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09/05/2003 - 07h02

Programa de TV quer resgatar Pereira de Almeida

PEDRO IVO DUBRA
da Folha de S.Paulo

Dramaturgo, ator, diretor, produtor, um dos principais realizadores do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, descobridor de Mazzaropi, Abílio Pereira de Almeida (1906-1977) anda hoje algo esquecido.

"Rei da bilheteria", com repetidas restrições da crítica, entre os anos 40 e 60, negligenciado pela maioria dos contemporâneos ao final da vida, o autor ressurge num documentário homônimo que o Canal Brasil exibe dentro da série "Retratos Brasileiros".

Apresentado na mostra competitiva do último Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, o trabalho do repórter do canal em São Paulo, Kiko Mollica, 32, tem o claro intuito de "resgatar", "revalorizar" e "recuperar" a figura do paulista quatrocentão, herdeiro do segundo maior escritório de advocacia de São Paulo à época, que abandonou a carreira para se dedicar profissionalmente às artes.

"Ele viveu os dois lados de várias moedas. Ganhou muito dinheiro, mas acabou na miséria. Era advogado, defendia causas. No entanto, em determinado período, ninguém o defendia. A esquerda falava que ele era da aristocracia; a direita, que era comunista", diz Mollica, que, pouco antes da realização do documentário, encomenda do Canal Brasil realizada no prazo de um ano, quase nada sabia do personagem.

Salpicado por imagens de uma entrevista concedida pelo artista à TV Cultura, em 76, e dos filmes que realizou, "Abílio Pereira de Almeida" conta com depoimentos de, entre outros, Anselmo Duarte, Dercy Gonçalves, Nydia Licia, Paulo Autran, Silnei Siqueira, Renato Consorte, Mauro Mendonça, Rosamaria Murtinho, Silvio de Abreu -que afirma ser Pereira de Almeida "o grande injustiçado do teatro brasileiro"-, da sobrinha Ceiça Parahyba Campos e de Maísa e Antônio de Pádua, seus filhos.

No teatro, ele deixou peças tais quais "Pif-Paf" (o primeiro texto, de 46, sobre o vício do jogo, que experimentou, chegando a perder casas em decorrência dele), "A Mulher do Próximo" -que integrou a inauguração do TBC, em 48, com Cacilda Becker no papel principal- e "Paiol Velho" (50). No cinema, deixou o nome na ficha técnica de aproximadamente 30 produções - "Caiçara" (50) e "Sinhá Moça" (53), por exemplo.

Desiludido -"acho que já estou sobrando, está tudo desaparecendo do cenário", diz na entrevista à Cultura-, doente e pouco lembrado, Abílio Pereira de Almeida se matou com um tiro, aos 71 anos, em 11 de maio de 77.

ABÍLIO PEREIRA DE ALMEIDA
Quando: domingo (11/5), às 20h, no Canal Brasil
 

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