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01/05/2003 - 09h31

Cineasta abandona estilo tradicional para falar de Nelson Freire

MARCELO BARTOLOMEI
Editor de entretenimento da Folha Online

Em "Nelson Freire", não há depoimentos, com exceção do da também pianista Martha Argerich, amiga de longa data, e o do próprio músico, abandonando o tradicional estilo documentarista no cinema. A decisão foi do próprio diretor, o cineasta João Moreira Salles, 41, para quem o filme não poderia incluir opinião desapaixonadas.

Veja trecho da entrevista com o diretor do filme, que estréia nesta sexta, dia 2:

Folha Online - Você deixou o padrão do estilo de um documentário, em que se ouvem várias pessoas que vivem à volta do seu personagem principal, na hora de fazer o filme sobre Nelson Freire. Por que?

Salles -
Tudo isso foi abandonado. Isso é uma constatação que eu fiz recentemente, quando fui forçado a pensar sobre o filme. Eu entrevistei dois críticos de música, mas eles não funcionavam no filme por uma razão muito clara. O documentário tem 31 sequências, mas não tem nenhuma que não seja mediada pelo que vou chamar, muito perigosamente porque já é uma palavra banalizada, pelo amor.

Divulgação
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Nelson Freire e Martha Argerich;
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Não há nada que tenha afeto, carinho e amor, no sentido de amizade, pela música, evidentemente, pela professora de piano, do pai em relação a ele, dele em relação ao cinema americano, ao jazz e ao próprio cachorro. Amor à música que ele toca e também no desconforto que ele sente diante de um piano que ele acha que não produz o que ele quer. São cenas que têm como substrato o amor.

Um crítico, falando como especialista, que dá uma opinião desapaixonada, não cabe no filme, fica parecendo uma criatura bizarra. Não foi uma decisão convicta durante a filmagem. Foi na edição que eu percebia, de forma intuitiva, que esfriava o filme, ficava estranho.

Folha Online - Além de ter sido espectador do Nelson Freire, qual é sua relação com a música?

Salles -
Eu não sou um grande conhecedor de música e não sou um ouvinte exclusivo de música clássica. Não ouço música o tempo todo. No rádio, eu ouço a CBN [notícias]. Ouço muito mais AM, futebol... É uma relação importante, mas não é crucial na minha vida.

Folha Online - Mas você frequenta concertos, como já disse?

Salles -
Frequento, sim. É muito difícil passarem seis meses que eu não tenha ido a um ou dois concertos, mas não é uma relação visceral. Não sou uma pessoa que precise de música 24 horas por dia como, por exemplo, é o Nelson e várias outras pessoas. Isso, de certa maneira, dá um pouco o tom do filme. A música tem uma presença fundamental no filme, mas não é a única.

Eu sempre me interessei mais pelo que o Nelson é e representa do que pela música que ele toca. Acho que se o filme fosse dirigido por alguém que entende mais de música ele seria muito diferente, e se debruçaria mais sobre a música e os estilos, os compassos. Eu teria entrado muito mais nos aspectos puramente musicais, mas não fiz isso porque nem sei nem o que perguntar. O filme reflete um pouco este meu carinho pela música, mas não a devoção absoluta por ela. Eu me interesso pela música, mas me interesso mais pelo Nelson.

"Nelson Freire"
Produção:
Brasil, 2003
Direção: João Moreira Salles
Quando: a partir de sexta, dia 2 de maio, nos cinemas

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