Publicidade
Publicidade
15/05/2003
-
06h42
da Folha de S.Paulo, em Cannes
A competição oficial do 56º Festival de Cannes começa hoje com a prata da casa. "Ce Jour-Là" (Este Dia), do franco-chileno Raoul Ruiz, mescla três histórias distintas --um conto, uma fábula e uma trama policial.
Para a exibição fora de concurso na solene abertura, na noite de ontem, o festival selecionou também uma produção francesa, "Fanfan la Tulipe", dirigida por Gérard Krawczyk e roteirizada pelo menos francês dos cineastas --Luc Besson.
Trata-se de um capa-e-espada ambientado no século 18, com Vincent Perez no papel-título. Notabilizado pelo futurista "O Quinto Elemento" e produtor de filmes considerados ultracomerciais na França, Besson encarou a imprensa com enfado ontem.
"Não vi a primeira versão" foi a resposta que deu ao convite para comentar semelhanças e dessemelhanças deste "Fanfan la Tulipe" em que assina (junto com Jean Cosmos) "roteiro, adaptação e diálogos" com a versão original, dirigida por Christian-Jaque e que teve Gina Lolobrigida no papel agora entregue a Penélope Cruz (Adeline).
Como não foi possível evitar de todo as comparações, o diretor Krawczyk saiu em defesa do cinema de entretenimento. "Distrair as pessoas também é nobre. Uma das alegrias do cinema francês é ser esse arco-íris. Não joguemos as categorias umas contra as outras", disse.
Com cabelos curtos e cacheados, Penélope Cruz cortejou a França. "Espero que este filme seja só o começo de meu trabalho aqui. Eu me sinto confortável neste país." O flerte deu chance à provocação de uma jornalista norueguesa: "Isto quer dizer que não se sente confortável trabalhando nos Estados Unidos?".
Por se apressar em negar, a atriz gaguejou um pouco. Depois, citou "Vanilla Sky", em que contracena com o namorado, Tom Cruise, como exemplo de filme que gostou de fazer na América.
Outro jornalista quis saber por que Cruise não a acompanharia no tapete vermelho do Palácio do Festival, ontem. "Ele está trabalhando", afirmou. Diante da pergunta, Besson voltou à carga, indagando ao repórter se "isso" era tudo o que queria saber.
No domínio mais propriamente cinematográfico, o roteirista defendeu a atualidade de "Fanfan la Tulipe". "Acho bastante contemporâneo um filme em torno de confusões sobre a guerra e conflitos entre países europeus", disse.
A rivalidade entre Estados Unidos e França surgida no episódio da guerra no Iraque foi abordada na apresentação dos jurados do festival à imprensa.
O presidente do júri, o cineasta Patrice Chéreau, disse: "Somos três franceses [além dele, os atores Jean Rochefort e Karin Viard] e dois americanos [o cineasta Steven Soderbergh e a atriz Meg Ryan] neste júri. No nosso métier, falamos bem e falamos sempre".
Ryan e Soderbergh responderam "não " à pergunta se tinham sido sondados para participar de um boicote ao festival.
Chéreau disse que, na presidência do júri, não será "ditatorial", mas procurará ser "bastante persuasivo".
Integrante do júri, o cineasta bósnio Danis Tanovic ("Terra de Ninguém") agiu como provocador. "Ainda bem que ele não é ditatorial, porque eu adoro discutir. Estamos no primeiro dia, e eu já discordei dele [Chéreau]."
O presidente do júri afirmou não se espantar com o fato de filmes de estilos distintos serem colocados em competição e disse que não lhe assusta a perspectiva de outorgar uma Palma de Ouro.
"No cinema, estamos sempre competindo. Quando lançamos um filme na sexta-feira, ele compete com todos os outros que estão em cartaz. Quando terminamos um filme, nos medimos para saber como estamos em relação ao trabalho anterior", disse.
Especial
Saiba mais sobre a 56º edição do Festival de Cannes
Prata da casa ganha brilho na noite inaugural de Cannes
SILVANA ARANTESda Folha de S.Paulo, em Cannes
A competição oficial do 56º Festival de Cannes começa hoje com a prata da casa. "Ce Jour-Là" (Este Dia), do franco-chileno Raoul Ruiz, mescla três histórias distintas --um conto, uma fábula e uma trama policial.
Para a exibição fora de concurso na solene abertura, na noite de ontem, o festival selecionou também uma produção francesa, "Fanfan la Tulipe", dirigida por Gérard Krawczyk e roteirizada pelo menos francês dos cineastas --Luc Besson.
Trata-se de um capa-e-espada ambientado no século 18, com Vincent Perez no papel-título. Notabilizado pelo futurista "O Quinto Elemento" e produtor de filmes considerados ultracomerciais na França, Besson encarou a imprensa com enfado ontem.
"Não vi a primeira versão" foi a resposta que deu ao convite para comentar semelhanças e dessemelhanças deste "Fanfan la Tulipe" em que assina (junto com Jean Cosmos) "roteiro, adaptação e diálogos" com a versão original, dirigida por Christian-Jaque e que teve Gina Lolobrigida no papel agora entregue a Penélope Cruz (Adeline).
Como não foi possível evitar de todo as comparações, o diretor Krawczyk saiu em defesa do cinema de entretenimento. "Distrair as pessoas também é nobre. Uma das alegrias do cinema francês é ser esse arco-íris. Não joguemos as categorias umas contra as outras", disse.
Com cabelos curtos e cacheados, Penélope Cruz cortejou a França. "Espero que este filme seja só o começo de meu trabalho aqui. Eu me sinto confortável neste país." O flerte deu chance à provocação de uma jornalista norueguesa: "Isto quer dizer que não se sente confortável trabalhando nos Estados Unidos?".
Por se apressar em negar, a atriz gaguejou um pouco. Depois, citou "Vanilla Sky", em que contracena com o namorado, Tom Cruise, como exemplo de filme que gostou de fazer na América.
Outro jornalista quis saber por que Cruise não a acompanharia no tapete vermelho do Palácio do Festival, ontem. "Ele está trabalhando", afirmou. Diante da pergunta, Besson voltou à carga, indagando ao repórter se "isso" era tudo o que queria saber.
No domínio mais propriamente cinematográfico, o roteirista defendeu a atualidade de "Fanfan la Tulipe". "Acho bastante contemporâneo um filme em torno de confusões sobre a guerra e conflitos entre países europeus", disse.
A rivalidade entre Estados Unidos e França surgida no episódio da guerra no Iraque foi abordada na apresentação dos jurados do festival à imprensa.
O presidente do júri, o cineasta Patrice Chéreau, disse: "Somos três franceses [além dele, os atores Jean Rochefort e Karin Viard] e dois americanos [o cineasta Steven Soderbergh e a atriz Meg Ryan] neste júri. No nosso métier, falamos bem e falamos sempre".
Ryan e Soderbergh responderam "não " à pergunta se tinham sido sondados para participar de um boicote ao festival.
Chéreau disse que, na presidência do júri, não será "ditatorial", mas procurará ser "bastante persuasivo".
Integrante do júri, o cineasta bósnio Danis Tanovic ("Terra de Ninguém") agiu como provocador. "Ainda bem que ele não é ditatorial, porque eu adoro discutir. Estamos no primeiro dia, e eu já discordei dele [Chéreau]."
O presidente do júri afirmou não se espantar com o fato de filmes de estilos distintos serem colocados em competição e disse que não lhe assusta a perspectiva de outorgar uma Palma de Ouro.
"No cinema, estamos sempre competindo. Quando lançamos um filme na sexta-feira, ele compete com todos os outros que estão em cartaz. Quando terminamos um filme, nos medimos para saber como estamos em relação ao trabalho anterior", disse.
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice