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13/05/2003 - 21h30

Em discurso no Congresso, Gil pede mais verba para a Cultura

PLÍNIO FRAGA
da Folha de S.Paulo

Após embate com o secretário de Comunicação, Luiz Gushiken, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, começa nesta quarta-feira (14) no Congresso uma tentativa de tornar-se o "Jack Lang brasileiro", como ele próprio define, numa referência ao seu equivalente francês nos anos 90.

Gil, em pronunciamento às 9h30 na Comissão de Educação e Cultura da Câmara, pedirá o empenho dos parlamentares na quintuplicação da dotação orçamentária de sua Pasta já em 2004 --um salto dos atuais R$ 173,4 mi para cerca de R$ 1 bi.

É uma tentativa de "deslocar o ministério de um lugar obscuro para uma posição de vanguarda no cenário de desenvolvimento cultural e econômico brasileiro", como define a primeira versão do discurso preparou hoje.

Ministro da Cultura da França de um governo socialista por dez anos em dois períodos, Lang não foi tomado como modelo por Gil por acaso. Modernizou as formas de financiamento da cultura francesa, integrou a cultura aos órgãos de desenvolvimento econômico, apoiou novas formas de expressão artística e tornou-se um exemplo de gestão. São tarefas que o ministro acredita serem prioritárias também no governo Lula.

Quando assumiu o cargo em 81, Jack Lang tinha um orçamento próximo a US$ 500 milhões. Dobrou no ano seguinte e deixou a Pasta dez anos depois com um valor cinco vezes maior.

Crise

Criticado por amplos setores do PT desde a sua escolha para o cargo, Gil disputava com Gushiken o poder sobre as verbas que as estatais aplicam em projetos culturais. A crise do governo com artistas e produtores foi exposta na semana passada, com o secretário de Comunicação tendo saído desgastado com seu principal aliado e amigo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Gil tenta seu próximo passo inspirado em um personagem de força de um governo socialista emblemático para a esquerda, o de François Miterrand (1981-95).

Apoiador da candidatura de Fernando Henrique Cardoso em 94, Gil condenará em seu discurso no Congresso o que chama de "esvaziamento" da cultura por meio de políticas neoliberais.

Contemporizador após a polêmica com Gushiken sobre a necessidade de contrapartidas sociais para investimento público em projetos de cultura, o ministro insistirá na importância do papel social de ações culturais, citando o projeto Refavela, de apoio a manifestações de áreas periféricas.

Gil quer convencer o governo e o Congresso de que o Ministério da Cultura é um instrumento para um novo ciclo de desenvolvimento econômico do país.

Carta

Nesta terça-feira, foi divulgado um texto, batizado de "Carta do Ceará", em que 57 profissionais da indústria cinematográfica pedem o fim da "concentração dos recursos no eixo Rio-SP e nas mãos de poucos".

O grupo --do qual faz parte o ator Matheus Nachtergaele, o documentarista Paulo Sacramento e a cineasta e atriz Florinda Bolkan-- assinou o documento no 13º Cine Ceará, em Fortaleza.

O objetivo é apoiar e agregar reivindicações a um manifesto assinado na semana passada por mais de 50 cineastas, como Fernando Meirelles e Nelson Pereira dos Santos, que pede a reformulação da política de incentivo cultural.
 

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