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20/05/2003 - 03h58

Globo e caminhoneiros defendem personagens de "Carga Pesada"

IVAN FINOTTI
da Folha de S.Paulo

O caminhoneiro sabe distinguir realidade de ficção e "Carga Pesada" não foi desenvolvido com o objetivo de fazer educação de trânsito. Essas são as duas premissas básicas da Globo para explicar porque há tantas infrações em seu "road show", segundo a Central Globo de Comunicação.

"Os adultos, em especial caminhoneiros, compõem a maior parte de público, que sabem da realidade das estradas e têm clareza de que 'Carga Pesada' é uma obra de ficção, para entretenimento do público, e não um documentário. Os caminhoneiros sabem do perigo real que enfrentam no seu cotidiano e não se deixam seduzir pela fantasia de uma ficção", afirma o texto da CGC.

"É uma decisão louvável e rica um programa de televisão se destinar a educação de trânsito mas Carga Pesada não foi criada nem desenvolvida com esse objetivo."

Segundo a Central Globo de Comunicação, a produção de "Carga Pesada" pesquisou a legislação para que os personagens "tivessem o comportamento adequado ao dirigir". A emissora diz não ter encontrado "qualquer definição mais objetiva no Código Nacional de Trânsito que regulamente essa atitude [falar no rádio ao dirigir]." A infração, entretanto, está prevista no artigo 252, que diz ser proibido dirigir o veículo "com apenas uma das mãos".

A Globo também afirma que o terceiro passageiro sempre está com cinto abdominal: "usou-se o plano fechado nos atores e portanto não foi possível ver o cinto." Mas há passagens que claramente revelam o contrário, como a que o filho de Bino está na boléia, no segundo episódio.

Caminhoneiros agradecem

Para o Movimento União Brasil Caminhoneiro, as infrações não apagam o brilho de "Carga Pesada". "Na nossa opinião, o programa é extremamente valioso", afirma Nelson Botelho, presidente da entidade. Segundo ele, o movimento congrega 1,8 milhão de profissionais da categoria.

"Apoiamos o programa porque ele é muito útil para nós, ao divulgar a classe e a atividade do caminhoneiro. Eu diria que esses erros são involuntários. Os diretores não têm muita noção", diz Botelho, que coloca a culpa de algumas das multas no Código de Trânsito Brasileiro.

"Há uma diferença muito grande entre um empresário fechar um negócio pelo celular, ou um garotão falando com a namorada, e um caminhoneiro se comunicando pelo rádio. É infração, sim, mas não dá para cumprir o código 100%. Deveria haver um código específico para o motorista profissional", sugere ele.

Botelho contou de outras falhas do programa, que jamais aconteceriam na vida real: "Caminhão não atravessa a ponte Rio-Niterói de dia, como foi mostrado. E não existe pedágio no local em que Pedro e Bino pagaram, na Bahia."

Outro que notou os erros foi o jornalista Antonio Carlos Macedo, que listou várias infrações em sua coluna no "Diário Gaúcho" e classificou como "lamentável" o desrespeito às leis do trânsito.

Para Roberto Scaringella, o fundador da CET que aplicou as multas em Pedro, Bino e Rosa, a luta é antiga. "Há 15 anos, quando eu presidia o Conselho Nacional de Trânsito, pedimos às emissoras que colocassem cinto de segurança nas novelas. Disseram que só topariam se nós pagássemos como se fosse merchandising."

Para impedir possíveis infrações na reestréia do programa, Scaringella coloca seu site à disposição dos produtores do programa para responder a dúvidas de trânsito (www.scaringella-transito.com.br). "É gratuito", avisa ele.
 

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