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19/05/2003 - 06h01

News Corp. aposta em produção de conteúdo

LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Aos 72 anos, Rupert Murdoch, magnata internacional da mídia, dá os primeiros passos para conquistar o mercado brasileiro.

Fox e Sky, canal e operadora de TV por assinatura do conglomerado do empresário, uniram-se pela primeira vez no Brasil para investir na recuperação de antigas e raras obras do cinema nacional.

São dois os objetivos principais: agregar às marcas de Murdoch uma imagem "do bem" (de valorizar a cultura nacional) e investir em conteúdo exclusivo, já que os direitos de exibição dos longas vão ficar com a Fox e a estréia será num canal vago da Sky.

A exclusividade na programação costuma ser a grande arma de Murdoch nos países onde penetra. No Brasil, não é diferente.

A Sky (operadora de TV por assinatura via satélite digital, com 740 mil assinantes) foca nesse rumo desde julho do ano passado, quando o controle da empresa deixou de ser das Organizações Globo e passou para a News Corporation, de Murdoch (há um terceiro sócio, a Liberty Media).

No final do ano, a operadora iniciou a transmissão exclusiva para o Brasil do Fox News, canal ultraconservador de notícias, que ultrapassou a audiência da CNN nos Estados Unidos. Além disso, tem ampliado o número de atrações do sistema "pay-per-view".

A empresa Fox do Brasil, também controlada pela News Corporation, é responsável pela programação de quatro canais de TV por assinatura: Fox, Fox Kids, Fox News e National Geographic.

Antes especializado em séries, o canal Fox dá cada vez mais à sua programação a marca da diversidade. A mudança é estratégica: abrir espaço a eventos esportivos exclusivos, o que Rupert Murdoch usa como uma espécie de "xeque-mate" à concorrência.

Enquanto estuda a introdução do Fox Sports no país, o executivo aproveita o "Fox Variedades" para entrar na disputa esportiva com a Globo. Atualmente, o canal é o único da TV paga a exibir a Libertadores. E, durante a partida de futebol, lá está o selo do Fox Sports, um aviso de que ele, aos poucos, está chegando.

"O nosso objetivo é oferecer cada vez mais conteúdos diferenciados e de qualidade para o nosso assinante", diz Ricardo Miranda, presidente da Sky do Brasil.

"Proeza de Satanás"

O primeiro filme contemplado pela iniciativa da parceria Fox/Sky é "Proezas de Satanás na Vila do Leva-e-Traz", de 1967.

A direção é de Paulo Gil Soares (1935-2000), parceiro de Glauber Rocha (atuou como assistente de direção, co-roteirista, cenógrafo e figurinista de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de 1963), e a trilha sonora, dos então iniciantes Caetano Veloso e Gal Costa.

Batizada de Amigos do Cinema, a ação é dividida em três etapas. Em cada uma, serão recuperados 13 filmes: um que necessite de restauração mais complexa e 12 com processos mais simples. Ao todo, serão 39 obras, que ficarão prontas ao longo de três anos.

A exibição de "Proezas de Satanás..." e de outros 12 longas deverá acontecer entre junho e julho, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, com direito a uma forte campanha de marketing.

Em seguida, os 13 vão ao ar pela Sky, para todos os assinantes, sem cobrança de valor adicional ao da mensalidade (a operadora, no entanto, estuda uma maneira para que o telespectador possa fazer uma contribuição financeira voluntária, via controle remoto).

Posterior à estréia na TV pela Sky, a Fox (disponível em todas as operadoras) deverá exibir um pacote com os longas recuperados.
As empresas ainda não definiram todos os títulos para o restauro. Além da cinemateca, pretendem se aliar a outras entidades ligadas ao audiovisual, como o Museu da Imagem e do Som.

Tudo dependerá também da escolha das obras. No caso de "Proezas do Satanás...", nenhuma das cópias encontradas no país estava em condições de reparo. Pesquisadores acabaram descobrindo na Cinemateca de Paris um exemplar em melhor estado.


 

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