Eminem e Nate Dogg e com cheiro de cópia do último CD de Eminem.

Já Busta Rhymes traz "It Ain't Safe No More", seu segundo disco em menos de um ano, uma coleção de raps requentados que parecem estar ali apenas para cumprir contrato com a gravadora.

A boa surpresa do pacote é "Thug World Order", do Bone Thugs-n-Harmony. O grupo de Cleveland parece ter esquecido um pouco a apologia ao crime e passou a se concentrar mais em letras sobre problemas sociais. Musicalmente, também evoluiu, misturando rhythm'n'blues e até blues em suas composições.

O resultado é mais leve que os álbuns anteriores da banda, porém mais criativo. O BTH faz até um "mea culpa" de seu passado "gangsta", na faixa "A Thug Soldier Conversation", uma conversa telefônica com o membro Flesh-n-Bone diretamente da penitenciária onde ele cumpre 11 anos de pena por porte de arma, ameaça terrorista e outras coisas.

Better Dayz
Artista:
Tupac Shakur
Lançamento: Universal
Avaliação:

Man Vs. Machine
Artista:
Xzibit
Lançamento: Columbia/Sony
Avaliação:

It Ain't Safe No More
Artista:
Busta Rhymes
Lançamento: BMG
Avaliação:

Thug World Order
Artista:
Bone Thugs-n-Harmony
Lançamento: Sony
Avaliação:

Quanto: R$ 25 (cada CD, em média)
 

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