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11/04/2003
-
07h28
crítico da Folha
A montagem de Rubens Rusche para o texto de Sarah Kane (1971-99), no qual fragmentos de monólogos embaralhados sugerem conflitos entre casais aleatórios, impressiona antes de tudo pela clareza da estratégia. O público entra ao som de uma agulha que volta ciclicamente ao fim do disco e, quando uma estante com partitura se ilumina no proscênio, está avisado que a forma será a de um exercício rítmico.
A cortina se abre diante de um belo cenário, os atores entram em procissão lenta, esticando sombras e se instalam nos nichos, passando em seguida a "vomitar" o texto, quase monotonamente.
Enquadrando o texto de Kane em uma matemática beckettiana, o encenador se filia assim a uma espécie de vanguarda clássica que remete a um Gerald Thomas do começo de carreira.
Há alguns problemas, porém. A partitura estabelecida pela encenação se limita ao desafio rítmico, propondo pouca diversidade em termos de volume ou entonação. Sobretudo, dando ênfase para a proeza técnica, os atores limitam-se muitas vezes a apenas dizer o texto. Vislumbra-se a dor do texto, com um deslocamento adequado à sua modernidade, mas permitindo que seja ofuscado por um certo preciosismo técnico.
"Ânsia", portanto, é um exercício arrojado e bem embasado conceitualmente, mas apenas tangencia a esfinge kaneana. Kane permanece sendo um desafio aberto para a cena brasileira.
Avaliação:
Ânsia
Texto: Sarah Kane
Direção: Rubens Rusche
Com: Laerte Mello, Nádia De Lion, Solânia Queiroz e Bruno Costa
Onde: Centro Cultural São Paulo - sala Jardel Filho (r. Vergueiro, 1.000, SP, tel 0/xx/11/3277-3611
Quando: sex. e sáb., às 21h, e dom., às 20h. Até 20/4
Quanto: R$ 10
Rusche enquadra peça de Sarah Kane em exercício arrojado
SERGIO SALVIA COELHOcrítico da Folha
A montagem de Rubens Rusche para o texto de Sarah Kane (1971-99), no qual fragmentos de monólogos embaralhados sugerem conflitos entre casais aleatórios, impressiona antes de tudo pela clareza da estratégia. O público entra ao som de uma agulha que volta ciclicamente ao fim do disco e, quando uma estante com partitura se ilumina no proscênio, está avisado que a forma será a de um exercício rítmico.
A cortina se abre diante de um belo cenário, os atores entram em procissão lenta, esticando sombras e se instalam nos nichos, passando em seguida a "vomitar" o texto, quase monotonamente.
Enquadrando o texto de Kane em uma matemática beckettiana, o encenador se filia assim a uma espécie de vanguarda clássica que remete a um Gerald Thomas do começo de carreira.
Há alguns problemas, porém. A partitura estabelecida pela encenação se limita ao desafio rítmico, propondo pouca diversidade em termos de volume ou entonação. Sobretudo, dando ênfase para a proeza técnica, os atores limitam-se muitas vezes a apenas dizer o texto. Vislumbra-se a dor do texto, com um deslocamento adequado à sua modernidade, mas permitindo que seja ofuscado por um certo preciosismo técnico.
"Ânsia", portanto, é um exercício arrojado e bem embasado conceitualmente, mas apenas tangencia a esfinge kaneana. Kane permanece sendo um desafio aberto para a cena brasileira.
Avaliação:
Ânsia
Texto: Sarah Kane
Direção: Rubens Rusche
Com: Laerte Mello, Nádia De Lion, Solânia Queiroz e Bruno Costa
Onde: Centro Cultural São Paulo - sala Jardel Filho (r. Vergueiro, 1.000, SP, tel 0/xx/11/3277-3611
Quando: sex. e sáb., às 21h, e dom., às 20h. Até 20/4
Quanto: R$ 10
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