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24/04/2003 - 05h27

"A Peça sobre o Bebê" traz Gianecchini e Marília Gabriela

da Folha de S.Paulo

"Eu não sou atriz; é bom que vocês saibam logo disso; não que vocês tenham acreditado mesmo que eu fosse. Tudo bem, eu sou meio teatral... Também não pensem que eu sou da imprensa", diz, entre risinhos, a Mulher interpretada por Marília Gabriela, 54.

Numa outra passagem, a mesma se orgulha do caso que viveu com um jovem tenista de "bíceps maravilhosos". "O que mais eu poderia querer? Tênis todos os dias e tesão todas as noites", consola-se a Mulher para o Rapaz, papel defendido por Reynaldo Gianecchini, 30.

Se as fichas do real e do imaginário são intencionalmente embaralhadas no penúltimo texto do dramaturgo norte-americano Edward Albee, a produção brasileira de "A Peça sobre o Bebê" ("The Play about the Baby", 1998) amplia o desafio de apreensão do jogo teatral pelo espectador.
"Vão pensar que eu coloquei cacos", brinca Marília Gabriela, sobre a possível introdução de palavras suas nas falas escritas pelo autor. A apresentadora de TV e atriz bissexta volta ao palco depois da estréia profissional em "Esperando Beckett" (2000), dirigida por Gerald Thomas.

"A presença de Marília proporciona um plano curiosíssimo", diz o diretor Aderbal Freire-Filho, 61, entusiasmado em contar com "personalidades públicas" numa peça que questiona a realidade o tempo todo. Marília Gabriela e Reynaldo Gianecchini são casados na vida como ela é.

Albee desmonta as ilusões de um jovem casal, o Rapaz (Gianecchini) e a Moça (Simone Spoladore), persuadidos por um casal mais velho, a Mulher (Gabriela) e o Homem (Fulvio Stefanini).

A história começa com o nascimento de um bebê. Em tom realista, o Rapaz e a Moça estão eufóricos, embalam o futuro com a chegada do primeiro filho.

Logo, involuntariamente, dividem o teto com o Homem e a Mulher. Estes surgem do nada, em tom épico, não raras vezes dirigindo-se à platéia. Pregam contra fruto do amor, milagre da vida etc. Desbancam o "cheiro de juventude". Para eles, tudo ali é falso, das paredes ao bebê, um mero cobertor enrolado.

O poder de convencimento, por um lado, e a diluição das resistências, por outro, são os principais caminhos do enredo.

"É sensacional brincar com esses teatros, o realista e o épico. É como se uma peça tivesse a quarta parede, a outra não. A associação que Albee faz entre forma e conteúdo é brilhante, mistura fundamental para o drama contemporâneo", diz Freire-Filho.

O bebê em xeque remete a um clássico de Albee, "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?" (1961), que trazia o dilema da existência, ou não, de um bebê.

"No texto atual, o bebê simboliza o sonho da vida é bela para o casal mais novo, sem origem, profissão ou nome. Mas a "lavagem cerebral" feita pelo casal mais velho acaba com esse mar de rosas", diz Stefanini, 47 anos de carreira. Ele interpreta o Homem, "mestre do espetáculo que arma com a Mulher".

A PEÇA SOBRE O BEBÊ
Texto:
Edward Albee
Tradução: Armânio Gomes
Direção: Aderbal Freire-Filho
Quando: estréia hoje, às 21h; de qui. a sáb., às 21h; dom., às 18h
Onde: Teatro das Artes - shopping Eldorado (av. Rebouças, 3.970, SP, tel. 0/xx/11/3034-0075)
Quanto: R$ 50
Patrocinadores: Embratel e Visa
 

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