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30/04/2003 - 04h58

Record transforma história em negócio

LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Doze anos depois de assumir o controle da Record, a Igreja Universal descobre que o acervo da emissora, que completa meio século em setembro, pode ser uma importante fonte de renda.

A recuperação e organização dos arquivos, que incluem imagens raras dos anos 50, deverão consumir cerca de R$ 2 milhões.

A emissora, no entanto, diz acreditar que em pouco tempo irá recuperar o investimento. Com um mínimo de planejamento, a venda de imagens já rende algo em torno de R$ 25 mil por mês.

A restauração já atrai até estrangeiros. O canal Discovery e a rede britânica ITV, por exemplo, estão comprando imagens de Caetano Veloso, em especial dos "Festivais de MPB", para produzir documentários sobre o cantor.

A "profissionalização" do acervo deverá contar com alguns ajustes na relação com a concorrência. Antes desestruturado e sem controle, o arquivo não era vendido e chegava a ser usado por outros canais até sem autorização da direção da emissora.

Nessa nova fase, o mais delicado dos acertos deverá ser com Silvio Santos, que foi sócio e apresentador da emissora nos anos 70 e 80.

Na semana passada, a Record estudou a possibilidade de notificar o SBT pela exibição de um trecho de "Quem Tem Medo da Verdade?", dos anos 60. No programa, Roberto Carlos enfrentava um "julgamento", em que era acusado de desvirtuar os jovens. Silvio Santos foi seu "advogado de defesa", e o cantor foi absolvido.

"Temos que ver como lidar com essa situação, porque o Silvio deve ter imagens da época em que esteve aqui, mas elas pertencem à Record", disse à Folha Hélio Vargas, diretor de programação.

A saia justa só não foi adiante porque a Record está negociando a participação de artistas do SBT, Silvio Santos inclusive, em cinco especiais sobre seus 50 anos.

Incêndios e raridades

Grande parte da memória da Record foi perdida nos seis incêndios que a emissora enfrentou ao longo de sua história. Além disso, nos primeiros anos, sem videoteipe, a maior parte da programação era ao vivo. Fora isso, sem noção da importância da memória, produtores costumavam reutilizar os rolos de película, muitas vezes apagando programas históricos.

Parte do trabalho de reparação do arquivo está sendo desenvolvida pelo Estúdio Mega, que, entre outras coisas, atenua o chiado do som e os chuviscos das imagens mais antigas que sobraram.

Nesse garimpo, já foram encontradas cerca de 6.000 caixinhas com reportagens filmadas em película 16mm, dos anos 50 e 60.

Há cenas importantes, uma vez que filmar algo exigia um grande investimento por parte da emissora. Dentre as raridades, estão o registro da construção da ponte Rio-Niterói e da avenida 23 de maio, o enterro do presidente Castello Branco, em 1967, e a reforma do Palácio dos Bandeirantes, no mesmo ano.

Há também muito material de jornalismo internacional, desde importantes batalhas da Guerra do Vietnã até Jacqueline Kennedy assistindo a um desfile de moda na Índia, em 1962.

Especiais

A recuperação da memória acontece no momento em que a emissora completa meio século. A Record, terceira emissora a entrar no ar no país, estreou às 20h do dia 27 de setembro de 1953. Foi a "Globo" dos anos 60, quando viveu o "glamour" dos "Festivais de MPB".

Cenas batidas, como Caetano cantando "Alegria, Alegria" e Gil e os Mutantes com "Domingo no Parque", serão exibidas, agora com mais qualidade, ao longo dos cinco episódios do especial "Record 50 anos".

Wagner Matrone, diretor do projeto, deixa claro que o objetivo é homenagear a Record, mostrando "o melhor da emissora". O famoso chute que um bispo da Universal deu ao vivo numa imagem de Nossa Senhora Aparecida, em 1985, claro, ficará de fora.

 

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