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22/08/2000
-
11h45
da Folha de S.Paulo
Em texto publicado na edição de domingo do "The New York Times", o músico Caetano Veloso defende o filme "Orfeu", de Cacá Diegues.
A produção, que tem trilha de Caetano, estréia na próxima sexta em Nova York.
O compositor compara as duas versões cinematográficas de "Orfeu" -a primeira, "Orfeu Negro" (59), do francês Marcel Camus, e a de Diegues- feitas a partir da peça "Orfeu da Conceição" (56), de Vinicius de Moraes.
Caetano contrapõe aspectos pioneiros da peça (um elenco negro, levando o mito de Orfeu para as favelas e usando o samba como expressão de identidade nacional) à visão de Camus. "Os brasileiros se viram retratados como "exóticos'" e não aceitaram bem o filme francês, que venceu Palma de Ouro em Cannes e o Oscar de melhor filme estrangeiro.
"Orfeu Negro", para Caetano, "não difere muito dos chapéus de Carmen Miranda". "É dessa perspectiva que se pode compreender porque foi rejeitado no Brasil e porque ressalto a importância de audiências estrangeiras se abrirem ao realismo do novo filme."
Caetano rebate ainda artigo do brasilianista Kenneth Maxwell sobre o "Orfeu" de Diegues publicado pela Folha. Nele, o historiador, que havia visto o filme de Camus nos anos 60, discordava de escolhas da adaptação feita por Diegues. Caetano credita a "ignorância sobre o cotidiano brasileiro" mostrada por Maxwell como fruto da admiração do historiador pelo filme francês.
"Críticos como o sr. Maxwell usaram a questão racial para explicar a reação negativa a "Orfeu Negro". No entanto, nos anos 50, a classe média multirracial à qual pertenço tinha mais vergonha do nosso cinema do que dos negros."
"Havia outras inconsistências", como sotaques errados e escolas de samba fora de ritmo, que justificam a crítica a Camus, diz. "Notamos que a intenção era somente impressionar os que nada sabiam sobre a cidade e seu povo."
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Caetano compara versões de "Orfeu'
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Em texto publicado na edição de domingo do "The New York Times", o músico Caetano Veloso defende o filme "Orfeu", de Cacá Diegues.
A produção, que tem trilha de Caetano, estréia na próxima sexta em Nova York.
O compositor compara as duas versões cinematográficas de "Orfeu" -a primeira, "Orfeu Negro" (59), do francês Marcel Camus, e a de Diegues- feitas a partir da peça "Orfeu da Conceição" (56), de Vinicius de Moraes.
Caetano contrapõe aspectos pioneiros da peça (um elenco negro, levando o mito de Orfeu para as favelas e usando o samba como expressão de identidade nacional) à visão de Camus. "Os brasileiros se viram retratados como "exóticos'" e não aceitaram bem o filme francês, que venceu Palma de Ouro em Cannes e o Oscar de melhor filme estrangeiro.
"Orfeu Negro", para Caetano, "não difere muito dos chapéus de Carmen Miranda". "É dessa perspectiva que se pode compreender porque foi rejeitado no Brasil e porque ressalto a importância de audiências estrangeiras se abrirem ao realismo do novo filme."
Caetano rebate ainda artigo do brasilianista Kenneth Maxwell sobre o "Orfeu" de Diegues publicado pela Folha. Nele, o historiador, que havia visto o filme de Camus nos anos 60, discordava de escolhas da adaptação feita por Diegues. Caetano credita a "ignorância sobre o cotidiano brasileiro" mostrada por Maxwell como fruto da admiração do historiador pelo filme francês.
"Críticos como o sr. Maxwell usaram a questão racial para explicar a reação negativa a "Orfeu Negro". No entanto, nos anos 50, a classe média multirracial à qual pertenço tinha mais vergonha do nosso cinema do que dos negros."
"Havia outras inconsistências", como sotaques errados e escolas de samba fora de ritmo, que justificam a crítica a Camus, diz. "Notamos que a intenção era somente impressionar os que nada sabiam sobre a cidade e seu povo."
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