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16/05/2003
-
12h43
Em Cuba, os cineastas "estão no meio do fogo cruzado" do discurso oficial, que não admite críticas, e dos produtores estrangeiros, que têm "uma visão bastante agressiva da realidade cubana", afirmou nesta sexta-feira Enrique Colina, cujo filme "Entre Ciclones" foi apresentado na Semana da Crítica do Festival de Cannes.
Referindo-se à necessidade de recorrer ao financiamento externo por causa das dificuldades econômicas da ilha, o cineasta disse que as co-produções "tiveram grande espaço no cinema cubano".
"Os produtores, sobretudo os europeus, com os quais trabalhamos mais, têm uma certa imagem da situação de Cuba. Ou seja, nós estamos no meio do fogo cruzado. De um lado, há um discurso oficial que não aceita nenhuma crítica à realidade cubana - ou muito crítica - e, de outro, os produtores estrangeiros, que muitas vezes têm uma visão bastante agressiva da realidade cubana ou que gostariam que o cinema cubano fosse muito crítico em relação à sua realidade. Ou que desse uma visão pitoresca ou folclórica dessa realidade", explicou.
Existem, segundo o diretor, espaços em que a crítica da sociedade é admitida. "Ela se torna mais difícil nos meios de comunicação que atingem um público maior. Por exemplo, há uma literatura muito crítica, há um teatro muito crítico. No cinema, no entanto, tudo é mais controlado e na televisão não existe espaço para crítica alguma". O mesmo ocorre na imprensa, que só publica o discurso oficial.
Apesar de tudo, "no cinema ainda existe um espaço de liberdade", lembrou.
Filme de Colina é comédia de costumes
Enrique Colina, 59, é autor de vários documentários e crítico de cinema. "Entre ciclones" é seu primeiro longa-metragem de ficção e pode ser classificado como uma comédia de costumes, gênero que é tradicional na cultura cubana e especialmente no cinema.
O longa de Colina, no entanto, retoma o gênero com algumas mudanças. "Nos anos 80, a comédia de costumes não retratava os setores mais desfavorecidos da população, como os negros", disse.
Há seis semanas em cartaz na ilha, "Entre Ciclones" tem sido um sucesso de bilheteria, com 500 mil espectadores até o momento.
Por que Colina decidiu mudar do documentário para a ficção? "Na realidade, isto deveria ter acontecido há 15 anos, mas com a crise em Cuba, depois do esfacelamento da URSS, não havia financiamento para o cinema", contou.
Segundo ele, "este é o drama de toda a cinematografia latino-americana, mas para nós havia até então um financiamento estatal garantido, e a partir daquele momento, ficamos na mesma situação dos outros países da América Latina", disse.
Especial
Saiba mais sobre a 56º edição do Festival de Cannes
"Cineastas cubanos estão no meio do fogo cruzado", diz diretor
da France PresseEm Cuba, os cineastas "estão no meio do fogo cruzado" do discurso oficial, que não admite críticas, e dos produtores estrangeiros, que têm "uma visão bastante agressiva da realidade cubana", afirmou nesta sexta-feira Enrique Colina, cujo filme "Entre Ciclones" foi apresentado na Semana da Crítica do Festival de Cannes.
Referindo-se à necessidade de recorrer ao financiamento externo por causa das dificuldades econômicas da ilha, o cineasta disse que as co-produções "tiveram grande espaço no cinema cubano".
"Os produtores, sobretudo os europeus, com os quais trabalhamos mais, têm uma certa imagem da situação de Cuba. Ou seja, nós estamos no meio do fogo cruzado. De um lado, há um discurso oficial que não aceita nenhuma crítica à realidade cubana - ou muito crítica - e, de outro, os produtores estrangeiros, que muitas vezes têm uma visão bastante agressiva da realidade cubana ou que gostariam que o cinema cubano fosse muito crítico em relação à sua realidade. Ou que desse uma visão pitoresca ou folclórica dessa realidade", explicou.
Existem, segundo o diretor, espaços em que a crítica da sociedade é admitida. "Ela se torna mais difícil nos meios de comunicação que atingem um público maior. Por exemplo, há uma literatura muito crítica, há um teatro muito crítico. No cinema, no entanto, tudo é mais controlado e na televisão não existe espaço para crítica alguma". O mesmo ocorre na imprensa, que só publica o discurso oficial.
Apesar de tudo, "no cinema ainda existe um espaço de liberdade", lembrou.
Filme de Colina é comédia de costumes
Enrique Colina, 59, é autor de vários documentários e crítico de cinema. "Entre ciclones" é seu primeiro longa-metragem de ficção e pode ser classificado como uma comédia de costumes, gênero que é tradicional na cultura cubana e especialmente no cinema.
O longa de Colina, no entanto, retoma o gênero com algumas mudanças. "Nos anos 80, a comédia de costumes não retratava os setores mais desfavorecidos da população, como os negros", disse.
Há seis semanas em cartaz na ilha, "Entre Ciclones" tem sido um sucesso de bilheteria, com 500 mil espectadores até o momento.
Por que Colina decidiu mudar do documentário para a ficção? "Na realidade, isto deveria ter acontecido há 15 anos, mas com a crise em Cuba, depois do esfacelamento da URSS, não havia financiamento para o cinema", contou.
Segundo ele, "este é o drama de toda a cinematografia latino-americana, mas para nós havia até então um financiamento estatal garantido, e a partir daquele momento, ficamos na mesma situação dos outros países da América Latina", disse.
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