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21/04/2003 - 04h55

Cineasta tem longa inacabado sobre a prática da censura a filmes

SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

No momento em que sua mais reconhecida obra -"O Bandido da Luz Vermelha"- completa 35 anos de realização, o cineasta Rogério Sganzerla, 56, proclama: "Todos os maus filmes já foram feitos. Estão faltando os bons. Mesmo que inacabados".

Com uma homenagem a Sganzerla e a exibição de "O Bandido da Luz Vermelha" (entre outros oito títulos de sua autoria), o festival gaúcho ZoomCineEsquemaNovo dará partida em sua primeira edição, no próximo dia 6, em Porto Alegre.

O cineasta Gustavo Spolidoro, um dos curadores da mostra, diz que o nome de Sganzerla foi escolhido por representar o espírito que define o festival: a divulgação de trabalhos que "inovem, surpreendam, experimentem, ousem; filmes que não caminhem só em linha reta, mas que também andem para a direita, a esquerda, para cima e para baixo".

Ao citar filmes inacabados, Sganzerla -que oferecerá um workshop no ZoomCineEsquemaNovo- faz uma auto-referência. Há sete anos ele rodou "O Signo do Caos". Usou, pela primeira vez, o formato de película em super-16 mm.

Até hoje, não conseguiu concluir a montagem do longa-metragem, que será o 16º título de sua carreira, entre curtas, médias e longas. O diretor diz que não inscreveu o filme nas leis de renúncia fiscal e contou com o apoio da distribuidora carioca Riofilme para a produção.

Além de investir R$ 280 mil em "O Signo do Caos", a Riofilme prepara para este ano o lançamento em DVD de "O Bandido da Luz Vermelha".

Segundo Sganzerla, seu novo filme "é uma defesa do cinema". "Mas eu também acuso a figura do curador -aquele que agiganta orçamentos- como sendo o grande intermediário, o grande parasita da nossa tumultuada indústria cinematográfica", afirma.

O diretor diz que o filme se passa "num pequeno corredor com um alçapão, na verdade um ninho de monstros junto à alfândega, que controlam a importação e a exportação de material cinematográfico".

Esses "monstros" avaliam (e descartam) os filmes pela aparência de suas latas. Sganzerla diz que, por meio do filme, quis reunir "um manancial de informações sobre os mecanismos de censura que assombram nossas colônias desde os tempos trevosos das capitanias hereditárias". E conclui que "[a censura" é um assunto atual, pertinente e que ainda não foi tratado no cinema nacional".

O festival ZoomCineEsquema Novo tem mostra competitiva de 104 trabalhos, selecionados entre 583 inscritos. Até o dia 11 de maio, serão exibidos 1.080 minutos de programação, na sala de cinema da Usina do Gasômetro, pertencente à Prefeitura de Porto Alegre, que apóia a realização da mostra.

Entre os trabalhos apresentados estão 52 vídeos, 26 filmes em 35mm, 16 títulos em 16mm e dez obras em super-8.

"Nossa proposta é privilegiar a criatividade. Temos desde trabalhos universitários realizados com poucos recursos até filmes excelentissimamente bem-acabados", diz Spolidoro.
 

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