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22/04/2003 - 05h11

Megagalpão abriga arte contemporânea nos EUA

ROBERTO DIAS
da Folha de S.Paulo, em Nova York

Uma construção à beira do rio Hudson, feita em 1929 para abrigar uma gráfica ao norte de Nova York, vai ser transformada a partir do mês que vem num dos mais destacados museus de arte contemporânea do mundo.

O Dia:Beacon ocupará cerca de 22 mil metros quadrados de um conjunto de três prédios erguido pela fábrica de bolachas Nabisco com obras feitas a partir de 1960 por Andy Warhol, Richard Serra e Walter de Maria, entre outros.

O espaço é superior à soma das galerias dos museus Guggenheim, Whitney e MoMA, três das mais importantes referências de arte em Nova York.

A nova casa, que tem inauguração marcada para o próximo dia 18, abrigará o acervo permanente da Dia Foundation, conjunto raramente visto por falta de espaço.

Surgida em 1974, a Dia é uma criação do colecionador de arte alemão Heiner Friedrich e de sua mulher, Philippa de Menil. A entidade apóia projetos artísticos nos EUA e pelo mundo. Tem espaços de exposições em Manhattan (que passará a ser conhecido como Dia:Chelsea), em Long Island e no oeste dos EUA.

Os prédios em Beacon não são a primeira tacada inusual da fundação, que já comprou e transformou em museu, por exemplo, um posto de cavalaria na fronteira do Texas com o México que serviu também como casa de detenção para prisioneiros nazistas. Mas é provavelmente a mais ousada de suas idéias.

Avião

O plano nasceu do acaso, quando Michael Govan, diretor da DIA, pilotava seu avião sobre o rio Hudson, em direção a North Adams, Massachusetts. Foi aí que avistou o antigo prédio da Nabisco, em Beacon, uma cidade de 24 mil habitantes a cerca de cem quilômetros da cidade de Nova York. Decidiu ficar ali mesmo.

A área onde ficará o museu, com mais de 100 mil metros quadrados, foi doada à fundação em 1999 pela International Paper.

Daí em diante, a fundação traçou um projeto de investimento de US$ 50 milhões, US$ 2,8 milhões deles vindos de dinheiro público, sobretudo do governo do Estado de Nova York. Do total, US$ 17 milhões foram destinados à reforma dos prédios da antiga gráfica, projetados por um arquiteto da própria Nabisco chamado Louis N. Wirshing Jr., que tiveram suas características preservadas com as obras.

"A estrutura de aço, concreto e vidro é um modelo funcional e elegante da arquitetura industrial do século 20, com tetos altos, grandes espaços abertos e um sistema extenso de iluminação voltada para o norte", diz Dovan.

Inicialmente programado para ser inaugurado em 2001, o museu abre suas portas no mês que vem sob grande expectativa.

"Sem dúvida será um uma referência mundial da arte, sobretudo se for tão sublime quanto as outras casas da DIA", diz Ingrid Schaffner, curadora-sênior do Instituto de Arte Contemporânea da Universidade da Pensilvânia.

"Mas é uma pena escutar que ele está sendo propagandeado como um mausoléu para a melhor geração ["The Greatest Generation"] dos artistas americanos. Não apenas por causa da inoportuna referência à Segunda Guerra, mas também porque é uma pena limitar as conquistas da arte americana a um grupo tão homogêneo, formado quase exclusivamente por homens brancos", afirma Schaffner.

Um desafio, desde já, é certo para o novo Dia: atrair turistas mesmo estando numa pequena cidade do interior. Seus prédios ficam a cinco minutos de caminhada de uma estação de trem que liga a região a Manhattan. A expectativa inicial é modesta: a fundação espera que o museu receba entre 50 mil e 60 mil visitantes por ano, número muito menor do que o de espectadores dos museus de Manhattan -o Guggenheim e o MoMA, por exemplo, atraem cerca de 1 milhão de pessoas por ano cada um.
 

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