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18/08/2000 - 03h58

Marisa Orth volta aos palcos interpretando Catarina em "A Megera Domada", de Shakespeare

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MARCELO RUBENS PAIVA, especial para a Folha

"A vantagem de parar de fazer teatro é que você volta a ter fim-de-semana. Você volta à sociedade, vai às festas", diz Marisa Orth, 36, que, depois de cinco anos sem fazer teatro, protagoniza "A Megera Domada", de Shakespeare.

Traduzida por Millôr Fernandes e com direção de Maurinho Mendonça ("Deus"), a comédia está prevista para estrear no dia 28 de setembro, em São Paulo, no teatro Cultura Artística.

Na peça, um rico comerciante de Pádua faz uma promessa: só deixa a sua filha dócil e cheia de pretendentes, Bianca, se casar se o mesmo acontecer com a filha mais velha, Catarina, uma moça rude e agressiva, que fala o que pensa, assustando a maioria dos homens. Marisa interpretará Catarina. O cenário e o figurino ficam por conta de Daniela Thomas. Ary França, Betty Gofman, Otavio Muller, Luis Damasceno e outros estão no elenco.

Desde a adolescência, Marisa já se destacava no circuito alternativo paulistano. Trabalhou com o grupo Vento Forte aos 17 anos. Estreou como estudante da EAD (Escola de Arte Dramática da USP), em 1983, com "Una Serata al Sugo", peça dirigida por Miroel Silveira, "o mesmo que descobriu a Cacilda Becker", lembra.

Mas foi em 1988, com a peça "Fica Comigo Essa Noite", de Flávio de Souza, que Marisa ganhou o buquê entregue ao seleto time de grandes atrizes brasileiras. Desde então, no teatro, no cinema, na TV e na música, Marisa construiu um currículo original:

1) Diferentemente da grande maioria de suas colegas, ela fez poucas novelas: "Rainha da Sucata" (1989) e "Deus nos Acuda" (1992), ambas da Rede Globo.

2) Apesar de já ter sido dirigida por atores como Paulo Autran, Marília Pêra e José Wilker e por diretores como José Possi Neto e José Rubens Silveira, ela nunca recebeu um prêmio de teatro.

3) Marisa nunca foi dirigida pela chamada tríade do teatro nacional Antunes Filho, Gerald Thomas e José Celso.

4) Ela já havia trabalhado com Miguel Falabella antes de "Sai de Baixo". Em 1991, viajaram com a peça "Algemas do Ódio".

5) Paralelamente à carreira de atriz, Marisa esteve no palco com as
bandas Luni e, depois, Vexame. Por um longo período, ela priorizou a sua carreira musical.

Marisa recebeu a Folha, enquanto seu único filho, João Antônio, 1, brincava na sala de TV em que estão o diploma enquadrado de psicologia da PUC-SP e os troféus de melhor atriz em filmes e novela.

Folha - Por que você ficou tanto tempo sem fazer teatro?
Marisa Orth -
Eu não estava sentindo mais energia em nenhum grupo. Não rolou nenhum convite interessante, apesar de sempre chegar texto aqui, graças a Deus.
É uma fase dura do teatro, no Brasil e no mundo. A maioria das peças que li não rolou.

Folha - Você topou fazer "A Megera Domada" de imediato?
Marisa -
Não. Primeiro, porque eu estava com um filho novo. Depois, estava com a temporada engatilhada do Vexame, uma superprodução em teatro com temporada. O Maurinho insistiu muito.

Folha - Passou a crise de fazer um programa de TV de extrema popularidade?
Marisa -
Você vai chamar de crise?

Folha - Não estava em crise?
Marisa -
Mas existem minicrises, pequenas e médias. E grandes.

Folha - Era uma grande crise?
Marisa -
Sempre tenho crises. E sempre adorei a idéia de ser popular. "Sai de Baixo" é uma comédia rasgada, a mais assumida que já fiz, de piada de uma linha só.
Meu medo era de ser confundida com uma humorista. Quem faz a Magda é uma atriz. É uma característica do ator brasileiro saber fazer comédia.

Folha - Pintou ciúmes do programa "No Limite", que invadiu o horário do "Sai de Baixo"?
Marisa -
"No Limite" é maravilhoso. São pessoas, numa ilha, loucos, um querendo acabar com o outro, por causa de 300 paus. Não deu ciúmes. Mas a gente segurava o horário. E o público tem reclamado que entramos tarde.

Folha - Quem criou a Magda?
Marisa -
A Magda não nasceu pronta. É um personagem de TV, que você não sabe direito quem montou. O público ajuda muito. Ela está sempre em evolução. Às vezes, faço a Magda com culpa, pois tenho pouco tempo de ensaio. Mas gosto dela. É bom fazer uma burra.

Folha - O Falabella é um mentor?
Marisa -
É um padrinho, que me trouxe a energia da risada sem culpa, essa coisa solar. O paulista não tem muita noção do Brasil. A sensação que eu tive, ao entrar na Globo, era a de que eu estava vendo o Brasil. O Rio é muito mais Brasil do que São Paulo.

Folha - Seu reconhecimento teatral veio com "Fica Comigo Essa Noite"?
Marisa -
Foi um fenômeno. Aplaudiram muito na estréia. Eu via o público crescendo, devido ao boca a boca. Não tínhamos dinheiro para fazer mídia. Montamos um espetáculo pobre, com a poupança do Flávio de Souza, com figurino doado e só seis refletores. Ficou um ano em cartaz.

Folha - Quando nasceu a cômica Marisa Orth?
Marisa -
O Vento Forte foi fundamental para a minha formação. Foi o meu primeiro contato com um grupo de teatro que priorizava a criação. No dia da apresentação, eu improvisei com uma caixinha de fósforo. Virou piada. Foi quando me disseram que eu era uma grande atriz cômica. Tinha 17 anos. Fiquei decepcionada, pois queria fazer teatro sério, como "Medéia" (risos).

Folha - No início, a música era mais importante que o teatro?
Marisa -
A energia da minha época estava com as bandas. Era o que eu queria conquistar. Eu tinha mais interesse pelas casas noturnas do que pelo teatro.

Folha - A popularidade veio com Nicinha ("Rainha da Sucata")?
Marisa -
O Silvio de Abreu me viu no "Fica Comigo Essa Noite" e me chamou para fazer a Nicinha, e foi um estouro. Em novela, não tem ensaio. Em "Sai de Baixo", também. Escolhi o teatro para fazer espetáculos mais elaborados, meu reservatório de acabamento.

Peça: A Megera Domada
Direção: Mauro Mendonça Filho
Quando: estréia 28 de setembro; de qui. a sáb., às 21h; dom., às 18h
Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, tel. 0/xx/11/258-3616)
Quanto: preço não definido

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