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30/04/2003 - 08h06

Disco de Marcelo D2 quer irritar os extremistas do samba e do rap

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo

Em sua nova aventura solo, Marcelo D2 tem tudo para irritar extremos como os pilares do samba "puro", de um lado, e os heróis do hip hop paulistano Racionais MC's, de outro. "À Procura da Batida Perfeita" busca essa tal perfeição desrespeitando todos eles ao mesmo tempo.

Profana o rap à moda dos Racionais porque persegue uma identidade própria bem onde os outros querem se negar profundamente: no samba.

Avacalha com o samba porque ama apaixonadamente o hip hop e não acredita, em momento algum, nos dogmas do samba.

Neste novo disco solo, D2 está quase cantor, injetando molejo quase sambista em "A Maldição do Samba", em "Pilotando o Bonde da Excursão" (a faixa que fala do "pesadelo do pop"), sobretudo em "Qual É?".

Define-se como rimador e sai comparando-se aos partideiros, aos repentistas, aos versadores. Faz um parque de diversões das referências a esses todos.

Sampleia a bossa de Luiz Bonfá, o samba compacto de Paulinho da Viola, o samba-soul de Marku Ribas, o samba cafona de Antonio Carlos & Jocafi, o samba falado na sonorização do cinema nacional. Rapta frases de clássicos de Baden Powell, João Gilberto, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Bezerra da Silva, o Noriel Vilela de "16 Toneladas", Gerson King Combo, Chico Science.

Inventa sample-parceria com um de seus ídolos, João Nogueira, em "Re:Batucada", que existe também para que ele peça passagem a Chico Science, Cartola, Jovelina Pérola Negra, Tom Jobim, Candeia, João Nogueira, dona Neuma, Tim Maia. É a comissão de frente do rap-enredo do garoto que é crioulo, mas de doido não tem nada.

Essas são apenas as citações brasileiras -há outras tantas a Afrika Bambaataa, Public Enemy, NWA, Lauryn Hill etc. etc. etc. "Loadeando", em que expõe prematuramente seu filho de 11 anos, casa estrutura do gangsta rap com um discurso família, o auge da contradição no CD.

Comprimido entre tantas influências e referências, D2 parece extrair o sumo do seu discurso de recanto improvável. É quando cita mais uma vez Chico Science: "Comecei a pensar que eu me organizando posso desorganizar". Estamos em "Qual É?", que D2 sabe ser a faixa mais próxima da tal "batida perfeita". Espertamente, o disco acaba aí, ainda bem longe da inalcançável batida perfeita.

Avaliação:

À Procura da Batida Perfeita
Artista: Marcelo D2
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 25, em média
 

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