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22/05/2003 - 12h12

Para Jean Baudrillard, EUA pensam que são porta-vozes de Deus

GIOVANA MOLLONA
free-lance para a Folha Online

No seu livro mais recente, "Power Inferno" (Ed. Sulina), o filósofo francês Jean Baudrillard põe em xeque os motivos que desencadearam a Guerra do Iraque a partir dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Em visita ao Brasil, Baudrillard falou com o público da 11ª Bienal Internacional do Livro no Café Literário, no Riocentro, sobre o conflito no Oriente Médio e o terrorismo.

Lançado em 2002 nos Estados Unidos e na França contendo três textos do filósofo, "Power Inferno" chega ao Brasil com um ensaio extra, intitulado "A Máscara da Guerra".

Ao discutir a política internacional norte-americana, o filósofo disse que, após o 11 de setembro, os Estados Unidos desenvolveram uma atitude de auto-compaixão e arrogância. "Desde os ataques às Torres Gêmeas, os Estados Unidos passaram a se ver como porta-vozes de Deus. Chamaram para si a condição de vítimas o que, na visão deles, torna legítima qualquer ação que
queiram executar", afirmou.

Baudrillard acredita que a guerra, como é realizada hoje, seja interminável, já que ela mesma não apaga a humilhação sofrida pelos EUA com os ataques terroristas. "Saddam nunca infligiu sobre os americanos uma humilhação como a que foi orquestrada por Bin Laden em 2001. As torres eram a projeção de um sistema e foram destruídas justamente por isso. Talvez até merecessem o que aconteceu", disse.

Catherine Millet

Além da guerra, outro tema que sempre levanta discussão, o sexo, também entrou na pauta do Café Literário. Baudrillard falou da tendência, atualmente, de se igualar masculino e feminino, da mecanização do sexo e sua consequente falta de sedução.

Se alguém pensou que a conversa acabaria resvalando no livro "A Vida Sexual de Catherine M.", de Catherine Millet [a autora, inclusive, abriu a programação do Café Literário na Bienal no último dia 15], acertou em cheio. Ele criticou a escritora.

Baudrillard, à época do lançamento da obra na França, não teceu comentários animadores a respeito do conteúdo do livro, que relata as estripulias sexuais da autora na juventude. Pelo visto, ele manteve as mesmas palavras. "Para mim, é um mistério o fato deste livro fazer sucesso. Ele é desprovido de qualquer tipo de sedução", disse.

"Não é nada pessoal em relação à autora, mas é que não entendo nem o fato dela tê-lo escrito."

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